sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Uma questão de identidade

Venho de um país onde os passeios são todos em cimento. É prático para andar e limpar. Quando me mudei para Portugal, demorei bastante tempo a habituar-me a andar nestas pedrinhas coloridas que dão pelo nome de calçada à portuguesa. Estragava (e ainda estrago) muito rapidamente o meu calçado, principalmente tudo o que é calçado com saltos finos. E sim, já fiquei com o sapato para trás, já fiquei presa  e sim já cai em grande estilo no meio da rua.

Muitas vezes reclamei contra a nossa calçada. Mas porra, a solução passa por arrancá-la? É um símbolo do nosso país, é um símbolo cultural que nos diferencia, e é tão linda. A questão resolver-se-ia facilmente: o problema não está na calçada propriamente dita mas nas brechas que se criam entre as pedras: ou porque é mal colocada, ou porque a calçada se dá e ninguém a vai compondo, porque se rebenta a rua para passar um tubo e ninguém a compõe.


Mais uma vez opta-se pela solução mais fácil. Arranca-se e pronto. Olha e então vamos abolir o bacalhau salgado das prateleiras dos nossos supermercados? Afinal o sal tem trazido muitos problemas cardiovasculares? E abolir o pastel de nata: o açúcar é péssimo! E vamos arrancar todas as vinhas do país? E quantos mais símbolos da nossa identidade teremos nós que abdicar? Afinal os que a arrancavam para atirar aos deputados é que estavam certos… 

3 comentários:

Tsuri disse...

Concordo plenamente! Excelente ponto de vista.

Caco disse...

Percebo-te perfeitamente e a verdade é que não há uma solução para estas situações. Há bebés mais difíceis de cuidar que outros e há homens que lidam melhor com estas mudanças na vida do que outros. É um caminho difícil, mas se houver amor tudo acaba por se resolver. Às vezes são fases que acabam por ter um final feliz. Espero que seja assim com vocês. Força!

Jo disse...

O problema da calçada portuguesa é que, apesar de ser lindíssima, disso ninguém tem dúvida, é extremamente cara e tem que ser bem aplicada... Se for de qualquer maneira fica logo "torta" de início. para além disso requer alguma manutenção o que, mais uma vez, implica custos... Não sei exactamente qual será a solução, mas a ser aplicada que o seja devidamente e com a adequada manutenção, porque não são só as senhoras de saltos que caem em plena calçada... os idosos escorregam, pessoas em cadeira de rodas ou com carrinhos de bebés fazem autênticas gincanas em determinados sítios para contornar os buracos...