Estava eu a ler o recado da creche do Simão que nos desafia
a preparar um livro de família, quando parei e pensei o quão a nossa família é
desestruturara. Não o foi sempre, mas basicamente o Simão tem um conceito de
família muito limitada.
A minha mãe visita-nos uma a duas vezes ao ano. Os meus
sogros ainda menos. São avós distantes. O Simão não tem tios nem primos do lado
do pai. Do meu lado, tem duas tias. Em 17 meses, viu a mais velha uma vez e a
outra não a conhece, nem nunca ouviu a sua voz. Dos 6 primos, só conhece uma.
Olho para aquele papel a propor-me fazer um Livro da Família
e fico perplexa. Porque não vou colocar lá fotografias de pessoas que ele nem
reconhece a cara, só porque são tias, primos e afins.
Se fico triste? Muito. Quando era criança, reuníamo-nos
todos os fins-de-semana em casa dos meus pais, para almoços de família. Era uma
felicidade tanta gente à volta da mesa, a brincar, conversar.
No Livro de família do Simão vão constar poucas pessoas. Os
avós, os pais e os tios amigos, que estes sim fazem parte da sua vida.
6 comentários:
Tinha uma família próxima relativamente grande - não era enorme, mas ainda dava para uma grande mesa no Natal, aniversários e outras ocasiões-, unida, presente... O meu porto de abrigo. Achava eu. Pois, que este «núcleo» está cada vez mais afastado... e os motivos são ainda mais tristes. É uma pena que as pessoas desvalorizem a família por motivos tão pouco lógicos, tão fúteis, tão tristes... Enfim. Mas sim, claro que faz todo o sentido que só coloques fotografias das pessoas que o teu filho efectivamente conhece!
Como eu te compreendo. Acontece a mesma coisa com o Gustavo.
Com o divórcio dos meus pais a familia paterna afastou-se e sobrou um pequeno nucleo, que somos nós e pouco mais ...
Beijinho,
Anabela
Nós temos a sorte de morar todos perto uns dos outros e as minhas filhas sempre mantiveram contacto com primos e primas tios e tias.
Entendo o teu lado mas lembra-te que por vezes ter familia não é estar acompanhada e alem disso há familias bem pequenas. Amigos são muitas vezes a nossa familia.
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E não te esqueças dos amigos amigos, aquela família que escolhemos e que tantas vezes merece mais ficar num livro desses do que a de sangue! É bom ter uma família grande e barulhenta, mas no final o que interessa mesmo é sabermos que teremos sempre quem partilhe connosco a nossa vida.
E a primeira vez que estou no teu blog e gostei bastante:)
E se são as pessoas que fazem as famílias, porque é que o teu filho tem de ter fotos de pessoas que não lhe dizem nada se há outras tantas que são muito mais próximas? Eu acho que se os amigos são mais preocupados e interessados as crianças têm de saber isso :)
Beijos
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