Pode dizer-se que a cumplicidade se mede pela intensidade das conversas a dois. Depois de mais de 11 anos de namoro e 4 de casamento, por vezes ainda me admiro com a quantidade de coisas que ainda temos a dizer um ao outro. Adoramos partilhar as coisas simples do nosso quotidiano (como correu o trabalho, peripécias diárias, etc.), gostamos de falar das nossas aspirações, do nosso passado, etc. Tudo flui naturalmente, como se o outro já nos conhecesse sem falarmos, mas havendo sempre algo de novo a descobrir. E o bom é que quando o silêncio se instala, ele não é constrangedor: é um momento de paz e harmonia silenciosa, em que cada um se partilha a si mesmo com o outro, sem ter a necessidade de proferir palavras...
Depois há aqueles casais que parece que esgotaram as suas conversas, como se fossem dois estranhos. Vejo em restaurantes muitos casais frente-a-frente mas que mais parecem estarem a jantar sozinhos, com a sua solidão: mal se olham nos olhos, concentrados nos seus pratos, e não proferem palavra. Nem uma mão toca no outro. Parecem constantemente chateados. E no seu dia-a-dia, entre as quatro paredes do seu lar, só falam um com o outro quando falam dos filhos.
Como é que um casal pode chegar a este ponto? A comunicação é a base de qualquer relacionamento. É uma forma de nos dar a conhecer ao outro, de partilha, de entrega. O que leva certas pessoas a se fechar num casulo com a pessoa para a qual deveriam ser a mais transparente? Para mim, quando chegamos a este ponto é que algo está mal. Quando deixar de me alegrar quando chegar a casa, feliz para começar a matar saudades com ele, falando e conversando, saberei que estarei próxima do fim... Por enquanto continuo a parecer um cachorro feliz quando ele regressa a casa... Por a saúde de uma relação também se mede nestas pequenas coisas...
27 comentários:
Não poderia concordar mais Dina. Consegues descrever perfeitamente o que passa entre a maioria dos casais..
Beijinhos
momentos perfeitos =)
Maria
momentos perfeitos =)
Maria
Infelizmente parece-me que essa falta de comunicação acontece mais vezes do que pensamos. Falo por experiência própria, não por mim, porque o J. até fala pelos cotovelos, mas pelo que vivi durante mais de 20 anos com os meus pais! É uma realidade muito triste e por isso devemos sempre fazer um esforço por manter as relações saudáveis.
Acredita que também já começo a ver isso em casais recentes...acho preocupante! Muito!
Bjokas
Ainda bem que contigo tudo corre bem. Espero que quando estiver casada consiga ter uma relação com o meu marido como a tua, apenas assim é possível sermos felizes ao lado de quem amamos, não é verdade?
:)
Nem mais! :) Sem tirar nem pôr! E rir? Adoro rir com ele :) damos gargalhadas como no inicio. E eu gosto tanto!
concordo! O amor precisa de ser cultivado no dia a dia!
Eu tenho a grande sorte de ter uma relação como a tua com o meu marido. THANK GOD. E assusta-nos pensar que nos poderá acontecer chegar a esse ponto, quase como se fossem apenas companheiros de quarto. Costumamos dizer que no dia em que isso acontecer pela primeira vez esbofeteamo-nos imediatamente, para que tal coisa não se prolongue.
Beijinho
Desde 1973 que namoramos e claro as conversas mudaram de tema desde essa altura. Já tivemos os nossos projectos de futuro, as nossas conversas de presente: filhos futuro deles e nosso), neste momento mudou o tema não falamos de futuro mas de passada e presente, porque o futuro revejo nos meus netos e filhos; o meu / nosso passa pelas doenças da idade, da ocasião. Por isso futuro para quem tem já 55 anos é curto, medido em tempo, mas o passado é grandioso. E sim, ainda há muitos temas de conversa entre nós. Nem qu seja para brigar, falamos sempre é uma forma de expressividade, mas logo de seguida já é passado e toca a olhar em frente, e nao sei se sabes mas nesta idade (55 anos) as mudanças de humor sao repentinas.
adorei o artigo, como sempre.
kis .=)
kis .=)
ah, e já li o livro"liçoes de tango" como todos os livros dessa autora.
isto quer dizer que somos mulheres de paixões, apaixonadas e sonhadoras. Sagitarianas. Porque eu (também) sou assim como te descreves no teu perfil.
kis .=)
Deparo-me com casos desses imensas vezes e pergunto-me se aquilo que apenas uma zanga do dia ou será o quotidiano daquele casal?
Beijinhos,
Bomboca do Amor.
Tal e qual. Mas sabes que tenho medo que isso me aconteça? Por enquanto, e ao fim já de tanto tempo, sinto-me orgulhosa de nós.
Bj,
Susie de Sonho.
SAV: nem mais. Rimo-nos como no primeiro dia. Ainda temos a capacidade de nos rirmos de nós próprios e isso é óptimo!!
AVOGI: tenho a dizer que as mudanças de humor repentinas não são culpa da idade: pois sofro do mesmo mal aos 27 ;) Mas pelos vistos deve ser do signo... somos verdadeiras tempestades ;)
Bomboca do Amor: faço-me sempre essa mesma pergunta...
Susiedesonho: também tenho medo que isso nos aconteça...
"verdadeiras tempestades". Nem eu diria melhor para descrever a minha forma de ser
kis :=)
conversas sem fim, baboseiras, coisas simples do dia a dia, coisas sérias, discussões, silêncios confortáveis ... tudo faz parte do Amor :)
Concordo contigo. Comigo passa-se o mesmo, ao fim de 6 de casados (+1 juntos). Não se passa um dia em que não se converse, partilhe ou simplesmente se aprecie o momento, um com o outro. Também pareço um "cachorro feliz" quando o vejo ao fim do dia, depois do sms a avisar que está à porta do meu trabalho à espera para irmos juntos para casa.
Bjs =)
Ainda há umas horas estava a comentar com a minha mãe a impressão que me faz casais da minha idade (20 e poucos) que parecem não ter nada para dizer um ao outro, é triste na velhice, mas uma relação que começa assim já não tem ponta por onde se lhe pegue. A resposta dela fez todo o sentido: há gente que não compreende que para lá de amantes, companheiros, etc, um casal deve ser o melhor amigo um do outro...
Acho aquela parte de falarmos sobre como correu o dia importante. A cumplicidade é o melhor numa relação, e isso consegue-se com partilha.
Selo para ti lá no "palácio"! ;)
Querida Dina, por aqui há a tradição de às quintas-feiras, ser dia de namoro (para além do fim de semana, claro). Nesses dias invariavelmente, os namorados jantam fora a dois, como dia de namoro que se preza. Pois tenho assistido inúmeras vezes, à cena dos casalinhos nos restaurantes, eles virados para a televisão e a verem sport tv e as namoradas a olharem umas para as outras, inspeccionando-se... mal se trocam meia-dúzia de palavras, entre o casal!
Pergunto-me se esta atitude se verifica em tempo de namoro, como será depois de casados?!?
Eu e o maridão, comentamos tantas vezes esta atitude!!
A Flor: é o que digo muitas vezes: antes de ser o meu marido, é o meu melhor amigo. Posso falar com ele de tudo e isso ajuda muito a enfrentar certas coisas do dia-a-dia ;)
Manuela: é uma tradição engraçada, nunca tinha ouvido falar. Mas lá está: as pessoas depois fazem as coisas «porque tem que ser» e não por quererem verdadeiramente...
isso óptimo :)
uma coisa é (quase) certa: falta de comunicação é algo que muito possivelmente não irei sofrer visto o meu homem falar muito. fala tanto que às vezes até fico com dores de cabeça lol.
mas é muito estranho quando uma relação chega a esse ponto.
É o amor, é o que é! Cá em casa é igual... E maior parte dos silêncios são longas trocas de palavras patilhadas pelo olhar onde nenhuma palavra é necessária ser proferida para o outro saber exactamente o que pensamos.
ainda só li a 1ª frase e já concordo absolutamente. vou ler o resto.
pronto, acabei de ler e concordo totalmente. alias foi (mais) um dos sintomas q me levou a perceber q algo não andava bem.
ainda há pouco tempo fiz a "experiencia" marcámos (por iniciativa minha) um jantar num sitio fixe, eu arranjei-me toda (vestido mini, salto alto, decote, maquilhagem) ele não (outro sinal de alerta! alerta!) foi de calçoes e chinelos de enfiar o dedo, crianço numa das avós e lá fomos nós.
conversa zero. não tinha vontade nenhuma, nem assunto, nem nada. simplesmente não tinha (tenho) nada a dizer aquela pessoa q esta à minha frente.
achei engraçado referires o tempo, pois nós namorados desde 1996 e tb temos 4 anos de casamento, q chega agora ao fim.
a comunicação é mesmo a base.
Quando vejo casais que na rua nem se falam, porque já não há mais nada para dizer um ao outro, costumo dizer "dá Deus nozes a quem não tem dentes"...
Ainda no outro dia escrevi sobre isso. Fui jantar e, ao meu lado, estava um casal que...passou o tempo todo calado!!O único barulho que se ouvia eram os talheres. Jamais quero algo assim para mim!
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