terça-feira, 13 de setembro de 2011

Na vida não há marcha-atrás


As férias de família em Agosto foram difíceis em termos familiares. Há pessoas que conseguem desiludirem-nos cada vez mais. Penso que a minha relação com a minha irmã (fomos sempre hiper-chegadas) não voltará mesmo a ser o que era. Foram mágoas atrás de mágoas. Gestos que nos fazem sangrar. Que nos fazem sentir vazios e sozinhos, mesmo quando estamos rodeados de gente. Uma pequena amostra do que foi esta semana: convidar toda a família presente para jantar, menos eu e o meu marido. E depois ainda se queixar que não falei com ela quando cheguei a casa. Fez tudo para que eu não ajudasse a escolher a campa do meu pai (o que nunca lhe irei perdoar, mas ela disse logo à minha mãe que o cimento era o meu marido que o faria). Nunca nos convidou a sair com eles a tarde (quando iam para a piscina, tomar café, etc.), entre outros.

Chorei banha e ranho. Sim, porque posso fazer-me de forte mas custa sempre. Aprendi que se custa fazer o luto por quem partiu, é mais difícil fazê-lo por quem está bem vivo. Ali ao nosso lado. E o pior é que a minha mãe se deixa manipular e se virou contra mim, porque eu não estou a ser simpática, que não falo, que estou a estragar o que resta da nossa família. Eu que estou sempre ali para ela. Que me devia conhecer melhor. Fiz-lhe ver a minha parte e diz que percebe mas que alguém tem que calar. Pois. Isto tudo faz-me sentir cada vez mais falta do meu pai, aquele que foi sempre o meu maior companheiro. O Luís sempre me disse que os pais são mais ingratos para os filhos que estão próximos: como os outros só estão uma vez por ano, são mais benévolos para com estes... É a parábola do filho pródigo.

Morreu-me uma parte de mim. E eu não gosto de fingir o que não sou ou o que não sinto. Hoje deveria ligar para ela, mas não me apetece fazê-lo. Sei que cada (não) gesto nos afasta cada vez mais. Hoje posso escolher entre abrandar a pressão da corda ou deixá-la partir. O mais certo é que a deixe soltar-se...

31 comentários:

teardrop disse...

Dina,
Há factos que relatas que me deixariam tremendamente magoada se a minha irmã me fizesse o mesmo. Podes sempre tentar uma re-aproximação, mesmo sabendo que pode não valer a pena... Depois disso terás a consicência tranquila de que tudo tentaste. Se achas que é melhor deixar a corda ir, então faz isso. A vida há-de saber compensar-te por toda essa dor!
Beijinhos grandes

Palco do tempo disse...

não imagino a minha vida sem o meu irmão... somos inseparáveis, somos o pilar um do outro... por isso nem consigo imaginar uma situação como essa!Pelo que li a tua irmâ não agiu nada bem contigo, nada mesmo. Experimenta falar com ela, explicares o que ela te faz sentir.. pode ser que resulte. beijinhos

Sairaf disse...

É preciso inspirar fundo e ter calma, apesar de saber que é complicado, um dia a tua irmã sentirá o pior dos sentimentos, solidão, é assim que essas pessoas acabam.
abraço doce
Sairaf

Anónimo disse...

diz-lhe tudo e não finjas nada

Unknown disse...

porque é que não tentas ter uma conversa séria om ela? Se não falam o afastamento cresce e depois não há volta a dar. É tua irmã, estás triste com esta situação, e acho que uma boa conversa poderia ajudar mto. Bj e força,ok?

Gelatina de morango disse...

Situação muito triste realmente =(. Aqui vai um beijinho com força para ti, e que decidas pelo melhor para ti*

Ana disse...

Oh querida :( nem sei que te diga. Todos nós temos situações familiares que nos magoam. O grave é quando as pessoas que mais nos deviam apoiar, se voltam contra nós e contra aquilo que somos... sem razão para tal.

Tem coragem, sim? Espero que tudo fique bem.

Beijinho

Anónimo disse...

E se partilhasses este texto com ela?

Faz o que o teu coração mandar... um dia ela pode arrepender-se daquilo que fez ou não fez, já tu poderás estar de consciência tranquila: tentaste que as coisas funcionassem entre vocês...

Um beijinho grande*

Purple disse...

Não tenho irmãs e não sei o que é sofrer assim por causa de uma. Mas sei o que é ter alguém na família que nos enche de pontapés. Até um dia olhar para o lado e nós já lá não estamos mais...e nem estaremos novamente.
Por isso deixo-te o meu maior abraço de conforto, um dia vais decidir que não choras mais por ela e a corda vai-se soltar.

Beijinhu grande

Fanny disse...

É normal que te magoe, afinal magoa sempre quando são pessoas que nos são muito importantes. O pior é que as vezes são as mais chegadas, neste caso os familiares, que conseguem ser piores que as pessoas de fora. O que não entendo porque se somos uma família deveríamos entre-ajudarmos e nao o contrario e quando é o contrário que acontecesse e para isso é preciso arranjar ainda mais forças...
Eu compreendo que possa ser chato ter que seres tu a ir atras, porque indirectamente é como se estivesses a confirmar o que a tua mae pensa mas pensa que se calhar é o melhor a fazer. Imagina as consequencias que poderias sofrer se nao fizeres nada, podem ser bem piores, e se calhar deverias dizer tudo o que tens para dizer à tua irmã e ficares por ai. Pelo menos tentar saber o porque dela agir dessa forma...até pode ser que ajude e se mesmo assim nao resultar entao é porque assim ela o decidiu mas assim nao será por culpa tua...
Eu também nao sei bem o que se passou mas nunca se deve desistir, mesmo quando parece que as pessoas nao merecem, mas neste caso trata-se da tua familia, se nao a tiveres perto de ti, quem estara?

Dina disse...

Obrigada queridas!!

A questão é que já tentei duas re-aproximações:

Depois da doença/ morte do meu pai e de eu ter estado muito doente e ela não me ter ligado uma única vez, aconteceu aquilo com o meu cunhado. Eu virei-me para o meu marido e disse-lhe: «eu sei que não merece, mas eu não consigo agir como ela». Por isso liguei-lhe todos os dias a dar apoio, disponibilizei-me a pôr baixa para cuidar dos meus sobrinhos, etc.

Depois no dia em que cheguei (normalmente na nossa família, depois de muito tempo sem nos vermos, aguardamos sempre a chegada uns dos outros) ela passou todo o dia fora. No dia seguinte depois de ter feito beiçinho todo o almoço, tive uma conversa franca com ela (admito que não tanto como devia ser, para não magoar a minha mãe) e depois foi sempre pior. Por isso desisto. Com muita pena minha. Mas é assim a vida...

Isa disse...

É impossivel deixar opinião sobre um assunto tão delicado. Só digo que se a ligação com a minha irmã quebrasse eu morreria. Deve ser horrivel, por isso: Força!

Fios de Vida disse...

Que situação tão triste... Vá, força. Beijinho grande

Agridoce disse...

Querida Dina,

Ninguém te pode dizer o que é melhor para ti. Só tu o sabes. Muita força nessa decisão! Beijinho grande

Faz de Conta disse...

Olá Dina!

Compreendo a tua situação, mas ainda assim acho que não devias largar a corda... Como tu dizes, na vida não há marcha atrás e depois podes vir a arrepender-te. Sei que custa, mas se fosse comigo, engolia a mágoa e a raiva e o orgulho e tudo o que fosse preciso e tentava mais uma vez. MAsi vale seres tu a ter coisa para lhe apontar do que a tua irmã a ti. Se agires sempre bem e de acordo com a tua consciência, ela não terá nada a dizer e pode ser que um dia perceba que ela é que está errada...

Beijinhos e boa sorte

Isa disse...

Dina, fico com muita pena que assim seja. Família é sempre família e custa sempre mais a cortar os laços, principalmente quando há crianças envolvidas de quem se gosta. Mas para a súde mental de todos, às vezes mais vale largar a corda e assumir que as pessoas não se entendem e limitar o contacto ao básico. Mas nem todos são capazes... Eu não sei se conseguiria sem andar sempre a remoer no assunto. Tem calma, e pensa no que é melhor para ti. Pois se tu não pensares em ti, quem pensa?

Beijinhos e força!

Alminhas disse...

Oi Dina! Sei como os assuntos de família são delicados e por vezes muito complicados. Contudo, na minha opinião pessoal e profissional, acho que deves confrontar a tua irmã, não numa conversa com "paninhos quentes", mas sim, uma conversa franca e dura. Eu concordo com o teu marido, quando ele diz que os pais são sempre mais "ingratos" ou exigentes com os filhos mais próximos... Se é justo? Claro que não! Mas é assim.
Se depois de uma conversa sincera ela não se "tocar" acho que o melhor é afastares-te, e se não conseguires lá terás que viver "num faz de conta". É muito triste esta situação entre irmãos. Mas olha pensa assim, ela até pode ter escolhido a campa do teu pai, mas aquilo é apenas um espaço que contém um corpo. A memória e as boas recordações do teu pai és tu que as tens e isso não está naquela campa, mas sim no teu coração. Disso não se pode ela apropriar.
Um beijinho grande e muita força. Não deixes que os outros te tirem a alegria e a força de viver...

Mia disse...

Dina,

Revi-me muito no que disseste porque a minha avó faz o que tu dizes com a minha mãe. Parece que quanto pior os filhos as tratam, mais elas os tratam nas palminhas e se viram contra os outros que as tratam bem. Não há dúvida que falamos da parábola do filho pródigo. E sabes o que é estupidamente mais giro? Que a minha mãe, que tem sofrido horrores com tudo isto, me esteja agora a fazer o mesmo com o meu irmão..

Enfim, não há mesmo marcha-atrás e resta fazer por pensar que talvez seja uma qualquer síndrome de desprezo que as transforma sem que se apercebam, para que eles não fujam ainda mais.

Um beijinho

Mia

estrela disse...

é bem mais dificil do que quando somos crianças não é!
mas o crescer implica tanta coisa, inveja, hipocrisia, falsidades, fingimentos, enfim coisas que em crianças não existe!!
faz o que vai no teu coração...
bjs e não penses que és a única numa familia há sempre dissabores!
não estás sozinha...
bjs grandes

Elisabete disse...

Infelizmente há momentos e/ou pessoas assim em quase todas as famílias! Na minha opinião o pior erro de todos é quando se tomam partidos por alguém, nesse caso é o que a tua mãe está a fazer.
Eu tenho a minha cunhada que tanto me liga frequentemente como se afasta completamente durante meses e tem atitudes completamente absurdas, acabando por arrastar o meu irmão atrás.
Por muito que esses momentos me custem, e por muito que me critiquem, acabo por a deixar voltar e esquecer um pouco as coisas que aconteceram entretanto, por respeito ao meu irmão.
Mas sim, há momentos em que apetece realmente desistir.
Não deixes é de ser tu própria, isso é o principal e se te apetecer ligar-lhe, mesmo que isso signifique por o teu orgulho de lado, não hesites. Fá-lo por ti!

Beijinho,
Elisabete

Dina disse...

Obrigada por todas estas palavras amigas...

Alminhas: eu sei que ele não está ali. Mas é algo que gostaria de ter feito, é como um último «presente». Tenho muita pena mas já não se pode voltar atrás...

Mia: lamento imenso o que te está também a acontecer. As pessoas deviam aprender com os erros dos outros...

Fanny: acho que mais do que ela me ter magoado, magoou-me a atitude da minha mãe. Sabes, com o tempo deixei de dar importância às ligações de sangue, porque família vai-se construíndo todos os dias, nos sítios mais improváveis, com as pessoas mais incertas...

Eu não vou viver amargurada com isto. Sei que vai ser uma mágoa que vai ficar aqui. Sei que a machadada final virá quando um dia a minha mãe partir. Aí sim vai doer a sério.
Até lá, aprendi a viver com a família que eu escolhi, as pessoas que me merecem plenamente!!

Anabela Conceição disse...

Sabes, eu compreendo-te perfeitamente. Graças a Deus tenho uma óptima relação com a minha irmã, mas já não posso dizer o mesmo do meu irmão. Depois de muitas oportunidades dadas, cheguei à conclusão que o melhor era deixar partir a corda. Assim sofremos tudo de uma vez e não alimentamos falsas esperanças.
Que tudo corra bem e que tomes a decisão acertada.
Beijinho

La Boheme disse...

Querida Dina
Deves ter uma ideia de que passei exactamente pelo mesmo que tu e muitas das palavras que escreves tocam-me muito, porque poderiam perfeitamente ser minhas. E também depois do falecimento do meu pai (poucos meses antes do teu) as relações e proximidade que tinha com as minhas duas irmãs mudou radicalmente. Sabes, às vezes acho que perdi fisicamente o meu pai e afectivamente as minhas irmãs o que só aumenta a dor e a solidão. Mas acalento a esperança de podermos reconciliar-mo-nos apesar da mágoa e ressentimento que se geraram pelas atitudes nessa altura tão difícil. Sobretudo porque sei que o meu pai não gostaria de onde está não gosta de ver as suas três filhas de costas voltadas. Desculpa o longo post de desabafo mas como já disse sinto muita empatia pela forma como sentes estas coisas.
Beijinhos

Nokas disse...

Nem imagino como seria se fosse a minha irmã...mas por momentos que há que pensar em nós próprios e ser um pouquinho egoísta. Se já tentaste tudo e estás de consciência tranquila, não parece que haja muito mais a fazer da tua parte. É pena que ela não entenda isso!

Dos 40 em diante!!! disse...

miminhos...

Patricia disse...

Como eu te entendo.Eu e o meu marido estamos na mesma situação.Os meus pais para não tomarem partido de nenhuma filha são injustos em muitas situações,a familia do meu marido afasta-nos o mais que pode.Ele tem uma irmã que não nos suporta e então faz de tudo para não nos ter em casa.Ele tem mais outra irmã que está mais longe mas é um ser adoravel e tomara-mos nós que fosse ela a estar aqui em vez desta.Desde haver almoços ou jantares em "familia" e não nos chamarem,desde meterem-se na nossa vida nas decisões que tomamos ou deixamos de tomar!Com o que vestimos ou deixamos de vestir!Até com o que o meu marido come implicam vê lá tu!
Imagino a perda porque passaste e imagino o que estás a sentir,mas sabes o que é que nós fazemos agora?Afastamo-nos,é o mais fácil,não dar tanta importancia,não dar tanta atenção.Quando qualquer um deles precisar de nós,nós iremos estar presentes mas afastarmo-nos por enquanto tornou-se a melhor opção!

Dina disse...

Patricia: Mas é um sentimento de injustiça sabes. E afastar-se para se re-aproximar só nos faz sofrer mais quando nos voltamos a afastar. Mas sei que nunca serei capaz de cortar definitivamente com ela... Boa sorte para ti...

La Boheme: Não tens nada que pedir desculpa, eu é que agradeço. É bom partilhar sentimentos com quem (infelizmente) nos percebe por passar pelo mesmo. A sensação é essa mesmo: ter perdido o meu pai fisicamente e ela afectivamente. E isso faz-nos sentir tão sós. Eu sei que ele não gostaria de nos ver se costas voltadas. Mesmo. O pior é que o pior ainda está para vir... Mas apesar de me magoar, nunca hei-de abandonar a minha mãe. O resto vamos dizer que fica em stand-by... Sempre que precisares de falar, estou por aqui ;)

Bomboca do Amor disse...

Gostava imenso de ter as palavras certas para te dizer, mas francamente não tenho.
A minha relação com a minha irmã é quase, quase nula e também nunca me dei ao trabalho de sofrer pelas acções dela.
Acho que deverias tentar falar com a tua irmã. O mais correcto a fazer só tu saberás!
Beijinhos querida,
Bomboca do Amor.

Josephine disse...

Ola
Compreendo-te muito bem.
Infelizmente sofro do mesmo mal em relação ao meu irmão. já tentei várias vezes me re-aproximar dele... mas dura pouco tempo, acabo sempre magoada.agora estou mesmo a pensar em desistir...ate ter forças para voltar a tentar de novo ;(
Beijinhos e força

Framboise disse...

Dina, eu vivi 15 anos sem falar ao meu irmão mais velho, não porque eu não quisesse mas porque ele se afastou pura e simplesmente e nunca mais quis saber de mim. Somos irmãos apenas por parte do pai mas éramos muito muito chegados, ele esteve presente toda a minha infância... até que um belo dia se zangou com o pai nunca mais o quis ver nem a nós (eu e o meu mano mais novo). Durante muito tempo fiquei triste e tinha saudades, principalmente nos meus anos quando ele não ligava ou no Natal quando ele não se lembrava de nós. Mas o que me magoou mesmo foi quando soubemos que o meu pai tinha cancro e ele não cedeu, não quis ver o pai, não perguntou se precisávamos dele para alguma coisa. Confesso que ao fim de alguns anos deixei de sentir a falta dele, foi como se tivesse morrido. O ser humano é assim, às vezes a dor é tanta que recalcamos as emoções e a pessoa deixa de interessar ou fazer sentido nas nossas vidas. 15 anos passaram e eu agora perdoei-o mas não esqueci. Fala com a tua irmã, tenta resolver tudo para que não se afastem tal como aconteceu comigo porque a partir desse momento as coisas nunca serão como antes, mesmo que vocês um dia queiram.

Anónimo disse...

É triste quando assim é. Não tenho grandes palavras a não ser gosto de ti. Apesar de não te conhecer pessoalmente, gosto da tua personalidade, do teu bom senso e da tua coerência perante a vida. Acho que seríamos boas amigas. Por isso, conta comigo!

Bj,

Susie de Sonho.