terça-feira, 31 de maio de 2011

Desejo ou fidelidade?

 
«Um Casamento não se mantém pelo Desejo, mas pela Vontade de Permanecer fiel num casamento não é algo que se faça por desejo, mas por vontade. A sede de outras mulheres não desaparece, mas aumenta com o tempo. Contudo, o respeito, o amor e o medo de arriscar uma relação preciosa mantêm uma pessoa afastada do adultério. Muitos homens escondem o seu desejo por outras mulheres tão profundamente dentro de si que ficam horrorizados quando ainda vêem as suas cintilações. Outros olham isso com desprendimento, como para um animal numa jaula, uma jaula da sua vontade. 
Mas até que ponto esta jaula é de confiança?»

Alexander Puschkine, in 'Diário Secreto'
 
Ontem li esta citação no blog Girl in the Cloud e fiquei a pensar nisto... Se pensarmos no desejo carnal, animalesco, como um instinto, que acredito que o ser humano também sinta, tal animal; acho que sim, um homem pode sentir-se ao longo da vida atraído por outras mulheres, apesar de amar a sua esposa. Por mais que nos custa, não é condenável: é instinto, é natural. E falamos de homens, como poderíamos falar de mulheres. 

Acredito que a diferença entre sentir desejo e trair está na importância que se dá ao seu relacionamento presente. Será que compensa pôr em causa uma relação de anos, com amor, companheirismo, respeito mútuo, filhos, por um momento de desejo? Acredito que muitos homens pensam nisso nestes moldes. Acho que a frase «jaula da sua vontade» diz tudo. E depois há homens que são mais fiéis do que outros. Todas conhecemos amigos masculinos que sabemos que não foram feitos para uma relação a dois. Terão sempre casos. 

Agora a pergunta é se essa jaula é de confiança? Será? Nunca poderemos ter a certeza. Acredito que para a relação funcionar ele terá que estar numa jaula, mas com a porta aberta. Não é limitando os seus passos que garantiremos a sua fidelidade. O mais agradável, é ele ter a sua vida, as suas amigas, as suas saídas, e mesmo assim continuar ao nosso lado, com vontade de permanecer-nos fiéis. Como digo, não é algo que me preocupa, porque se tiver que acontecer, acontecerá. Para minimizar riscos, entrego-me a 100% à nossa relação, porque quero acreditar que se estiver feliz ao meu lado, não quererá estragar o que, à grande custo, construimos.

E vocês, que pensam disto?

12 comentários:

Especialmente Gaspas disse...

Ainda no outro dia pensava nisso do ponto de vista da mulher. Vivas que estamos é normal sentirmos atracção ou desejo por determinados especimens masculinos.

Há as que saltam a cerca e as que ficam a remoer por dentro por se controlaram mas conservam o seu casamento e a cima de tudo o: Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti.

Quando pensava sobre este tema esbarrei com a frase:
"( ... ) um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse ,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela ."
(Alberto Caeiro)

E terminei assim os meus pensamentos sobre este tema:

O desejo que a mulher sente pelo homem que desejou a dado instante, provavelmente quando o conhecesse nem ia gostar dele! hahaha Portanto o melhor é continuar com o namorado ou marido e não estragar o que tem!!

:))

Lux disse...

Querida, não acredito em jaulas seguras a 100%...
O desejo por outra pessoa é normal, é o nosso lado animalesco... O controle sobre isso, é que é Humano, racional...
Por isso, por muito que queiramos nunca podemos ter certezas absolutas sobre a outra pessoa, porque nem sobre nós a devemos ter!

xoxo
Lux

Nokas disse...

Tenho um amigo que diz que desejos por outras mulheres terá sempre...e acredito que o mesmo de passa com as mulheres! Mas é como dizes, quanto mais desconfiança existir pior...há que deixar a porta aberta, não viver enclausurado e exclusivamente para a outra pessoa.

Anabela Conceição disse...

Eu concordo qd dizes que o excesso de desconfiança não ajuda, aliás só piora a situação.
Acima de tudo, acontece se tiver que acontecer. A outra parte deve é ter sempre a consciencia de que se entregou a 100%.
Bjs

Achados de Decoração disse...

Dina, querida! obrigada pelo "parabéns" Amei sua visita bjs
Carmen

Flutuações da mente disse...

Verdade!
Aguardo, quem sabe, uma seguidora em flutuações da mente :-))))

madeMOIselle disse...

Olha que bela questão...

Há de facto muito por onde divagar.

Mas recordo-me de uma frase da MRP (sim sou pirosa e gosto dela) que dizia que a,mar alguém é ensinar-lhe a ser livre. Porque, se o amamos, já o temos para sempre.

Acho que isto diz tudo.Se amamos alguém, esse alguém já nos pertence para sempre. Eu acredito nisto. Se o amamos queremos que ele QUERIA ficar (só) connosco e não que ele TENHA de. Por isso ensinar alguém a ser livre, fomentar a ideia de que nós também somos livre e ambos podemos partir quando assim decidirmos, ou então ficarmos para sempre, se for isso que nos faz feliz, se conseguirmos trabalhar a serio nisto, acreditar e praticar, acho que parte da nossa felicidade está assegurada. :)

Anónimo disse...

Muito bom este post!

Dina disse...

Especialmente Gaspas: Realmente a citação de Alberto Caeiro diz tudo.

Mademoiselle: acho que tens toda a razão ;)

Filipe disse...

O desejo sente-se pelo que se vê… o amor só se vê quando se sente (e momentos há em que nem sequer se vê, quantas vezes não temos a opção de contrarias os sinais)! É cego e mesmo assim criam-se tantas imagens… Aproveitando um comentário acima, poderia mesmo dizer que no amor, quando abrimos os olhos… as janelas para o mundo… nunca percebemos bem porque nos enamoramos por aquela pessoa… mas depois sentimos tudo o resto…todos os outros sentidos ameaçam a visão, percebemos então que, depois de aberta a janela… aquela pessoa não é apenas a pessoa… é acima de tudo o significado que tem para nós, sendo que poderão existir vazios nos “conceitos”… sentimos algo que não sabemos bem o quê nem porque… sentimos que há um significado oculto que nos significa imenso! : )
O desejo, pelo contrário, vive e alimenta-se dos olhos. O desejo tem sempre mais olhos que barriga, deixa-nos com esperanças de viver uma página diferente na nossa vida. Mas o livro da vida vive de capítulos, e cada capítulo tem sempre uma consciência única que, por isso, vai influenciar tudo o mais. Claro que há sempre quem seja desprendido ao ponto de continuamente escrever o seu próprio livro com tinta transparente, restando no fim, uma enorme sensação de vazio.
A intensidade das coisas que vivemos não se mede pela sua durabilidade mas nos efeitos que nos causam. O desejo é o combustível ideal para incendiar todas as memórias e consciências… mas no fim, há sempre uma réstia de cinzas que, inevitavelmente irá colorir de cinzento algo que pensávamos ser unicamente vermelho.
Não sendo eu casado… obviamente que há sempre uma série de questões que me ultrapassam… é sempre muito mais fácil falar sobre estas coisas quem está por fora.
Devemos sempre valorizar aquilo que realmente tem valor… por isso, pensem apenas nisto, qual destas “palavras” – amor e desejo – qual delas vos transmite mais adjectivos?! Pensem nos adjectivos… e sintam os significados que cada um deles tem para cada um! E depois, no fim… sobra sempre um sorriso… que será distinto pelo olhar que guardamos.

(e pronto... acho que já chega... :p compreendo até que nao cheguem a ler este parentesis!) :))

Dina disse...

Filipe: Eu li o parêntesis final ;) ACredita que estava a publicar o post e a pensar no teu comentário. Consegues sempre transmitir coisas tão verdadeiras e simples, com tanto romantismo e beldade... Gostei muito!

Girl in the Clouds disse...

Quando publiquei este comentário achei bastante interessante o texto escrito por um homem e define a fornteira entre a fidelidade ou não. E, concordo contigo devemos deixar a porta aberta e viver em liberdade, o que tem que acontecer acontece....