terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Estar casado com a profissão


A classe da polícia é uma das que sofre mais divórcios, e infelizmente percebo perfeitamente as razões. Não é fácil lidar em casa com um PSP e há dias em que se torna completamente impossível. Já nem vou falar das condições de trabalho e dos possíveis problemas com chefias, compensações monetárias, etc. Aquele trabalho afecta-os. O meu marido mudou radicalmente desde que entrou para a patrulha. Já era uma pessoa que não deixava transparecer os problemas: prefere interiorizá-los e depois descarrega a pressão da pior forma. Há serviços que os marcam muito (violências domésticas, mortes, maus tratos a crianças e idosos, etc.). Combinando isso com mudanças de turnos à última da hora que os fazem estar mais de 24 horas acordados, a mistura é explosiva.

Cá em casa, ele fica muito irritado, e então qualquer coisa é motivo para reclamar. E isso cansa-me. Por mais compreensiva que possa tentar ser, cansa-me e afecta-me e não consigo abstrair-me. Por mais difícil que possa ser, há de deixar os problemas do trabalho à porta. Podemos falar sobre eles, claro. Mas não deixar que afectem toda uma família. E depois o mais pequeno sente aquela agressividade patente e faz ainda pior. E dá sempre discussão. E ele não admite que ele é que estava com uma atitude péssima... Dizem que quando casamos, casamos também com toda a família.... e eu também casei com uma profissão que não é a minha. 

9 comentários:

VerdezOlhos disse...

Eu tenho familiares muito próximos que também são agentes PSP e ainda há uns dias dei por mim a pensar em como deve ser complicado gerir uma vida, quanto mais uma família dessa forma. Com turnos muito exigentes e uma grande pressão própria da profissão. Admiro muito os casais que se esforçam no mesmo sentido porque imagino que deva ser um grande desafio.
Acho que no fundo é isso mesmo, quando nos casamos ou quando estamos com uma pessoa nesse sentido, quando gostamos de verdade de alguém é mesmo assim: escolhemos ficar não só com aquela pessoa, mas também com as suas ligações todas, com os amigos, familiares, antecedentes, profissão, etc. Mas quando o amor verdadeiro existe é maior que todas as dificuldades, porque se investe mutuamente.
Muita força, coragem! Beijinhos

Esperança disse...

Também tenho na família mais próxima um polícia. Sei que não é fácil lidar com ele. Ele também não exterioriza os seus problemas. Não fala deles e, quando lhe perguntamos se está tudo bem, diz sempre que sim, mas depois são os seus pequenos gestos que demonstram que afinal não está tudo bem... Muita paciência é o melhor remédio!

Petra disse...

Acredito que seja difícil para ele controlar e para ti ter paciência óbvio Dina...

Catarina H. disse...

Pois, há profissões que tem que ser mesmo assim, uma entrega total. Pode ser complicado desligar, quando se chega a casa, mas não é impossível. Tem tudo a ver com comunicação. Força e paciência :)
Beijinhos

Anónimo disse...

Namorei quase 5 anos com um psp e percebo pelo que deves passar. Ele passava a vida a dizer-me que tal colega se estava a divorciar etc...não é fácil.
O teu marido devia descarregar essa má energia num desporto qualquer.
Beijinhos e muita paciência.

Carla Santos Alves disse...

Muita paciência querida - não é fácil, calculo - e muito amor!

Beijinho doce

Liliana Pereira disse...

Não tenho familiares polícias nem conheço a realidade... mas que deve ser difícil isso deve. Força e paciência...!

Cynthia disse...

Pois, a pessoa tenta, mas o amor nem sempre supera tudo, uma relação e uma família pedem mais do que isso. Por vezes, não é fácil e nem toda a gente consegue gerir essa situação. Espero que vocês sejam dos casos bem sucedidos!

More Than Cookies disse...

:(

Força!