Ninguém conhece ninguém. Não na sua mais pura essência. Só conhecemos aquilo que a pessoa nos transmite, nos deixa conhecer. Há pessoas que só abrem uma pequena brecha na sua alma, para os outros o descobrirem. Mas também, há pouca gente que perde tempo para tentar descobrir os outros. Nem a nós próprios nos conhecemos verdadeiramente: nunca sabemos como iremos reagir perante certas adversidades da vida, o que somos capazes de fazer, etc.
Dizia-me alguém que «conhecemos os outros à sombra da nossa própria vida». E é por isso que tantas vezes julgamos os outros por serem diferentes de nós. Para conhecer o outro temos que auto-anular os nossos preconceitos. Abrir a nossa mente aos outros. Saber apreciá-los pelo o que são, e não pelo que gostaríamos que fossem. Temos que aprender a descobrir as pessoas à nossa volta. Mas também temos que deixar que os outros o façam: não ter medo de nos assumir, de mostrar as nossas fragilidades (que são muitas vezes as nossas maiores forças),etc. Este é um jogo recíproco: do dar e receber, que hoje em dia pouca gente conhece ou aplica as regras.
Por isso muita gente se sente magoada e traída quando descobre "segredos" de outras pessoas que pensavam conhecer tão bem: os seus filhos, o seu companheiro de vida, os seus pais, etc. Porque põe em causa toda a imagem e a vida que criamos em volta desta pessoa. Que muitas vezes só existe em nós. A imagem dessa pessoa é uma realidade que só existe na nossa mente, porque nós criamos toda a gente à nossa volta, moldámo-los à nossa imagem. Seria tão mais simples e bonito vê-los sem «a sombra da nossa vida», mas é uma verdadeira utopia...
11 comentários:
Este texto é tão, mas tão verdadeiro...
Beijo*
É mais fácil ver os outros sob a nossa luz e não sob a sua luz própria...às vezes é um mecanismo de defesa!
A nossa alma é um labirinto insondável...
É verdade... Só conhecemos aquilo que os outros nos querem mostrar. Se não querem dar mais a conhecer... Imaginamos e fazemos uma ideia, quiçá errada, daquela pessoa, daquilo que ela a nós nos parece.
Por outro lado, será que as pessoas que estão à nossa volta não mostram apenas aquilo que também nós mostramos a elas? Quero dizer: nós só nos damos a conhecer até um certo ponto. E é apenas isso que recebemos em troca: aquilo que damos (nem sempre, mas na maioria das vezes). Acho que quem está do outro lado sente até onde queremos ir. Como retorno, "oferece" o mesmo porque não se sente à vontade para ir mais além... Não será um pouco assim?
:)
Nós gostamos de tornar tudo muito simples (às vezes), gostamos de transformar uma pessoa para que ela entre na nossa zona de conforto e assim a nossa vida deixa de ser uma surpresa constante e arriscar fica fora do nosso vocabulário.
Beijinhos,
Bomboca do Amor.
Sorriso: Às vezes é verdade. Há relações assim, que não se completam totalmente porque nem um nem outro deixa. Mas por vezes, tu dás tudo ao outro, e sentes que o outro não te dá metade. Em amizade, ocorre muitas vezes, e não gosto nada...
Uma reflexão que nem sempre conseguimos fazer...nem mais aorei o texto Dina;)
Beijinhos
Querida Dina, fazes uma análise tão lúcida!! Deixas-me a meditar... e é isto, uma das coisas de que eu gosto nesta esfera!
Mt bem!
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UUUUIIII é mesmo verdade. Até me arrepiei ao ler este post. Não conhecemos verdadeiramente ninguém. E a mim também ninguém me conhece verdadeiramente.
Bjo
nem eu própria me conheço ainda! e olha que surpreendo-me com cada coisa que faço, fiz e possivelmente ainda farei (espero que não, chega de asneiradas)!
Ninguém se conhece verdadeiramente e isso implica não conhecer ninguém na íntegra por isso isto do ser humano é uma montanha russa, a cada dia há uma surpresa umas boas e outras más! Há que dar tempo para se aceitar as más porque as boas são aceites de imediato!
bjs
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