quarta-feira, 28 de junho de 2017

Do preconceito


Antes de ir à Disneyland Paris, disse ao Simão que teria direito a um presente. Apenas um pelo que teria de escolher bem. Cá em casa nunca limitámos as brincadeiras dele: de tal forma que lhe compramos bolas, carros, legos, espadas e sacos de boxe, também já lhe comprámos panelas e uma cozinha porque ele queria muito. Nunca vi mal nenhum nisso e nunca condicionei as suas brincadeiras devido a estereótipos de géneros.

Na Disney, o pequeno pediu logo numa Elsa (Frozen). Primeiro estranhei porque nunca mostrou uma paixão assim tão grande pela Elsa, e afinal havia tanta coisa linda das suas personagens preferidas: Cars, Mickey, e afins. Sem que lhe disséssemos nada, o pequeno começou a sentir-se constrangido e disse que afinal ia escolher uma nave espacial. Conversei com ele e expliquei-lhe que não havia mal nenhum se ele preferia a Elsa e foi mesmo aquilo que comprou: um peluche de uma princesa.

Custou-me perceber que já sente pressões sociais. E afinal quando chegamos a Lisboa, toda a gente se mostrou surpreendida e começou a perguntar-lhe porque é que não tinha escolhido algo mais masculino. Mas porque é que temos de criticar uma criança de cinco anos que quer um peluche de uma princesa? Qual é o mal disso? Faz dele menos "rapaz"? Para mim, só o faz mais feliz. Quero que assume o que é e os seus gostos sem medos do que os outros possam pensar. Queixamos-nos das discriminações mas somos nós que as fomentamos e que criamos estes preconceitos sociais sem fundamentos nenhuns. 

6 comentários:

cozinha100segredos disse...

Estou plenamente acordo contigo! Nunca privei os meus filhos de brincar com bonecas, tal como nunca privei a minha filha de brincar com carrinhos. Quando ela nasceu, nós já tínhamos dois rapazes. Obviamente carros havia com fartura e bonecas não. Quando ela começou a querer brincar interessava-se muito pelos brinquedos dos manos. E eu deixava! Às vezes diziam-me para eu comprar bonecas e não a deixar brincar com carrinhos. Eu não via mal nenhum. E nunca a impedi. Ela hoje tem 4 anos e é do mais feminino que pode haver! Não creio que o facto de os meninos brincarem com bonecas e as meninas com bolas ou carrinhos interfiram na personalidades (e também não me parece que definam as preferências sexuais) deles. Aliás, acho que só lhes faz bem conhecer diferentes realidades para além das que supostamente estão concebidos. Acho que faz bem a um menino brincar com bonecas, certamente um dia quando tiver filhos há-de sentir-se mais à vontade! Acho que faz bem a uma menina brincar com carros pois um dia vai ter carta e terá de conduzir um! Além do mais, acho importantíssimo hoje em dia integrar os meninos nas tarefas domésticas. Se um dia forem viver sozinhos saberão ser autónomos e independentes! E qual é o mal de ensinar uma menina a fazer bricolage, por exemplo?! Ou mudar o pneu? Um dia ela poderá ter um furo num lugar deserto, não ter quem a ajude, e assim se ela souber fazer será tudo mais fácil!
Acho que fizeste muito bem! A maldade e o preconceito só estão na mente e no olhar de quem os vê. Beijinhos

J* disse...

Bem verdade. Ouvimos tantas vezes falar de discriminação mas depois em casa, com filhos, sobrinhos e primos, em situações como esta somos nós os causadores dessa discriminação!
Se ele ficou feliz com a Elsa ainda bem, isso é o mais importante ;)

Messy Jessy disse...

Realmente não vejo mal nenhum nisso, é um brinquedo e as crianças devem brincar com aquilo que lhes apetecer mesmo que não seja para a sociedade "masculino o suficiente" ou "feminino o suficiente". Fico feliz também, que tu tenhas uma mente aberta o suficiente para deixar o Simão ser quem ele quiser.

Nessi disse...

Concordo pleanamente! A minha filha adora LEGOS e carrinhos, comboios e afins. Tb gosta de princesas, mas tem de tudo! Tem brinquedos de "menina" e de "menino" que na realidade nao sao nada mais nada menos que brinquedos! Eles tem é que ser felizes e o resto é conversa! beijinhos

Jo disse...

Concordo contigo!!

Liliana Pereira disse...

Concordo tanto. E fizeste tão bem deixa-lo escolher livremente!

Para mim há brinquedos. Simplesmente brinquedos e não os separo por géneros!