sexta-feira, 12 de julho de 2013

O egoísmo do amor

Todas as manhãs as rotinas repetem-se. Chego ao escritório, sirvo-me de um café e faço uma ronda pelos principais jornais do dia.

Hoje deparei-me com a notícia de que finalmente foi limitada aos 60 anos, a idade para tratamento de fertilidade do homem. E isso fez-me pensar.

Eu sei que cada vez mais somos pais mais tarde. Ou porque queremos primeiro apostar na carreira profissional, ou porque queremos ter alguma estabilidade económica, a verdade é que temos filhos mais tarde. Não me choca ser mãe aos 30, 40…

Mas não será egoísmo ter um filho aos 50? 60? Será que não deveríamos pensar mais naquele ser que vai nascer do que na nossa necessidade ou desejo de ter filhos. Será que conseguimos acompanhar da melhor forma o crescimento de um filho? Vivemos mais tempo mas será que estamos certos de viver bem? Porque a idade traz naturalmente algumas maleitas e não sei se aos 60 anos teremos vontade e força para brincar, correr e partilhar ao ritmo deles as maravilhas da infância.


Eu continuo a achar que é egoísmo. Sei que nem todos envelhecemos mal. Que a qualquer idade podemos morrer amanhã, mas as probabilidades aumentam. E devíamos pensar mais neles. Porque ter um avô de 60 anos é bestial agora um pai/ mãe não sei se será…

10 comentários:

Alexandra Santos disse...

Depende muito de pessoa para pessoa, porque falamos de gente que nasceu nos anos 50 ou 60 (quando são indivíduos na casa dos 50/60). É praticamente impossível uma mulher conceber um filho com 60 anos, a não ser que recorra à fertilização em vitro e mesmo estes casos julgo que são acompanhados psicológicamente para que se saiba se têm ou não condições de ter uma criança. 

Para mim, ser egoísta é adiar a decisão de ter filhos por questões meramente financeiras. Os pais de hoje querem dar este mundo e o outro, esquecendo que o essencial não se dá com dinheiro e que não são precisos grandes luxos para se educar uma criança.

Bom fim-de-semana!

Unknown disse...

De facto, ter um filho nessa idade, não dá para certas coisas, como referiste, brincadeiras, correr,... a idade já pesa, os problemas de saúde aumentam, e a criança olha para os pais como avós e não como pais! De facto poe-nos a pensar acerca deste tema, porque hoje em dia cada vez mais, se aposta na carreira, numa vida mais estável e os filhos ficam para depois, mas sem estabilidade financeira, também acho complicado criar um filho, porque um filho traz muitas despesas, e se não houver condições, os pais não serão capazes de educa-los, na minha opinião, acho que mesmo assim é melhor esperar e ter filhos mais tarde, do que não ter as condições que eles merecem, porque se calhar também estamos a ser egoístas em colocar filhos no mundo, sem dar a eles o futuro que eles merecem!
Bj

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Dina disse...

meu canto, meu mundo:
Compreendo a tua posição, mas acho-a demasiado limitativa. Um filho precisa de nascer numa família estável em termos económicos, sim. mas preciso de nascer numa família estruturada em termos de sentimentos, de amor, de capacidade de dar um ambiente e um sustento psicológico. ;)

Sara disse...

Não me choca que um pai decida ter um filho aos 60... nem me choca uma mãe aos 40 ou mais! Muitas das vezes as condicionantes sociais, profissionais ou até de saúde as permitem apenas em idades mais tardias. O que mais me impressiona na notícia é o limite ao acesso de tratamentos de fertilidade ser tão diferente para homens e mulheres!
60 para homens e apenas 35 para as mulheres :(

Dina disse...

Sara: penso que tenha a ver com questões biológicas que são diferentes para homens e mulheres...

Sarah in Wonderland disse...

Eu não vejo mal algum, aliás, acho isso mais normal do que casal gay adoptar crianças...

mici disse...

não tenho nada contra alguém querer ter um filho a essa idade. mas não concordo que se façam tratamentos para fertelidade a essa idade quando tantos casais bem mais novos levam a nega só porque estão na barreira dos 40

Unknown disse...

Concordo perfeitamente contigo, acho que à medida que o tempo passa e envelhecemos a nossa paciência diminui para os gritos e birras de uma criança, claro que as amamos na mesma mas de maneira diferente. A vida hoje em dia diz-nos para ter filhos mais tarde mas penso que devemos pensar nas duas partes em nós e nas crianças... Não nos podemos esquecer que a probabilidade de problemas de saúde da criança aumentam com a idade dos pais....

Sara disse...

Claro que ter que ver com a biologia, Dina. É sabido que a feritidade feminina decresce muito após os 35, mas será justo que as mulheres sejam privadas desses tratamentos no sistema nacional de saúde???
No privado fazem (claro!) e há inúmeros casos de sucesso para mulheres depois dos 35...
[Desculpa o desabafo... Sei que estou a fugir do tópico de discussão]
Beijinhos

Dina disse...

Sara. Eu compreendo o teu argumento, a sério que sim. É triste mas vivemos um tempo em que tudo é baseado em probabilidades e na mercantilização dos actos médicos. É triste mas é a verdade. É triste o SNS não comparticipar tratamentos de fertilidade acima dos 35 anos, é triste não pagar tratamentos contra o cancro fora do país, é triste se eu quiser ser operado ao meu problema ter que pagar 4000€ por uma cirurgia porque o SNS não tem esse tratamento disponível... :(