segunda-feira, 22 de julho de 2013

Mudanças


A maternidade muda-nos. Esta começa logo quando idealizamos um filho. Porque é neste momento que começamos a amá-lo, a ser nosso e através dele amamo-nos mais a nós. Cuidamos mais de nós. Fazemos todos os sacrifícios para que aquele ser possa nascer e que nasça com saúde.

Dizer que quando nasce uma criança nasce uma mãe, não é lugar comum. Há uma nova mulher que nasce naquele dia. Não anula a outra, mas complementa-a. Deixamos de nos preocupar com ninharias, damos mais valor à vida nos mais ínfimos pormenores: um sorriso encerra toda a nossa felicidade (tal como um coco, vá). Aquele amor traz-nos amor, paz. Apesar de vivermos sempre em sobressalto porque queremos protegê-lo de tudo e todos. Para o resto da vida.


E depois há mudanças engraçadas que se operam em nós: nunca mais consegui beber coca-cola nem abarrotar-me de chocolate. O meu gelado preferido passou a ser o cornetto de morango (o único que conseguia comer durante a gravidez). Mas também nunca mais a minha pele foi a mesma (ainda mais seca do que o habitual) e tenho frio e/ou calor nas mais estranhas situações. E mais estranho ainda: passei a gostar de passar a ferro, para a felicidade do homem lá de casa.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Devaneios de sexta-feira


Há um fenómeno em que não alinho: as corridas. Hoje em dia há corridas para todos os gostos. Corrida da mulher, da Linha, do Jumbo e da mercearia da esquina.

Primeiro, alguém conseguir tirar-me de casa para ir correr pode ser considerado um feito nacional. Não gosto mas admiro verdadeiramente quem se levanta uma hora antes do trabalho para ir correr. Mas ter que pagar para correr não me cabe na cabeça.

Sim é giro poder passar a ponte sem carros, é engraçada a envolvência de centenas de pessoas. Mas não, nunca me passará pela cabeça pagar para eu ter que mexer o rabo e suar que nem uma porca. Admito que a Color Run ainda me fez pensar, mas foi só uma luz do momento que se extinguiu tão rápido como surgiu.


Para mim há coisas pelas quais não se pagam, simplesmente. Mas que agora virou moda lá isso virou. Pelo menos é uma moda que faz bem à saúde. Gostava de não ser tão preguiçosa, mas só o facto de pensar mexer-me, cansa-me literalmente…

Mas eu tenho um grande argumento para quem não me pára de chatear com os benefícios da corrida: quem nos mata é o oxigénio, pelo que quando estás em esforço, assimilas mais oxigénio, logo estás a morrer mais rápido. Que tal? (e é a pura das verdades). Boas corridas!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

No Verão...


Chega o verão e é ver todo o mulherio a queixar-se do mesmo: “ai que já não aguento com a base que sinto uma camada na cara que não deixa a pele transpirar, bla bla bla, pardais ao ninho”.

Devo ser das poucas pessoas que não se queixa. Ou então sou das poucas pessoas que estão a usar a base certa. Porque uma base serve mesmo para se fundir com a pele, para uniformizar a tez e camuflar imperfeições. Não é uma máscara que está ali pesadona. Se chega o verão e não aguentarem a base, é que se calhar deveriam procurar outra. Procurem até acertar na certa. Eu acredito que a base é mesmo a base da nossa maquilhagem e que faz toda a diferença no nosso look geral. Tive a sorte de encontrar rapidamente a minha base ideal (Avène para as interessadas).


E parem com o argumento  “no verão não uso base porque estou bronzeada.” Põem-me os pêlos de pé. Mas quando é que a base serviu para criar um efeito bronzeado? Por isso é que há tanto “efeito circo” por este mundo fora. Tenho pena de não andar mais nos transportes públicos: as pessoas são sempre uma fonte de inspiração, para o bem e para o mal…

terça-feira, 16 de julho de 2013

Dos gurus da educação


Às vezes pergunto-me seriamente se eu serei uma má mãe, se eu não estou consciente das responsabilidades que me assistem e das funções que assumi ao decidir ser mãe.

Às vezes sinto-me uma ave rara. Não faço parte de mil e quinhentos grupos no facebook sobre maternidade, não leio livros sobre o assunto (sobre disciplina positiva, sobre ementas, etc.), não assisto a seminários, não sou fanática da amamentação, etc.

Levo tudo muito naturalmente. O crescimento como uma aprendizagem comum. Sem stresses. Tenho uma grande conselheira que é a nosso médica pediatra. Depois sigo a minha intuição. Afinal cada criança é uma criança. Devemos aprender a lidar com ela. E não seremos nós as pessoas mais adequadas para encaminhá-la e ensinar-lhe a viver bem com ela e com os outros? Não sigo teorias. Apenas aquelas que derivam do senso-comum.

Estarei errada? Não sei. Afinal o resultado só vai ser visível daqui a alguns anos. E sei que os erros cometidos agora podem ser irremediáveis depois. Acredito que quando crescem muitos pais pensam que deveriam ter feito algo diferente. Vejo as minhas amigas tão empenhadas e olho para mim e assusto-me. Mas depois penso que os nossos pais não se seguiram por nenhuma teoria, nenhum guru e conseguiram educar-nos de forma equilibrada.


Não sou de passar muito tempo enfiadas em pesquisas e leituras chatas e aplicar teorias como quando se amestra um animal (não sou nada contra quem o faça, cuidado! Até vos admiro e muito!). Sou mais de passar o meu tempo junto dele, a descobrir o mundo com ele. Mas daqui a 18 anos voltamos a falar…

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O egoísmo do amor

Todas as manhãs as rotinas repetem-se. Chego ao escritório, sirvo-me de um café e faço uma ronda pelos principais jornais do dia.

Hoje deparei-me com a notícia de que finalmente foi limitada aos 60 anos, a idade para tratamento de fertilidade do homem. E isso fez-me pensar.

Eu sei que cada vez mais somos pais mais tarde. Ou porque queremos primeiro apostar na carreira profissional, ou porque queremos ter alguma estabilidade económica, a verdade é que temos filhos mais tarde. Não me choca ser mãe aos 30, 40…

Mas não será egoísmo ter um filho aos 50? 60? Será que não deveríamos pensar mais naquele ser que vai nascer do que na nossa necessidade ou desejo de ter filhos. Será que conseguimos acompanhar da melhor forma o crescimento de um filho? Vivemos mais tempo mas será que estamos certos de viver bem? Porque a idade traz naturalmente algumas maleitas e não sei se aos 60 anos teremos vontade e força para brincar, correr e partilhar ao ritmo deles as maravilhas da infância.


Eu continuo a achar que é egoísmo. Sei que nem todos envelhecemos mal. Que a qualquer idade podemos morrer amanhã, mas as probabilidades aumentam. E devíamos pensar mais neles. Porque ter um avô de 60 anos é bestial agora um pai/ mãe não sei se será…

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Desejos


O que me apetecia agora era fazer as malas, pegar no carro e ir passar férias na aldeia. Tento saudades da calma, daquele ar, daquele sossego. Queria passar uns dias entre aquelas paredes que me viram crescer. Sem compromissos sociais. Não ter horários, deambular pelo jardim, ir para o rio, para a piscina. Tomar o pequeno-almoço na varanda com aquele ar fresco. Estar deitada à noite de costas e ouvir aqueles sons tranquilizantes de grilos e sapos. Lanchar com a minha mãe. Conversar. Rever família e amigos. Era o que mais desejava. O meu corpo exige descanso. A minha mente deseja fugir para aquele retiro que é tão meu. Os meus gatos, a sombra da figueira, os petiscos, os cheiros chamam por mim. Como um corpo moribundo chama por um sopro de vida.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Proibido para quem estiver de dieta

Estas coisas são uma verdadeira delícia. Eu não sou apreciadora de chocolate branco, mas estas duas bolachas são os meus últimos pecadinhos... Provem, são deliciosas...


terça-feira, 9 de julho de 2013

Uma pequena delícia


Ultimamente ando numa fase de fazer bolos. Quase nunca falta lá em casa. A última receita que experimentei é divinal. E como sei que há por aí muitas gulosas como eu, aqui fica:

1 chávena e 3/4 de farinha de trigo
2 e 1/4 colheres de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de sal (pus uma pitada)
1 Chávena de açúcar
2 ovos
1/2 Chávena de óleo
3/4 de Chávena de leite
1 e 1/2 Chávena de cerejas sem caroços e picadas (parti ao meio)

Numa tigela, peneire a farinha, o fermento e o sal. Noutra tigela, misture o açúcar, os ovos, o óleo e bata bem. Acrescente o leite. Junte a mistura de farinha e bata até ficar bem misturado. Acrescente as cerjas. Despeje a massa nas forminhas (previamente untadas), enchendo cerca de 3/4. Vai ao forno a 180ºC até estar cozido.

receita e foto daqui

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Dúvidas desta internet fora

Há dois fenómenos na Facebook que me fazem pensar.

Temos o caso das contas de Facebook de mulheres que têm como fotos de perfis, fotos dos filhos. Bem, que eu saiba, depois de ser mães, continuamos a ser mulheres. Não perdemos a nossa identidade nem individualidade. Perdemos a nossa independência, sim. Mas continuamos a ser nós próprias. Mas isso também digo eu que não tenho uma única foto do pequeno no meu Facebook porque quero preservar o seu direito natural a decidir a sua exposição pessoal.

Depois temos as maravilhosas contas de Facebook de bebés com alguns meses de vida. Compreendo a lógica, compreendo que seja giro relatar na primeira pessoa as suas descobertas diárias. Mas parece-me um exagero, só isso. E o cúmulo é quando o facebook da mãe é o copy paste do facebook do filho. O cúmulo é que daqui a uns anos até aposto que estas mesmas mães que colocam TUDO do filho no Facebook, vão recusar que os miúdos tenham conta própria porque são demasiado jovens. E afinal o facebook esconde muitos perigos. Mas agora colocam-se fotos dos miúdos com a pilinha à mostra e não há problema.

Esta auto-anulação assusta-me. Esta falta de coerência afasta-me naturalmente de certas pessoas. Adoro falar do pequeno. Adoro partilhar momentos. Mas quando estou junto de cérebros com idade superior a 25 anos, gosto de poder abordar temas como o estado do país, a última colecção da Mango, etc. 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dia negro

Há dias em que me sinto a cair num poço sem fundo. Olho para cima e não vejo luz ou possibilidades de mudanças positivas.

Hoje saí de casa a desejar rumar para um destino incógnito. Fugir a tudo e todos. Sair sem destino e não mais voltar. Não voltar para aquelas paredes que me sufocam, para as pessoas que me esgotam. Sinto-me sem forças. Sinto-me esgotada física e psicologicamente. Gostaria de passar o dia frente ao mar. A olhar para o horizonte e as oportunidades perdidas. Escutar o eco do mar como vozes quase esquecidas.

Não há motivo uno para estar assim. É tudo e nada. É a saudade de um tempo perdido que não volta mais. É o pouco desejo do futuro continuar ligado a certas pessoas e a certas circunstâncias. É a vontade de ter um resguardo. É uma sede de felicidade, de sorrisos, de paz. Muita paz e tranquilidade.

Ontem depois do carro não querer pegar (sinal do destino?) tive o meu primeiro acidente em plena auto-estrada: levei com uma peça enorme de um camião a 120km/h. Carro marcado, responsabilidades por apurar. O comum. O povo que passava só sabia era apitar para aquela moça parada na berma de vestido esvoaçante. Ajudar, não obrigado. E depois é ligar a avisar que vamos demorar e a voz do outro lado só se preocupar com o tempo que vamos chegar atrasada. E depois é chegar finalmente a casa e o drama do dia não ser a conjuntivite que voltou, o acidente acabado de acontecer, a chapa marcada para sempre, mas sim a mãe dele que decidiu gastar o dinheiro em obras de remodelações à casa (que está óptima) porque tem medo da instabilidade económica, e a avisar que como vão gastar as suas economias, se depois precisares para comer ou medicamentos se algum deles se achar doente, depois é o filho a ajudar. Só lhe faltou passar o cheque na hora. E nem vou falar do estado actual das nossas finanças porque não vale a pena. E depois só oiço recriminações. Já disse que estou farta de recriminações?


Quero paz. Muita paz. Seja ela qual for. De que modo for. E ao preço que ela me custar. Mas quero paz.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Doar medula

Quanto ao evento em questão, quando convido algum amigo/ conhecido para participar, recebo muitas vezes a resposta "eu seria dador se eu conhecesse o doente. Asssim não". A sério, agradecem aos deuses por vivermos em pleno século XXI senão seria eu a atirá-los directamente aos leões.
 
Mas consigo respirar e dizer muito friamente. "Quando olhas nos olhos do teu filho, imaginas a cor dos seus olhos se estivesse a morrer. A morte por cancro é tão degradante e dolorosa, sabes. Já te imaginastes na cabeceira de uma cama de hospital a vê-lo morrer, impotente. Se fosse o teu filho, não gostavas que os desconhecidos deste mundo salvassem a vida do teu filho?"
 
Porque é só isso que significa. Ser dador de medula é dar vida. Não interessa a quem. Porque hoje não imagino a dor de um pai a lutar contra esta doença. E quando lutamos pela vida do nosso pai, mãe, irmão, amigo, filho, sobrinho, queremos que todos ajudem. Temos que hoje dar pelos outros para um dia, amanhã, os outros darem por nós. Porque há coisas que nos batem à porta quando menos se espera...
 
CENSURADO - Almas sensíveis abster-se por favor: Tenho uma amiga que responde de forma particularmente fofinha a quem diz que não dá porque doar medula dói. É algo do tipo "Poupa-me pá: sofres para caralh* para arrancar os pelos todos os meses, sofres todos os meses com a menstruação e por teres tido os putos, tens dores nos pés horríveis todos os dias com os sapatos de salto alto e se for preciso até levas no c*, e vais-me dizer que tens medo da dor de uma picada?". Foi a risota geral. E este slogan ficou marcado para a posteridade

terça-feira, 2 de julho de 2013

Karma


É escusado. Aguardo pelos saldos para comprar roupa (este ano teve mesmo que ser).

Aproveito e compro dois vestidos, uma camisa e uma saia. Mas nada em promoções. Nada de nada. Mas porque é que quando vou às promo/ saldos, só compro peças sem descontos? É que é assim em todas as estações. É karma?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A família não é só para ocasiões

A minha falta de hipocrisia é o meu grande problema. Tudo seria mais fácil se conseguisse sorrir quando não posso com alguém, poder manter aparências de normalidade quando as coisas estão más. Nunca fui assim, e com o tempo estou cada vez menos para fazer fretes.
 
A minha irmã perguntou à minha mãe quando é que eu ia batizar o pequeno. Confessou estar muito triste de eu nunca a ter convidado, porque afinal são os casamentos e os batizados que juntam a família.
 
E lá tive que explicar à minha mãe que o que faz a família são os dias de todos os dias. Aqueles telefonemas só porque pensei em ti, para saber se está tudo bem, se o pequeno está a crescer bem, se a vida está a correr no bom sentido, etc. São esses momentos que fazem uma família.
 
O batizado só foi desmarcado por motivos profissionais. E para mim só fazia sentido convidar quem foi a verdadeira família do S. durante este ano: os amigos que telefonam para saber se ele está bem, os amigos que se preocupam e que adoram brincar com ele,e a pouca família que ainda considero família.
 
Estou farta de gente que idolatra o conceito de família. A família perdoa tudo e devemos fazer tudo em nome da família, nem que seja só nos batizados e nos funerais. Mas não contem comigo para isto. Para mim família na verdadeira ascensão da palavra vai muito além de genética.