sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Divagação sobre relacionamentos


Sempre achei que relacionamentos nascidos na juventude resultam em casamentos mais problemáticos (generalizando, está claro). Existe demasiada bagagem conjunta. O casal conhece-se na juventude, com pouca bagagem emocional e pouca experiência amorosa. Vivem um momento louco de paixão e o amor assenta. No entanto, as pessoas crescem, amadurecem.

E muitas vezes a pessoa com 30 anos é completamente diferente da que tinha 15. Porque a vida molda-nos de uma determinada maneira, o que pode levar cada membro do casal a um caminho diferente. No entanto, o outro olha para a pessoa amada e não reconhece a pessoa por quem se apaixonou. Chegar aos 30 anos com uma história de 15 anos em comum pode fazer do casal um casal de "velhos", caídos completamente na rotina e no hábito. Demasiados habituados àquela pessoa.

E infelizmente há quem não percebe que é quando se deve lutar mais para reavivar os gestos de carinho e a paixão que nasceram há mais de uma década atrás. É difícil lidar com alterações de comportamentos, feitios e prioridades. É difícil viver com bagagens emocionais "conjuntas" porque se viveu tudo com aquela pessoa: os estudos, a entrada no mundo do trabalho, a morte de parentes, a doença, os medos, os deslizes, a felicidade extrema, os sonhos de juventude que não se concretizam.

Enfim, é difícil viver com outra pessoa. Saber partilhar, saber gerir expectativas e vontades que podem divergir com o passar dos anos, manter a chama acesa para que aquela pessoa não nos pareça por vezes um estranho. 

8 comentários:

cozinha100segredos disse...

Eu e o meu marido conhecemos-nos no secundário. Já lá vão praticamente 15 anos. Mudámos? Diria, antes, que amadurecemos! No fundo continuamos os mesmos, só que mais velhos, mais sábios, mais responsáveis. O sentimento continua cá. E espero que perdure. Dificuldades também as temos. Mas o que não nos mata torna-nos mais fortes. Temos 3 filhos. E acho que só não temos uma relação ainda melhor devido ao facto de não termos qualquer apoio. Os meus pais vivem longe. Os meus sogros vivem a 5 minutos mas não querem saber. Acham que os filhos são responsabilidade nossa. Apenas sinto falta de sair mais, passear mais, namorar mais, viver certos momentos a dois (como as datas especiais por exemplo). Nem sempre é fácil lidar com isto pois sempre achei que os avós tinham outro tipo de papel na vida dos netos. Pelo vistos enganei-me. Mas de uma coisa eu tenho a certeza, se não nos amássemos tanto, tenho a certeza que já nos tínhamos separado. E se nalguns casos o facto de um casal se relacionar cedo torna-se um obstáculo, no meu caso acho que se tornou uma mais valia. Beijinhos

Um Mundo a Três disse...

Ultimamente tenho assistido a um assustador número de divórcios à minha volta. Até tenho medo desta espécie de epidemia. E realmente sao relacao com namoros de uma decada.Poucos anos depois de se casarem separam-se. Mas também conheco casais c grandes períodos de namoro e que os casamentos perduram. Na minha opinião é tudo uma questão de amor e compreensão

Agridoce disse...

Por outro lado, têm tanto em comum, já construíram tanto em conjunto... Não há relações perfeitas :)

AMOR XXS disse...

Engraçado, a nossa relação é tão diferente que nem tinha pensado nessa perspectiva. Já estamos juntos há 15 anos, comecei a namorar com 16 anos, e termos já uma longa história de amor só nos deixa orgulhosos, sentimo-nos uns privilegiados por termos encontrado o amor tão cedo, de ter partilhado metade da minha vida com ele, de crescermos juntos. Mas faz sentido isso que dizes, depende das pessoas, dos relacionamentos. Nem todos vivenciamos as mesmas experiências da mesma forma. O importante é nunca ter o outro como garantido, saber surpreender a cara metade mesmo ao fim de não sei quantos anos, de saber respeitar e não desistir à mínima diferença/dificuldade. O que vale a pena dá trabalho e há que trabalhar para uma relação dê certo.

Cynthia disse...

É uma reflexão interessante. Não tinha pensado seriamente nisso, na verdade, porque não passei por isso, a pessoa que está comigo só me conheceu já após a escola, após a entrada no mercado de trabalho, já com o meu filho na minha vida... mas imagino que estejas certa. Não deve ser fácil.

O Diário de Pi disse...

Após ler as suas palavras... revi-me nesta situação... e não é nada fácil viver com alguém que já se fez as maiores loucuras, e agora somos "crescidos", trabalhamos, temos uma filha pequena e temos contas certas ao fim do mês... o que muda mt do tempo de jovens, solteiros e sem responsabilidade de maior... as vezes sinto-me sozinha nesta luta do dia a dia... olha para o meu marido (mts vezes... desconhecido) e já não me revejo na miúda de 25 anos que se enamorou por ele... eu cresci mt, com o nascimento da mh filha.. e as vezes mais me parece que ele ficou nos 25... força e coragem para alterar todos os dias e situação... ;) um beijinho

Leni disse...

é difícil...

м disse...

Penso exatamente o contrário. É verdade que ainda não vivemos juntos nem temos filhos, pelo que aquelas coisas chatas da vida rotineira e as dificuldades da vida em conjunto ainda não nos atacam e, por isso, não posso falar com conhecimento de causa. Mas acredito que ter uma relação duradoura em que as pessoas se conhecem desde muito cedo, que passam pelas mesmas fases ao mesmo tempo, em que acabamos por crescer e amadurecer em conjunto, só fortalece uma relação. Penso que o problema não passará pelo tempo que têm juntos, mas sim pelo tipo de relação. Nós sentimo-nos privilegiados por termos encontrado o amor tão cedo e por podermos viver todas estas coisas ao lado um do outro, mesmo que os anos já comecem a pesar (quase 10). Acho que há uma grande vantagem nisto tudo: nós conhecemos o outro de uma forma mais profunda, vivemos com ele situações difíceis e que, sem dúvida, moldam o carácter e a personalidade em geral, estivemos lá em todas as fases (boas e más), vimos o seu melhor e o pior e ainda assim continuamos a gostar daquela pessoa, a querer estar junto. Maior amor que isto, não consigo conceber ainda. É precisamente nestas contrariedades da vida, por termos visto a pessoa mudar e a tornar-se no que é hoje, que nos faz pessoas mais conscientes de quem temos ao lado. É muito fácil gostar de alguém quando só a vemos no seu melhor, quando estamos presentes já quando elas e as suas vidas estão muito bem resolvidas... A verdadeira prova de amor é resistir ao tempo e às mudanças!