quinta-feira, 12 de julho de 2012

Sem palavras


Esta manhã enquanto dava de mamar ao S., estava a ver o Você na TV em que falavam de pais que delegam as suas obrigações às educadoras de infância. Ouviram-se testemunhos inacreditáveis como pais que dão ao pequeno-almoço à uma criança de quatro anos gomas e coca-cola para compensar o pouco tempo que passa com ela, pais que não dão banhos diários, que não mudam de roupa à criança de um dia para o outro, pais que quando avisados que o filho tem febre desligam o telemóvel durante todo o dia para não serem oportunados, etc.

Dizem que hoje muitos pais decidem ter filhos porque é isso que a sociedade espera deles e porque é "giro", mas já não existe o espírito de entrega e sacrifício para com os filhos. Porque estas carências não acontecem em famílias pobres mas sim em famílias de escalões altos e que se vestem muito bem, etc.

E levantou-se uma questão que me fez pensar. Quando uma mulher afirma que não quer ter filhos, é mal vista socialmente e chamam-na de egoísta. Mas quem será mais egoísta? Uma mulher que assume que não tem capacidade emocional para ter um filho ou alguém que dá vida a um ser mas que sabe à partida que não é capaz de colocar o bem-estar do filho a frente do seu?



16 comentários:

Anabela Conceição disse...

Eu também vi e não fazia ideia que existiam algumas situações que foram lá relatadas.
SInceramente acho que é muito mais honesto não ter filhos... se não estão preparados para assumirem o compromisso de ser pais (com todas as obrigações que isso acarreta), é melhor não serem.

Leni disse...

tb vi e sei que essas coisas acontecem porque sempre trabalhei na área...ui, tenho tanta história de negligência por parte dos pais...nem queiras saber.
Eu acho que quem não quer, não quer, não tem que dar satisfações. Às vezes é o melhor que fazem...

Sónia disse...

Conheço alguns casos desses. É do mais puro egoísmo ter filhos só ter filhos porque é giro e tal, é preferível não ter. Quem sofre nesses casos são as crianças.

Não Matem a Cotovia disse...

Tive várias discussões com colegas, por causa da história do "egoísmo".
Eu nunca quis ter filhos. Por diversos motivos sempre achei que não seria boa mãe. Acho que as pessoas que têm filhos, só pq é bonito, sem terem a menor ideia do que isso implica e sem qq preparação é que são egoístas. As crianças não são um brinquedo, nem um troféu para exibir. E tb não acho que é o nascimento de uma criança que nos muda, como por magia. Se assim fosse, não veríamos tantos casos de maus tratos nas notícias.
Acabei por engravidar por acidente e tenho de confessar que fico feliz por isso ter acontecido. Caso contrário nunca teria tido a minha princesa. Tenho muito que aprender com ela e acho que tenho a força necessária para conseguir ser mãe.

J. disse...

Eu sei bem o que é isso de os pais delegarem as suas obrigações às educadoras de infância e ainda só fiz um estágio :s há coisas incríveis e que, por vezes, nos tiram completamente do sério... há pais que sinceramente... nem vale a pena dizer mais nada!

Miss Star Pink disse...

Dina,
irresponsável é quem coloca filhos para o mundo sabendo que não tem condições psicológicas para os ter.
Eu própria, até há muito pouco tempo, achava que não tinha vocação para ser mãe.
Se era irresponsável/egoísta ao pensar assim? Não, pelo contrário eu tinha era noção q não tinha capacidade emocional, nem vontade de ser mãe.
Infelizmente, há muitas pessoas que têm filhos só pq é bonito e depois é ver essas desgraças por aí fora.
Espero q esteja tudo bem ctg e com o pimpolho. ;)

Beijocas

Devaneios.de.mestra disse...

O mal é que a falta de tempo é desculpa para tudo. Os meus pais também trabalhavam muito e passavam pouco tempo comigo e não foi por isso que eu comia gomas ao pequeno almoço. E claro que uma mulher que decide ter um filho mas não tem capacidade emocional para isso é muito mais egoísta. Mas nem todas as mães são assim, felizmente há mães como tu ;)

Kinhas disse...

É bem verdade! Infelizmente!
A minha mãe é educadora há 20 anos, e conta-me histórias horríveis. Miúdos que chegam ao infantário sem banho tomado porque os pais têm muito que fazer. Ou que os pais estão de férias mas levam os miúdos ao infantário e vão para a praia... porque precisam de "ferias" para eles!" enfim...

Polly disse...

Eu não vi, mas já li alguns comentários.
Concordo que quem não sente o apelo para ser pai/mãe não o deve ser. Acho é que quem verbaliza isso, ainda, é visto de uma forma muito recriminatória pela sociedade.
O que me entristece mais é mesmo os filhos, a solidão, a falta de amor e de carinho que devem sentir. A falta de tempo é desculpa para tudo. Se calhar não deviam era ter tido tempo para ter filhos...

Anónimo disse...

Olá!
Infelizmente essas situações não são tão incomuns quanto isso.
Eu tenho uma prima que é educadora de infância e conto-me que lá no serviço se viram obrigados a implementar férias para os miúdos. Ou seja, os miudos não podem ir durante 22 dias por ano ao colégio.
Isro porque havia paizinhos que se pudessem deixavam lá as crianças 24h/dia, 7 dias por semana, enquanto eles iam à praia, passeavam, etc. Ela diz mesmo que há paizinhos que chegam ao cúmulo de assim que o colégio abre deixam as crianças e só as vão buscar ao fecho (acho que o colégio abre à 7h30m e fecha às 20h, não tenho a certeza, porque houve uma altura que ela andava a dizer que a direcção andava a ponderar mudar o horário para evitar estas situações. E nem com pagamento acrescido a coisa lá vai).
Infelizmente é o mundo que temos...
Beijinhos e muitas felicidades

Jo disse...

Não vi e confesso que fiquei chocada com a realidade que aqui apresentaste! Certamente percebo aqui que não é uma questão de dificuldade financeira ou coisa que tal, é pura e simplesmente um 'não me chateiem', um não querer saber, uma falta de bom senso que - talvez ingenuamente! - pensei que não existisse... Mas está tudo louco?!

Relativamente à questão que deixas a minha resposta não podeia ser mais imediata... não acho que uma mulher - ou um homem - que não queira ter filhos seja má pessoa. Não temos que ser todos iguais, não temos que tomar todos as mesmas opções. Lido bem com isso, não me faz confusão absolutamente nenhuma. Já estas situações que apresentas, de puro egoísmo (estas sim!), não me parecem dignas de uma pessoa adulta com o mínimo 'de cabeça'.....

Cláudia disse...

Não vi o programa mas li a reportagem da SABADO que fala exactamente sobre isso. Por coincidência escrevi sobre isso também hoje.

É absolutamente inacreditável.

Jude disse...

É muito triste! Eu ainda estou longe de pensar em ter filhos, mas sei que se não tiver disponibilidade não o farei. É claro que quando se casa ou se vive tempo suficiente com alguém surgem as perguntas, de quando é que se tem o bebé... Mas sinceramente, apesar de adorar crianças e de na minha área trabalhar com elas, não terei um filho só porque sim, nem sei ainda se isso faz parte dos meus planos. Mas acho que mais vale assim do que ter um bebé e depois negligenciá-lo dessa forma!

Daniela disse...

Este ano, no meu estágio, também tive conhecimento de muitos casos destes, de crianças completamente negligenciadas, mulheres com filhos de 4 homens diferentes, adolescentes problemáticos devido à falta de limites dos pais... enfim... um grande rol de situações que dá pena.

E isto fez-me pensar muito acerca de ser mãe, que não é algo que eu quero por agora.
Acho ridículo que a sociedade ainda imponha que a mulher tem de ter filhos, caso contrário é uma fracassada ou uma egoísta.
Para mim, é uma opção como outra qualquer. Antes não ter filhos do que não lhes dar o apoio e amor que eles merecem.

bjinho

Guinhas disse...

Eu não quero ter filhos, assumo.Muitas vezes já ouvi chamarem me egoista. A verdade porém é que há muitas mulheres e homens que não deviam sequer ser pais. Outra coisa que acontece mto é chamarem me egoista e dps dizem "e quando fores velha..quem cuisa de ti??". E eu pergunto "E eu é que sou egoista e penso em mim??!!Ou eles é que pensam em si, quando forem velhotes e haver alguém para tomar conta!"

Angie disse...

Olá, eu não tive filhos por opção. Não acho que não tenha capacidade emocional, apenas nuca senti o minimo instinto maternal. Gosto de crianças, muito, mas nunca me apeteceu tê-las. Fui muito censurada por isso. Tenho 43anos, casada há 17, e não me arrependo. Foi uma decisão a dois. Estamos bem assim. E note-se que tenho meu marido desempregado já há 2.5 anos e se tivessemos um filho era bem pior. Assim a muito custo lá nos vamos aguentando. As decisões sobre a meternidade e a paternidade são de cada um ou do casal, desde que tomadas com a devida consciencia e certeza.