terça-feira, 19 de abril de 2016

Da reportagem da TVI sobre a PSP



Senti que a reportagem em nada ajuda na imagem dos agentes da PSP. Toda a gente aplaudiu a reportagem e eu senti pena e revolta. Porque os verdadeiros grandes problemas que os agentes vivem na pele não foram ali mencionados. Porque faz dos agentes uns coitadinhos. Porque há problemas nem mais graves mas que ninguém quer mencionar.

Falar de um Chefe que ganha 1.300 euros a passar dificuldades financeiras. Outra vejamos: podem alegar que ganham mal pelas funções que desempenham (que ganham), mas se compararmos com a média nacional não se podem queixar. Se chegam a dia 15 sem ordenados, que aprendessem a gerir o dinheiro. Porque há quem vive com bem menos. Porque a maioria dos agentes que conheço nesta situação viveram anos e anos bem acima das suas possibilidades.

Mostram uma vivenda na aldeia esplêndida mas depois têm que se assujeitar a viver em camaratas. São escolhas de vidas. Toda a gente as faz. Depois, como adultos, temos que assumir as consequências diárias. Faz-me lembrar os emigrantes em França que tinham moradias de luxo na aldeia e viviam como mendigos em França e houve outros que preferiram manter um nível médio por lá. São escolhas. Não há nenhuma certa ou errada.

É verdade que deveria ser mais fácil poderem ir para perto de casa sobretudo em caso de doença ou apoio familiar. Mas a verdade é que são 22 mil homens e a grande maioria trabalha longe do local de residência. Se todos pedissem uma transferência especial, quem é que asseguraria o serviço? E a verdade é que todos sabiam o que a profissão lhes reservava (pelo menos neste aspecto). Quando tirei um curso em Comunicação sabia que não iria trabalhar em Vila Flor. São escolhas de vida. Há que assumi-las.

Agora sim, aqueles agentes que sofreram as consequências da carreira de tiro deveriam ser apoiados, as camaratas não deveriam estar naquele estado. Mas mostraram imagens de esquadras velhas.... que já estão a ser renovadas!!! Sim choca-me certo jornalismo. Desculpem o desabafo


4 comentários:

Isa P. disse...

Tem que se informar melhor (bem melhor) sobre este assunto. Não concordo nem um bocadinho com o que disse.

Dina disse...

Isa P: é apenas a minha opinião. Vivo com um PSP e tenho um grupo grandes de amigos na PSP. E ainda os colegas do meu marido. Vamos dizer que esta é a realidade que sinto todos os dias. E é por isso que me revoltei tanto.

paula disse...

Sou casada com um agente e não me identifico nada com a reportagem.
Concordo com a autora do post inteiramente.
Escolhas de vida.
Não é sobre os ordenados miseraraveis que deviam investigar porque a ser assim temos de falar de muitos milhares de portugueses que vivem com o ordenado mínimo. E não esquecer que a grande maioria deles tem uma possibilidade compeltamente vedada aos demais trabalhares do estado que é fazerem os denominados remunerados que compõem muito o ordenado. Há que trabalhar mais e queixarem-se menos!
Era sobre as condições de trabalho que deviam investigar.
A formação (ou falta dela) dos superiores hierárquicos.
O não cumprimento sistemático da legislação laboral por parte da direcção nacional.
Isso sim.
Agora não venham com a historia de coitadinhos.
Vive na camarata miserável porque optou por construir uma moradia. Opções de vida inquestionáveis.
Menos queixas. Tantos, mas tantos portuguesas em condições bem piores.

Maria do Mundo disse...

Não vi. Mas conheço bem a realidade da PSP, por experiência própria. E os PSP são como muitos portugueses...vivem acima das suas possibilidades, mas só alguns.
~Ganham mal. Mal e porcamente para os riscos que correm. Para se chegar a Chefe é preciso trabalhar muitos anos. O que está mal não é um Chefe ganhar 1300 euros, o que está mal é a maior parte da população ganhar o salário mínimo.