sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Da hipocrisia

Sou católica, praticante q.b pois acho que não é preciso ir à missa todas as semanas para se ser bom cristão. Fui batizada, crismada, casada. Penso viver segundo os mandamentos da Igreja. Idem aspas para o meu marido.

Tivemos um filho como manda a Igreja. Queremos batizá-lo e estamos prontos para educá-lo na fé cristã. Apesar de não ser fanática e de lhe querer deixar sempre o livre arbítrio para fazer as suas opções e liberdade para escolher a sua fé. 
Mas agora com 5 meses, dirigimo-nos ao padre que nos casou. Porque quero muito batizá-lo na Igreja onde casei e onde sempre me senti tão bem. E tenho uma lista enorme de pré-requisitos. Enorme!! Os padrinhos não devem ser escolhidos por motivos económicos e devem ser batizados, comungados, crismados, não podem ser menores, não podem viver em união de facto, nem divorciados, nem casados civilmente. Ufa. 
Na altura ainda não sabia que o hipotético padrinho era crismado, mas eu disse ao padre que ninguém na minha família ou amigos ou próximos tinham esses requisitos. Ele foi categórico: então não se batiza. Como podem recusar o sacramento básico a uma criatura inocente?? Ele diz que são regras da Diocese. Mas eu sei que têm sido padrinhos pessoas que não preenchem os requisitos. A madrinha que eu quero para o S. até foi madrinha na aldeia o ano passado! Até na Igreja são preciso cunhas!

Cada vez mais acho que a Igreja devia actualizar-se. O mundo mudou. E ela estagnou com princípios de há 2000 anos atrás (ou antes inventados por cabeças ocas do Vaticano). E devia ser mais coerente. Em vez de conseguir novos seguidores, afastam-nos de forma irremediável.

39 comentários:

Na Província disse...

Também sou catolica praticante e essas atitudes da igreja chocam-me, eu não posso baptizar o meu filho, porque sou casada pelo civil com um divorciado...E agora??
Beijinhos

Karina sem acento disse...

Eu não sou nada religiosa. Fui baptizada e fiz a primeira comunhão. E andei num colégio religioso até aos 14 anos que me deu uma preparação académica excelente, pois eram super exigentes. No entanto, quis sair de lá pela parte religiosa. Achei que tinha muitas lacunas e muitas contradições.

Respeito em pleno as ideologias das outras pessoas, assim como gosto que respeitem as minhas, no entanto uma das coisas que sempre me fez confusão na igreja católica é o facto de não evoluírem. Porque a igreja católica defende bases morais e éticas que todos nós, religiosos ou não, deveríamos seguir, mas como dizes, estagnou com princípios de há 2000 anos atrás.

anf disse...

O que mais me chateia em relação a isso é o facto de os requisitos mudarem em função dos padres/paróquias e quando não é em função de quem vai falar com o padre, o que ainda é mais revoltante, então as regras não deviam ser iguais em todas as partes do mundo?
Se tu estacionares mal o carro a multa é igual de norte a sul, não é?
beijinhos Dina

Purple disse...

A Di foi baptizada em Outubro e vivi o filme exactamente ao contrário. Só pediram para os padrinhos não viverem em união de facto. O resto? Foi tranquilo. A igreja deve acompanhar a evolução dos tempos e não ficar quadrada. Mas quem faz a diferença são os bispos, padres e diáconos de cada paróquia.

Beijinhu

Miss Shoes disse...

Andei quase toda a vida num colégio de Padres, sei as missas todas de cor e salteado, ia a todas. Até gosto da maioria dos ideiais da igreja, mas é aqui que me perdem. É por isto que os meus pais nunca me baptizaram e que tenho muitas dúvidas que baptize um filho um dia.

Que os padrinhos tenham de ser baptizados e crismados, muito bem. Agora não poderem viver em união de facto, ser divorciados, casados civilmente? Aposto que também não podem ser gays, nem nada do género.

Todos os dias ouvia na escola os Padres dizerem que o que conta é o coração, o interior da pessoa, mas depois é nestas coisas que se vê que o que conta é o cumprimento dos preconceitos retrógados de quem gere a instituição.

teardrop disse...

Há grandes diferenças de sítio para sítio... Há uns tempos fomos ao baptizado do filho de um primo do meu querido e, garanto-te, nenhum dos requisitos que descreves eram cumpridos. E um pormenor maior: os pais não eram casados e já nem estavam juntos!

Leni disse...

É por essas e por outras que a Igreja está cada vez mais vazia. Em vez de irem ao encontro das exigências do mundo actual cada vez se afastam mais! enfim...

Alminhas disse...

Pois é. Nem vou tecer nenhum comentário sobre o assunto, porque de certeza ia pecar! Por essas e por outras o meu F. ainda não foi baptizado. Recuso-me a mudar de padrinhos por causa dos "requisitos". Enfim... só me vêm à ideias palavras menos boas, por vou ficar caladinha.:) Beijinhos linda!

Dulce disse...

Olá Dina,
O meu filho só foi batizado quando fez a 1ª comunhão, por causa das "esquisitices" da igreja. Se fosse hoje fazia como fez o meu irmão batizava-o na igreja da freguesia vizinha. Isto para dizer que depende dos padres, não da Diocese!!!
Bjs
Dulce Barbosa

Fashionista disse...

verdade! que complicação!

MissBlueEyes disse...

Estas a ver pq o meu S nao e baptizado? :(

Unknown disse...

Por isso é que eu não me casei pela igreja nem vou baptizar a minha filha. Cada vez mais me revolta esse tipo de atitudes.
Depois cada padre age da maneira que melhor lhe convém. Há os que são intransigentes como esse que falas, e outros que permitem tudo. Conheço um que aceita padrinhos mesmo que não sejam baptizados, porque segundo ele os padrinhos não são mais do que testemunhas.
Eu não sou baptizada, mas tenho uma afilhada de coração, porque o sr. padre não me aceitou como madrinha, e olha que eu até me dispus para ser baptizada e tudo. Quem era para ser padrinho da menina era o tio dela que tem 12 anos, também não deixou porque diz que o moço não tem maturidade cristã.
Resultado, no papel ficou como madrinha a mãe do rapaz, e como padrinho ficou o meu marido, porque é baptizado, crismado etc etc etc.
Parece que para a igreja não interessa o valor que dás a uma pessoa para a escolheres para padrinho do teu filho. Tanto faz se conheces a pessoa há anos, como se a conheces há 1 dia. O que interessa é aquilo que eles acham.

beijinhos,
filipa

Dina disse...

Miss Shoes: Exactamente! Os padrinhos devem ser minimamente religiosos, mas depois o que conta é o interior das pessoas. Há beatas que são pessoas horríveis. Enfim, ninguém os muda...

Brandie disse...

Basta mudares de padre e tudo se torna fácil.

Opinante disse...

Já tinha ouvido essa história através de uma vizinha! Acho absurdo!
Por isso é que cada vez mais se afastam da igreja!

Dina disse...

Brandie: A questão é que faço mesmo questão de ser naquela igreja. Porque é onde faz sentido para mim o meu filho passar a pertencer à Igreja. É onde casei e tenho muita fé à santa daquele sítio. Afinal quando me disseram que não poderia ter filhos, foi ali que me recolhi :)

Nokas disse...

São essas pequenas coisas que afastam as pessoas da igreja...tenho um afilhado e o padre não queria porque não tenho aquelas coisas todas necessárias...sabes qual foi a solução? No livro de registo, onde diz madrinha, colocou "testemunha" em parêntesis...Diz lá se não é completamente ridículo...

Cláudia disse...

Fui educada na fé cristã, porém a partir dos meus 15/16 anos distanciei-me e hoje em dia estou no limbo entre agnóstica e ateia.

Não concordo com a maioria dos preceitos e dogmas da Igreja e do Vaticano e por isso me afastei e também por isso mesmo acho que quem conscientemente se rege por esses mesmos principios os deve respeitar. Todos sabemos quais são os principais pilares do cristianismo enquanto religião estruturada, podemos simplesmente não concordar porque somos livres na nossa opção, mas não acho que os devamos tentar alterar porque não concordamos com eles. Também não acho que a Igreja se deva moldar simplesmente para 'angariar' mais 'adeptos', uma vez que esses mesmos princípios estão lá desde a base.

Olhemos para o caso so islamismo, do budismo ou induísmo e será simples perceber como funciona essa questão complexa do que é ser 'militante' de uma religião.

Uma coisa é ser crente outra bem diferente é ser religioso (independentemente da religião em causa) e concordar e respeitar os livros é, para mim, o cerne da questão nesta diferença.

Isa disse...

É por estas coisas (e por outras semelhantes) que a igreja começa a ficar despovoada! Sou batizada e fiz a 1ª comunhão e casei pela igreja, e sou madrinha de uma criança! Não fiz a 2ª comunhão, nem sou crismada! E sinceramente ainda não sei se batizarei a minha filha, acredito em Deus, mas cada vez menos acredito na instituição "Igreja" e nas suas convenções "para inglês ver"

C*inderela disse...

Já quando foi para o casamento notei bem a diferença de padre para padre e de Igreja para Igreja. Há quem tenha ainda requisitos do século passado ...
Houve uma senhora que mudou-se para a Igreja cá do meu local porque o padre onde me fui casar não aceitava duas madrinhas em vez do tradicional casal. Mas como ela diss: para quê estar a escolher uma pessoa que não me diz nada só para fazer o casal?!

Bjokas

Anónimo disse...

Realmente, é incrível esse pensamento da Igreja!

Soneca disse...

Pois eu não esqueço o Padre que me disse, que qualquer pessoa baptizada pode baptizar outra. Claro que não fica registado no "livro dos homens" mas o objectivo é cumprido!

Sílvia disse...

Acho que varia muito de paróquia para paróquia. A minha madrinha quando batizou a filha teve imensos problemas porque quando a batizou já era divorciada e o padre não qeuria batizar a miúda. Arranjou outro padre e a criança já foi batizada. Mas apesar de ser como tu, ou seja ser católica q.b, blá blá blá acho esses requisitos de uma estupidez sem fim, ponto. E é por isso que a cada dia que passa me afasto um bocadinho mais da igreja. Por exemplo eu não quero casar, não tenho esse sonho, não é um objetivo, isso faz de mim uma má católica? A minha fé não muda por isso, mas aos olhos da igreja sou uma "pecadora (mais rápido viveria em união de facto do que me casava)

V. disse...

O que me irrita é que apesar de haver regras na prática cada paróquia faz como quer.
Eu sou baptizada, casei pela Igreja mas sinceramente tenho vindo a sentr um afastamento de tal forma que já não me identifico como Católica. Não tenciono baptizar a minha filha a não ser que ela queira mas se ela quiser e se lhe puserem esses requisitos todos simplesmente não vai ter padrinhos, porque não conheço ninguém próximo que seja crismado.

Maria Pitufa disse...

tens toda a razão... a Igreja Católica enquanto não se "modernizar" e perceber que o mundo já não é igual como à 100 anos, só vai afastar as pessoas!

Kuski disse...

Sabes que pode ter um padrinho e uma testemunha? Assim tens o problema resolvido ;)
O meu marido (casados pelo civil, somos ambos casados pela igreja com os nossos ex) foi testemunha do baptismo do meu sobrinho e a madrinha não tinha qualquer impedimento :)
Tenta esta opção ;)
Espero ter ajudado ;)
Beijinhos

MAG disse...

Eu quis-me Baptizar aos 9 anos, depois de ter escolhido a minha religião. O Padre não queria, visto os meus pais não serem casados pela igreja, e a minha mãe não fez mais nada chamou-me e pediu ao senhor Padre para explicar porque não me baptizaria. Foi remédio santo. Fiz o Baptismo, a Primeira Comunhão e o Crisma, tudo na mesma semana e sem ter idade ou educação para tal. E tenho o carimbo da Igreja e a assinatura do Padre a dizer que sou crismada na minha cédula pessoal!

MAG disse...

Ah e Fui Baptizada no Forte da Casa há mais de 20 anos ;)
Podes sempre fazer queixa do Padre...
Bjs

Maria disse...

Não consigo entender certos requisitos...afinal são mesmo esses que fazem das pessoas os melhores padrinhos e madrinhas?! Não me parece...Beijinho grande

Unknown disse...

Sou cristã católica praticante, e penso que as atitudes de padres e afins não deve alterar em nada a nossa fé, pois apesar de tudo a verdade é que não concordo com certas atitudes.
Em relação à atitude do padre que não quer baptizar pois os padrinhos não têm o crisma etc e tal é apenas a opinião dele pois conheço padres que aceitam padrinhos não crismados... É apenas a crença dessa padre.... e não é isso que deve abalar a nossa fé ;)

Dina disse...

Claúdia: A minha grande questão é «será que estes preceitos foram estipulados por Deus/ Cristo»? Ou foram introduzidos por homens para satisfazer necessidades políticas? ;)

Mafaldix disse...

Olá. Felizmente não tuve problemas nenhuns com o baptismo do meu filho, mas tive problemas tremendos para casar pela Igreja. Queria uma missa campal na quinta da família onde ia ser todo o casamento, mas o padre da nossa aldeia recusou pedir autorização ao bispo da guarda que era quem tinha de dar autorização. Eu tinha imaginado e pensado o casamento de uma maneira (o meu pai preparou um lindo caramachão de rosas para o efeito), mas o padre disse que os sacramentos eram na igreja - quando há centenas de casamentos assim todos os anos - e não estava para modernices. Não conseguimos chegar a entedimento, irritei-me com as ideias do padre (muito idoso e parado no tempo) e casei pelo civil, mas profundamente incomodada pelo facto de me ter sido negado o sacramento e de ter privado os meus avós, pais e sogra da alegria de sermos abençoados pela igreja.

Anabela Conceição disse...

Eu também sou católica, tenho fé e acredito em Deus, mas cada vez estou mais desiludida com a igreja enquanto instituição.
Cada paróquia tem as suas regras e são eles que afastam as pessoas.
Beijinho

Saltos Altos Vermelhos disse...

É uma parvoíce pois isso varia de sitio para sitio como quem diz de padre para padre... triste, tenho mesmo de o dizer!

Jo disse...

Estas restrições/requisitos também me irritam um bocado! E depois lá está, muda de acordo com o padre... o que se torna ainda mais estranho.

verniz escarlate disse...

Pior é que há padres que não baptizam miudos cujos pais não sejam casados pela igreja. Ou se um dos pais for previamente divorciado ou tiver outro filho com outra pessoa. Triste, muito triste

Karina Alves disse...

Olá. Antes de mais deixa-me dizer que adorei o teu blog.

Em relação a esse tema, eu sou madrinha de 3 crianças e não tenho o crisma!
Depende muito dos padres.

Eu não percebo porque tanto impedimento para se batizar uma criança. Enfim...

Beijinho*

Guinhas disse...

Não sou católica nem batizada e, obviamente, que respeito quem seja.De qualquer forma acho que a igreja católica está muito retro e não tem em valorização valores muito importantes, preferindo outros que não têm tanto significado.Irrita me, acho o cumulo da hipocrisia!
Sou madrinha de duas crianças, mesmo sem ser batizada..

м disse...

Isso é muito estúpido. Fui madrinha com 12 anos, sendo o padrinho mais velho. Na altura não era crismada, claro. E duvido um bocado que o padrinho seja. Nunca ouvi semelhante!! Acho que isso são "frescuras" de alguns padres. Teve o azar de encontrar um mais chatinho.