Uma traição é um dos maiores obstáculos na saúde de uma relação. Já fui traída uma vez na adolescência. E francamente eu acho que o problema não reside no «perdão», mas sim no «esquecimento».
Trair não é só ter sexo com outra pessoa. Trair é deixar no outro um rasto de dúvida, de sequelas invisíveis que se reanimam ao mínimo sopro de lembrança. É mais do que uma traição carnal. É trair a confiança do outro, a estabilidade do casal, a paz familiar. É semear a dúvida. É criar um terreno seco em que, quando a brisa mais leve se levanta, traz com ela poeiras do passado.
O perdão não é fácil, mas é possível. Porque depois da mágoa e raiva inicial abrandar, percebemos que na maioria dos casos, uma traição nunca é culpa de um só. Algo já estava mal antes. Por isso com o tempo, perdoa-se. Mas será que alguém é capaz de esquecer? Eu acho que não. Depois de uma traição, o traído vive com a dúvida constante, sempre que o outro se atrasa, sempre que o outro recebe uma sms. Cai na tentação de controlar o telemóvel do outro, do seguir. Inconscientemente está sempre de sobre-aviso, sempre a tentar decifrar-lhe a mente e as expressões faciais. A sua vida torna-se um tormento porque perdeu a paz. Porque se alguém trai uma vez, é capaz de o faz outra vez.
E eu prezo aima de tudo a paz que encontro no meu lar e em minha casa. Se por alguma razão, um dia perdê-la, saberei que vale mais ir embora. Sei que em caso de traição nunca iria esquecer, por isso, preferiria seguir o meu caminho. Admiro as mulheres que continuam a viver com um homem que as traiu uma, duas, três vezes. Será que se respeitam a si mesmas? será que conseguem alienar-se de tal forma da situação? Ou será que simplesmente se trata de conformismo e elas são movidas por outros interesses que não o amor?
19 comentários:
Às vezes chego mesmo a pensar que existem outros interesses, quando há mulheres que sabem e nada fazem...
Concordo com tudo o que está neste texto, menos com a parte em que dizes que "uma traição nunca é culpa de um só". Por vezes é, sim. Nem sempre alguma coisa tem de estar mal para que alguém traia. Há quem o faça só porque sim, por impulso, por oportunidade, por falta de lealdade, princípios e por aí fora.
Eu acho que quando há amor, vontade de dar tudo pela relação, de a construir da melhor forma não há forma de esquecer. Nem de perdoar até. Porque, e é a minha opinião, quando (por exemplo) um homem trai, não trai a mulher. Trai a relação. Que ambos construiram e isso não é perdoável. É verdade que se pode tentar viver com isso, até porque quando o descontrolo inicial passa, há inúmeras desculpas que podem parecer atenuar o facto até insignificante do que aconteceu. E é verdade que uma noite, comparada com anos de companhia e vivência pode parecer insignificante, mas a mim, parece-me que todos esses anos é que foram insignificantes para aquela noite acontecer. Não consigo perdoar. Não sei nem quero aprender porque simplesmente não acredito no perdão nessas situações.
E a simples ideia de me imaginar doente de ciume, desconfiada e a transformar-me num monstro capaz de fazer tudo o que acho condenável: controlar, coscuvilhar, andar sempre a trás, faz-me parecer uma pior pessoa. E para ser pior pessoa numa relação, mais vale ser melhor pessoa sozinha, que miguem merece tornar-se nisso. Como disse a esposa do Roosevelt: Ninguem nos pode fazer sentir inferior sem o nosso consentimento por isso para mim, nestas situações, não consinto que o façam, ponto.
OLá,
Eu concordo inteiramente contigo... Eu fui traida ao fim de 7 anos de relação e decidi acabar. Por muita vontade que tivesse de o perdoar e de não querer deixar assim 7 anos, tenho consciencia que não iria ser capaz de continuar com aquilo. Iria tornar-me numa pessoa controladora e obcecada e mais cedo ou mais tarde a relação iria terminar na mesma.
Hoje, passados 4 anos, tenho a certeza que tomei a decisão certa.
Bjs
Não sei se conseguiria perdoar uma traição... Talvez sim, mas nunca conseguiria esquecer. E acho que não era capaz de continuar junto de alguém que me trai.
Quando se acaba a confiança, vai-se uma das principais bases de qualquer relação.
E concordo com a Ana, quando diz que a culpa pode ser de um só.
Bjinhos***
Concordo com o teu texto Dina. Não é fácil perdoar uma traição, e muito menos fácil é esquecer. Acho que por muito tempo que passe essa recordação fica sempre presente, e por vezes à mínima coisa pode vir ao de cima e ser pretexto para desconfianças:S
Eu acho mesmo que o difícil não é perdoar, é esquecer. E é muito muito complicado esquecer, qualquer coisa faz lembrar tudo de novo e voltar à estaca zero. O melhor mesmo, é como dizes, ir embora! Não vale a pena viver numa relação minada pela dúvida constante.
Sabes, eu acho que perdoar se perdoa quase tudo, mas esquecer é que não...
E quando essas situações acontecem, apesar de perdoarmos a pessoa, à mínima poeira, ou porque está cansado (para nós distante), ou porque adormece mal chega à cama (provavelmente cansado), ou porque o telefone toca e ele não atende (porque simplesmente não lhe apetece!), todas estas coisas que pareciam normais antes da traição, deixam de o ser...
E aí, começa a verdadeira tortura... O facto de não confiarmos plenamente naquela pessoa...
E assim, mais vale seguirmos o nosso caminho, porque os ciúmes destroem não só as relações, como nos destroem a nós por dentro!
xoxo
Lux
Excelente post! E concordo com tudo o que a Ana disse ali em cima. Subscrevo. :)
Kiss
Eu concordo com o que foi dito, contudo... a parte em que se referem às mulheres que suportam uma ou mais traições por interesse ou não, já não estou completamente de acordo, porque a meu ver o homem tem fraquezas tal como a mulher... E numa relação de 20 e tal anos há que saber perdoar e voltar a conquistar uma confiança perdida por uma traição. Não só pelo amor existente nessa relação mas pelas consequências que pode originar numa familia, e às vezes os filhos são um elo muito forte numa relação, porque são a razão de viver e lutar por uma relação... Quanto a 'namoricos' (sem ofença) de um ou 2 anos uma traição já é mais dificil de perdoar e esquecer a meu ver, talvez por isso é que concordo com o que foi acima dito. Felizmente nunca sofri uma traição mas ninguém está livre de nunca a ter eu bem sei, por isso no dia em que isso me acontecer (e espero bem que nao me aconteça) vou ponderar bem e se é merecido, se de facto o amor é imenso para saber perdoar o mal do outro. Tenho dito!
http://realdreams-liliana.blogspot.com/
Estou a adorar os vossos comentários!
Ana: Sim, é verdade, há pessoas assim que traem por impulso... por isso é que coloquei a expressão «na maioria dos casos» ;)
Mademoiselle: Não poderia ter dito melhor ;)
Lili: Sei que pode ser difícil acabar um casamento depois de anos de relação, com filhos e compromissos económicos pelo meio. Mas não acredito que essas razões façam com que seja mais fácil esquecer (antes pelo contrário: mais vida em comum, mais ligação, mais confiança ganha e logo traída), torna sim o perdão mais fácil...
É preciso gostar muito da sua cara-metade para superar uma traição, mas tenho as minhas dúvidas se essas pessoas gostaram de si mesmas!
Beijinhos,
Bomboca do Amor.
Olá Dina,
Este é um tema que já abordaste no teu blog e eu não sei se na altura comentei. Não interessa: desta vez vou comentar.
Na minha opinião, que vale o que vale e no contexto que referes, acho que o “nunca” é difícil de ser usado. Cada caso é um caso. Há muitos motivos, muitas pessoas, muitos muitos…para se por tudo no mesmo saco. Além de que as mulheres também traem e não é pouco, pelo que não vamos estereotipar.
Eu já fui traída e perdoei. A dúvida não anda constantemente colada a nós, mas de vez em quando aparece (penso que também acontece numa relação ”normal”). Eu nunca fui de por a mão no fogo por ninguém, num ou noutra situação.
Acho que depois de pesar os prós e os contras, a pessoa decide em concordância. Ou é ou não capaz de perdoar, ou é ou não capaz de seguir em frente com o/a companheiro/a. E claro que nenhuma decisão necessita de ser irrevogável não é? A pessoa pode achar que é capaz e decide tentar e depois não é capaz e pode acabar mais tarde a relação. Assim fica a saber se é ou não. Cada um tem o seu tempo para digerir, tem os seus objectivos, as suas metas e na minha modesta opinião, não tem necessariamente a ver com amor próprio ;)
Beijinhos grandes!!
eu não era capaz de perdoar nem esquecer a traição. Prefiro se esse dia chegar, seguir o meu caminho sozinha, do que viver sempre a desconfiar dele, isso seria tortura para os dois.
A traição não é bem vinda! Não faz parte de uma relação saudável. As vezes a traição é culpa dos dois e outras vezes é culpa de um só.
Também tem a questão cultural, pois em muitos lugares é bonito colocar a traição dos outros em destaque. E para piorar a situação o traidor é tido como esperto! Esperto?
Desrespeita a pessoa com quem ama, desrespeita a si mesmo, desrespeita sua família. E este desrespeito é tido como espertesa. Não me parece muito inteligente esta linha de raciocinio. Pois é da família que podemos ter as melhores felicidades ou as piores tristezas. Sempre é nós que decidimos! Para tanto, todo o sucesso alcaçado na vida não compensa o fracasso de um lar.
A traição não é bem vinda! Não faz parte de uma relação saudável. As vezes a traição é culpa dos dois e outras vezes é culpa de um só.
Também tem a questão cultural, pois em muitos lugares é bonito colocar a traição dos outros em destaque. E para piorar a situação o traidor é tido como esperto! Esperto?
Desrespeita a pessoa com quem ama, desrespeita a si mesmo, desrespeita sua família. E este desrespeito é tido como espertesa. Não me parece muito inteligente esta linha de raciocinio. Pois é da família que podemos ter as melhores felicidades ou as piores tristezas. Sempre é nós que decidimos! Para tanto, todo o sucesso alcaçado na vida não compensa o fracasso de um lar.
Verita: Compreendo os teus argumentos. E, como em outras coisas da vida, tudo varia de pessoa para pessoa, de relação para relação...
Concordo!
gostei desse post!
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