quarta-feira, 19 de abril de 2017

Sim, somos umas cabras



Esta campanha contra o bullying contra mulheres suscitou grandes polémicas aqui no escritório, onde na equipa directa somos todas mulheres. 

Temos de assumir: nós mulheres somo umas cabras umas para as outras. Estou a generalizar, é certo, mas olhemos à nossa volta e vamos perceber que somos nós mulheres que apontamos o dedo ao comportamento das outras. Não são os homens que criticam atitudes, opções de vestuários, etc. Somos nós que criticamos e que prejudicamos a emancipação das outras mulheres.

Porquê tantas críticas a grávidas que continuam a fazer exercício físico? Para mim, gravidez foi doença, mas se outras se sentem bem a fazer exercício, mesmo com uma barriga de 7 meses, porque hei-de criticar? Porquê insinuar que não deveriam ser mães, porque só pensam no culto do corpo, que ser mulher é ter marcas de estrias, peles descaídas? Porquê não aceitarmos que as outras podem ser felizes de outras formas? Que cada mulher é diferente e encontra o seu bem-estar de maneiras diferentes? Tal como não critico se outras mulheres acham que a gravidez é mesmo para a engorda e não se preocupam minimamente com os 30 quilos a mais.

Eu, por exemplo, nunca optaria por uma cesariana por opção, por vários motivos. Mas porque é que não poderá haver outras mulheres que agendem a sua cesariana, só porque não querem passar por um parto ou porque não querem "certas" marcas no corpo? São piores mães? Não!!

Amamentar é fantástico, cria uma relação especial com entre mãe e filho, é o melhor alimento, etc., mas porra, se uma mãe decidir que por uma questão meramente estética não o quer fazer, quem sou eu para criticar? Quem sou eu para decidir o estado das mamas dela?

Quem sou eu para apontar o dedo por alguém usar uma saia curta, um batom vermelho, optar por fazer férias sozinhas, ter uma relação aberta, decidir ser magra como a Carolina Patrocínio, assumir as suas formas sem complexos, etc.?

Temos de parar de julgar e atacar as outras mulheres. De fazer comentários que magoam, que rebaixem, que ferem a auto-estima, que aumentam a insegurança e a infelicidade...

Cada mulher é um pequeno grão de areia, mas juntas, somos a mais linda das praias. Somos fortes e seremos capaz de nos impor num mundo que continua a ser um mundo de homens. Juntas seremos mais corajosas para ser felizes, para nos assumir tal como somos. E se as mulheres forem felizes, o mundo também será mais feliz e pacífico. Somos nós mulheres os principais entraves à emancipação das outras, por isso, vamos parar um pouco e repensar o nosso modo de agir? 

11 comentários:

Agridoce disse...

Eu acho que o problema nem é tanto o sermos cabras umas com as outras. Que somos. O problema é sermos todos demasiado cruéis com o mundo em geral. A facilidade com que criticamos e julgamos o outro, sem parar para nos pormos no lugar dele, é incrível. Somos peritos em atirar pedras...

Todas as mulheres que criticam as outras pelas opções, não se podem esquecer que, provavelmente, as suas opções também são criticadas.

Todos temos telhados de vidro!... Devíamos julgar menos e, se não podermos elogiar mais, pelo menos, que fiquemos mais calados...

clara disse...

Concordo inteiramente. A mulher consegue olhar "de cima a baixa" sempre com o objetivo de criticar ou cobiçar.

м disse...

Completamente de acordo. Somos nós enquanto mulheres as nossas principais inimigas, muitas vezes não umas das outras mas mesmo de nós próprias! Não posso fazer isto porque não fica bem, não vou dizer aquilo porque não é de bom tom uma mulher usar aquelas palavras, ... Isto sempre com autosabotagem. Não posso, não devo, não fica bem... Já chega! E depois fazemos isto às outras: não devia usar aquela roupa, não devia comportar-se daquela maneira, não fica bem que faça isto e aquilo. Um sem fim de criticas e julgamentos que nos impedem de sermos verdadeiramente felizes enquanto mulheres, enquanto amigas umas das outras. Uma pena que parta de nós mesmas a primeira crítica, o primeiro julgamento, o primeiro impedimento.

A mamã vai casar disse...

Adorei estes texto.
Temos mesmo que parar de sermos mázinhas umas com as outras.
Beijinho

Isa disse...

Tens toda a razão...

AvoGi disse...

O problema das. Mu!heres é serem as primeiras a atacar.mUlheres. basta ver vídeos do irão. Basta olhar o passado nesta época da páscoa em que uma.mUlher foi apedrejada por outras. Muheres
Kis :=}

Leni disse...

tens toda a razão...

Girl in the Clouds disse...

Isso é verdade, as mulheres são cabras umas para outras, felizmente que há bons exemplos.

O Diário de Pi disse...

Concordo muito com o que escreves-te!! Eu própria quando estive grávida fiz desporto... continuei na minha ginástica semanal... claro que sem grandes saltos ou corridas... mas fazia sentir-me muito bem!! Ajudava a aliviar o pânico de ficar uma super bola ;) Somos muito mazinhas umas com as outras... deveríamos unirmos mais! Sem dúvida que todas sairíamos a ganhar ;) beijinhos

Dina disse...

Admito que quando escrevi este post pensei duas vezes, porque pensei que me iam matar. Mas é bom perceber que há mais pessoas que pensam assim.

Agridoce: É mesmo verdade. Somos cruéis com o mundo em geral. E agora com a facilidade de criticar via redes sociais, é a loucura completa.

AvoGi: nem quis ir pela questão de outras culturas, porque então teríamos muito que falar em relação a práticas contra mulheres que são praticadas e sustentadas ao longo dos séculos por mulheres :(

Cynthia disse...

Ui e se as mulheres conseguem ser más... é com cada alfinetada. Acho que, na sua maioria, as mulheres não conseguem ter muitas amigas verdadeiras. Eu própria não vou ser hipócrita e dizer que não tenho alguns pensamentos menos simpáticos. No entanto, acho que isso é geral em toda a gente. Cabe a cada um pensar e filtrar o que deve ou não dizer e se é correcto pensar assim. E a maioria das pessoas não perde tempo a pensar. Fala e pronto. Como se tivessem algum direito sobre as decisões dos outros. Há pouco tempo, numa associação de bairro onde vou de vez em quando, um casal separou-se. Semanas depois, estava um grupo (de mulheres) reunidas na cozinha a indignarem-se profundamente pelo facto de que a mulher em questão não lhes tinha dado qualquer justificação sobre o que se tinha passado. Mas que raio? Porque é que ela tem que levar o casamento dela, a separação e os motivos para a associação? O que é que os outros têm a ver com isso? E que importa os motivos pelos quais se separaram? O casamento era dos dois ou é do bairro inteiro?