quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Afinal nunca amamos ninguém


Pensando bem e se formos sinceros connosco, não podemos deixar de nos perguntar se não será verdade....

O Amor é inexplicável. Se nos perguntarem o porquê de amarmos esta ou outra pessoa, podemos dificilmente responder que é porque tem esta ou outra característica. Mas em bilões de pessoas, de certeza que haverá muitas mais pessoas iguais ou semelhantes, mas só esta é alvo do nosso amor. O que acontecerá em nós para nos ligarmos tanto a um homem? Como escolhemos os nossos melhores amigos?

Pode haver muitas explicações, mas a verdade é que amamos os outros através de nós. São os nossos olhos que vêem a beleza do outro; são os nossos ouvidos que ficam captivados pela melodia de uma voz; são as nossas terminações nervosas que ficam perturbadas com um gesto alheio.

E claro que nos apaixonamos por um inconsciente: aquele que o nosso escolheu para nós. Amamos uma projecção de nós, nos outros. Amamos a ideia que fazemos de alguém (por vezes tão deturpada), amamos os sonhos que os outros representam, amamos algo que nunca conseguimos ser mas que está ali à mão de uma paixão... E isso acontece com o amor da nossa vida, os nossos pais, irmãos, amigos, filhos. 

E mais os amamos a eles, e a nós, e mais nos magoam porque afinal eles não nos pertecem. Só nos pertence naquela medida intangível do amor...

12 comentários:

Nokas disse...

Um conceito bastante verdadeiro!! Acredita que penso nisso muitas vezes.

Isa disse...

Claro que amamos pessoas que nos digam algo e que tenham determinadas caracteristicas que nós gostamos. Mas mesmo assim amasse pessoas que não é bem assim. Mas, também acho que por acaso encontramos aquela pessoa que aprendemos a amar, mas haveria por aí muitas pessoas que poderiamos amar!

Bomboca do Amor disse...

Muitas vezes aquela pessoa na verdade não nos diz nada, mas nós e a nossa vontade súbita de amar faz com uma ideia seja criada, mas de repente quando percebemos que nada é verdade é um sentimento desolador.
Beijinhos querida,
Bomboca do Amor.

Mami ( Sónia ) disse...

Bem dito...

Drinha disse...

É estranho como alguém consegue despertar em nós tantos sentimentos, como alguém consegue tirar-nos noites e fazer-nos sonhar acordadas...acho que nos cativa em momentos especiais e mostra-nos o que mais queremos ver e sentir!Beijinho

Filipe disse...

Concordemos ou não com a citação, e facilmente somos levados a concordar com ela, há primeiro que perceber um pouco quem a escreveu. Fernando Pessoa era uma personagem complexa e super interessante, interessante por aquilo que escrevia, não tanto pela sua própria vida, não passava de um mero funcionário de escritório! Mas convém primeiro perceber que, e segundo muitas opiniões, Fernando Pessoa era eunuco… não era um homem de desejos e apetites sexuais. Isso por si só já diz muita coisa. Antes de concordar com algo que lemos, devemos pelo menos tentar perceber um pouco da realidade que quem a escreveu.
Outro aspecto que ressalta desta frase prende-se com o amor-próprio, posso até mesmo dizer que, grande parte daqueles que têm pouco amor-próprio consegue relacionar-se com alguém... pelo menos de uma forma saudável. Há em todas as pessoas, e terá sempre de haver, uma pontinha de narcisismo, é também isso que nos afasta da destruição pessoal. Fernando Pessoa era reconhecidamente alguém com pouca auto estima, mas possuía um fonte de narcisismo… os seus heterónimos.
Muitas vezes um amor, uma admiração por alguém, pode conduzir a um percurso inverso, podendo esse amor levar ao aumento do nosso amor-próprio. E assim o amor crescerá na medida em que ele for alimentando o nosso próprio (amor) bem estar.
No entanto há muito no amor que ainda é um mistério. A empatia que se sente por determinada pessoa, a forma natural e quase predestinada com que as pessoas se conhecem, se juntam, se amam e, até mesmo, se separam.
Enfim… o amor é mesmo isso… é ter, sentir uma certeza por algo que desde sempre nos conduz a inúmeras incertezas. A inconstância no amor é o sangue que alimenta esse mesmo amor. Quantas mais certezas temos, mais facilmente o amo nos foge da mão… e só depois percebemos que, na realidade, ele nunca esteve na nossa mão… é ai que percebemos que o único local onde o podemos guardar é no coração.

Dina disse...

Sendo assim eu sou igual ao Fernando Pessoa (os loucos assemelham-se todos um pouco): "uma personagem complexa e super interessante, interessante por aquilo que escrevia, não tanto pela sua própria vida, não passava de um mero funcionário de escritório!" ;) (eu até tenho amor-próprio)

Relativamente aos problemas sexuais do homem, francamente não consigo perceber até que ponto pode mudar o sentido deste texto... Mas afinal, a magia da arte é que cada um a interpreta como quer. E acho que isso não é prejudicial ao autor, antes pelo contrário, é porque conseguiu mexer com cada um de nós na nossa diferença...

Tsuri disse...

Adoro a forma como abordas temas tão delicados como este. Adoro a forma como manipulas esses temas e os alteras e modelas ao teu pensamento. Parabéns!
beijinho

Isa disse...

Eu acho que amamos a pessoa e o que imaginamos.
Acho que quando amamos a sério, já não fantasiamos com o que a pessoa pode ser, já conhecemos bem de mais o outro e gostamos dele como é. Mas qualquer relação saudavel na vida (incluindo com nós próprios) passa por nos amarmos e respeitarmos primeiro a nós. E claro que toda a nossa relação com o mundo é construida com base nessa permissa. Sendo assim o sentimento que temos pelo outro é construido com base naquilo que sentimos por nós...

Dina disse...

Isa: É uma das diferenças que existe entre a paixão inicial e o amor. Na paixão dos primeiros dias amamos a imagem que criamos da pessoa, mas com o tempo aprendemos a conhecer a verdadeira essência do outro. E aí o sentimento é mais puro, porque amamos os defeitos do outro...

Isa disse...

E é tão bom amar assim...

Guinhas disse...

Adorei porque estas são aquelas pequenas coisas que não pensamos mas, realmente, têm muito que se diga!E adorei o texto, simplesmente fantástico!