quarta-feira, 4 de maio de 2011

Perdoar ou esquecer?


Uma traição é um dos maiores obstáculos na saúde de uma relação. Já fui traída uma vez na adolescência. E francamente eu acho que o problema não reside no «perdão», mas sim no «esquecimento».

Trair não é só ter sexo com outra pessoa. Trair é deixar no outro um rasto de dúvida, de sequelas invisíveis que se reanimam ao mínimo sopro de lembrança. É mais do que uma traição carnal. É trair a confiança do outro, a estabilidade do casal, a paz familiar. É semear a dúvida. É criar um terreno seco em que, quando a brisa mais leve se levanta, traz com ela poeiras do passado.

O perdão não é fácil, mas é possível. Porque depois da mágoa e raiva inicial abrandar, percebemos que na maioria dos casos, uma traição nunca é culpa de um só. Algo já estava mal antes. Por isso com o tempo, perdoa-se. Mas será que alguém é capaz de esquecer? Eu acho que não. Depois de uma traição, o traído vive com a dúvida constante, sempre que o outro se atrasa, sempre que o outro recebe uma sms. Cai na tentação de controlar o telemóvel do outro, do seguir. Inconscientemente está sempre de sobre-aviso, sempre a tentar decifrar-lhe a mente e as expressões faciais. A sua vida torna-se um tormento porque perdeu a paz. Porque se alguém trai uma vez, é capaz de o faz outra vez. 

E eu prezo aima de tudo a paz que encontro no meu lar e em minha casa. Se por alguma razão, um dia perdê-la, saberei que vale mais ir embora. Sei que em caso de traição nunca iria esquecer, por isso, preferiria seguir o meu caminho. Admiro as mulheres que continuam a viver com um homem que as traiu uma, duas, três vezes. Será que se respeitam a si mesmas? será que conseguem alienar-se de tal forma da situação? Ou será que simplesmente se trata de conformismo e elas são movidas por outros interesses que não o amor?

19 comentários:

Nokas disse...

Às vezes chego mesmo a pensar que existem outros interesses, quando há mulheres que sabem e nada fazem...

Ana disse...

Concordo com tudo o que está neste texto, menos com a parte em que dizes que "uma traição nunca é culpa de um só". Por vezes é, sim. Nem sempre alguma coisa tem de estar mal para que alguém traia. Há quem o faça só porque sim, por impulso, por oportunidade, por falta de lealdade, princípios e por aí fora.

madeMOIselle disse...

Eu acho que quando há amor, vontade de dar tudo pela relação, de a construir da melhor forma não há forma de esquecer. Nem de perdoar até. Porque, e é a minha opinião, quando (por exemplo) um homem trai, não trai a mulher. Trai a relação. Que ambos construiram e isso não é perdoável. É verdade que se pode tentar viver com isso, até porque quando o descontrolo inicial passa, há inúmeras desculpas que podem parecer atenuar o facto até insignificante do que aconteceu. E é verdade que uma noite, comparada com anos de companhia e vivência pode parecer insignificante, mas a mim, parece-me que todos esses anos é que foram insignificantes para aquela noite acontecer. Não consigo perdoar. Não sei nem quero aprender porque simplesmente não acredito no perdão nessas situações.
E a simples ideia de me imaginar doente de ciume, desconfiada e a transformar-me num monstro capaz de fazer tudo o que acho condenável: controlar, coscuvilhar, andar sempre a trás, faz-me parecer uma pior pessoa. E para ser pior pessoa numa relação, mais vale ser melhor pessoa sozinha, que miguem merece tornar-se nisso. Como disse a esposa do Roosevelt: Ninguem nos pode fazer sentir inferior sem o nosso consentimento por isso para mim, nestas situações, não consinto que o façam, ponto.

Anabela Conceição disse...

OLá,
Eu concordo inteiramente contigo... Eu fui traida ao fim de 7 anos de relação e decidi acabar. Por muita vontade que tivesse de o perdoar e de não querer deixar assim 7 anos, tenho consciencia que não iria ser capaz de continuar com aquilo. Iria tornar-me numa pessoa controladora e obcecada e mais cedo ou mais tarde a relação iria terminar na mesma.
Hoje, passados 4 anos, tenho a certeza que tomei a decisão certa.
Bjs

sakura disse...

Não sei se conseguiria perdoar uma traição... Talvez sim, mas nunca conseguiria esquecer. E acho que não era capaz de continuar junto de alguém que me trai.
Quando se acaba a confiança, vai-se uma das principais bases de qualquer relação.
E concordo com a Ana, quando diz que a culpa pode ser de um só.

Bjinhos***

Mariana disse...

Concordo com o teu texto Dina. Não é fácil perdoar uma traição, e muito menos fácil é esquecer. Acho que por muito tempo que passe essa recordação fica sempre presente, e por vezes à mínima coisa pode vir ao de cima e ser pretexto para desconfianças:S

Lady Me disse...

Eu acho mesmo que o difícil não é perdoar, é esquecer. E é muito muito complicado esquecer, qualquer coisa faz lembrar tudo de novo e voltar à estaca zero. O melhor mesmo, é como dizes, ir embora! Não vale a pena viver numa relação minada pela dúvida constante.

Lux disse...

Sabes, eu acho que perdoar se perdoa quase tudo, mas esquecer é que não...
E quando essas situações acontecem, apesar de perdoarmos a pessoa, à mínima poeira, ou porque está cansado (para nós distante), ou porque adormece mal chega à cama (provavelmente cansado), ou porque o telefone toca e ele não atende (porque simplesmente não lhe apetece!), todas estas coisas que pareciam normais antes da traição, deixam de o ser...
E aí, começa a verdadeira tortura... O facto de não confiarmos plenamente naquela pessoa...
E assim, mais vale seguirmos o nosso caminho, porque os ciúmes destroem não só as relações, como nos destroem a nós por dentro!

xoxo
Lux

Anónimo disse...

Excelente post! E concordo com tudo o que a Ana disse ali em cima. Subscrevo. :)

Kiss

*Lili* disse...

Eu concordo com o que foi dito, contudo... a parte em que se referem às mulheres que suportam uma ou mais traições por interesse ou não, já não estou completamente de acordo, porque a meu ver o homem tem fraquezas tal como a mulher... E numa relação de 20 e tal anos há que saber perdoar e voltar a conquistar uma confiança perdida por uma traição. Não só pelo amor existente nessa relação mas pelas consequências que pode originar numa familia, e às vezes os filhos são um elo muito forte numa relação, porque são a razão de viver e lutar por uma relação... Quanto a 'namoricos' (sem ofença) de um ou 2 anos uma traição já é mais dificil de perdoar e esquecer a meu ver, talvez por isso é que concordo com o que foi acima dito. Felizmente nunca sofri uma traição mas ninguém está livre de nunca a ter eu bem sei, por isso no dia em que isso me acontecer (e espero bem que nao me aconteça) vou ponderar bem e se é merecido, se de facto o amor é imenso para saber perdoar o mal do outro. Tenho dito!

http://realdreams-liliana.blogspot.com/

Dina disse...

Estou a adorar os vossos comentários!

Ana: Sim, é verdade, há pessoas assim que traem por impulso... por isso é que coloquei a expressão «na maioria dos casos» ;)

Mademoiselle: Não poderia ter dito melhor ;)

Lili: Sei que pode ser difícil acabar um casamento depois de anos de relação, com filhos e compromissos económicos pelo meio. Mas não acredito que essas razões façam com que seja mais fácil esquecer (antes pelo contrário: mais vida em comum, mais ligação, mais confiança ganha e logo traída), torna sim o perdão mais fácil...

Bomboca do Amor disse...

É preciso gostar muito da sua cara-metade para superar uma traição, mas tenho as minhas dúvidas se essas pessoas gostaram de si mesmas!
Beijinhos,
Bomboca do Amor.

Verita disse...

Olá Dina,

Este é um tema que já abordaste no teu blog e eu não sei se na altura comentei. Não interessa: desta vez vou comentar.

Na minha opinião, que vale o que vale e no contexto que referes, acho que o “nunca” é difícil de ser usado. Cada caso é um caso. Há muitos motivos, muitas pessoas, muitos muitos…para se por tudo no mesmo saco. Além de que as mulheres também traem e não é pouco, pelo que não vamos estereotipar.
Eu já fui traída e perdoei. A dúvida não anda constantemente colada a nós, mas de vez em quando aparece (penso que também acontece numa relação ”normal”). Eu nunca fui de por a mão no fogo por ninguém, num ou noutra situação.

Acho que depois de pesar os prós e os contras, a pessoa decide em concordância. Ou é ou não capaz de perdoar, ou é ou não capaz de seguir em frente com o/a companheiro/a. E claro que nenhuma decisão necessita de ser irrevogável não é? A pessoa pode achar que é capaz e decide tentar e depois não é capaz e pode acabar mais tarde a relação. Assim fica a saber se é ou não. Cada um tem o seu tempo para digerir, tem os seus objectivos, as suas metas e na minha modesta opinião, não tem necessariamente a ver com amor próprio ;)

Beijinhos grandes!!

Mami ( Sónia ) disse...

eu não era capaz de perdoar nem esquecer a traição. Prefiro se esse dia chegar, seguir o meu caminho sozinha, do que viver sempre a desconfiar dele, isso seria tortura para os dois.

reflexão disse...

A traição não é bem vinda! Não faz parte de uma relação saudável. As vezes a traição é culpa dos dois e outras vezes é culpa de um só.
Também tem a questão cultural, pois em muitos lugares é bonito colocar a traição dos outros em destaque. E para piorar a situação o traidor é tido como esperto! Esperto?
Desrespeita a pessoa com quem ama, desrespeita a si mesmo, desrespeita sua família. E este desrespeito é tido como espertesa. Não me parece muito inteligente esta linha de raciocinio. Pois é da família que podemos ter as melhores felicidades ou as piores tristezas. Sempre é nós que decidimos! Para tanto, todo o sucesso alcaçado na vida não compensa o fracasso de um lar.

reflexão disse...

A traição não é bem vinda! Não faz parte de uma relação saudável. As vezes a traição é culpa dos dois e outras vezes é culpa de um só.
Também tem a questão cultural, pois em muitos lugares é bonito colocar a traição dos outros em destaque. E para piorar a situação o traidor é tido como esperto! Esperto?
Desrespeita a pessoa com quem ama, desrespeita a si mesmo, desrespeita sua família. E este desrespeito é tido como espertesa. Não me parece muito inteligente esta linha de raciocinio. Pois é da família que podemos ter as melhores felicidades ou as piores tristezas. Sempre é nós que decidimos! Para tanto, todo o sucesso alcaçado na vida não compensa o fracasso de um lar.

Dina disse...

Verita: Compreendo os teus argumentos. E, como em outras coisas da vida, tudo varia de pessoa para pessoa, de relação para relação...

Flutuações da mente disse...

Concordo!

Moleskine disse...

gostei desse post!