segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Da vida


A Kitty Fane escreve e não posso deixar de sentir exactamente o mesmo:

Por vezes sinto que a nossa vida caminha de uma forma mais rápida e mais intensa do que a das restantes pessoas. Falo por comparação com as outras vidas que conheço, obviamente. Pode ser impressão minha, mas é verdade que acontece tudo a uma velocidade estonteante. Não dá sequer para baixarmos a cabeça e descansarmos um pouco. A nossa vida está repleta de acontecimentos muito bons, é verdade, mas também de (imensos) acontecimentos muito dolorosos. Não há semanas normais,o que é o mais inacreditável. Por vezes, já dou por mim com medo de me sentir feliz, porque sei que de seguida vai vir alguma coisa que me vai atirar para a fossa. Porque é isso que acontece sempre. É verdade que possivelmente será por passarmos por tudo isso que nos une um amor incondicional e que valorizamos tanto as coisas simples da vida ou o facto de estarmos os três vivos e juntos. É verdade que, de certa forma, já nos habituámos a isso. É verdade que a isso se chama viver. Viver intensamente. Mas, caramba, há alturas em que cansa não ter descanso.

Medo de ser feliz.  Quem nunca sentiu isto? Só quem ainda não viveu muitas peripécias na vida. Uma pessoa rir-se e pensar «que má notícia hei-de receber logo a tarde?». Pensar que a vida está calma de mais para não vir por perto uma tempestade.

Há quem pense que isto é pessimismo. Eu acho que é simplesmente uma maneira de viver perante os factos da vida. Não retira a felicidade do momento. Mas vivemos-a com menos ebriedade, mais racioalmente. Menos loucura...

4 comentários:

salto para a lua disse...

já passei por uma fase da minha vida assim...é muito complicado. havia dias em que pensava: e agora, o que se segue? um mal nunca vem só...mas felizmente que já passou e também passará para ti. por isso é que devemos dar muito valor ao presente, vivê-lo intensamente, porque o futuro é uma incógnita. melhores dias virão. força!

Turista disse...

Querida Dina, que bom teres voltado! Sabes que às vezes também tenho medo desta felicidade que me enche o peito? E digo ao maridão e ele responde-me logo: deixa-te dessas coisas e vive o momento...

Soneca disse...

Também penso assim!
Parece que não podemos relaxar.
Saboreio o que é bom com demasiada sobriedade mas também dou muito valor às pequeninas coisas boas. Faço uma espécie de cofre onde guardo as recordações desses momentos para me ajudar a superar os acontecimentos menos bons!

Drinha disse...

Sinto isso...parece que há sempre qualquer coisa que muda tudo. Ultimamente ando cansada de me sentir assim, os momentos de felicidade são cada vez menos intensos...Beijinho