É nesta altura do ano que mais sinto saudades da "terra". Este período da Quaresma é vivido de uma forma tão mais intensa na aldeia do que aqui na cidade. E não falo apenas de questões religiosas.
É todo um clima que se vive e que anima as gentes da aldeia. São os cheiros que são diferentes, o ritmo, uma azáfama para a chegada da primavera. As pessoas abrem e arejam as casas, pintam os seus lares e preparam-se para uma renovação do seu quotidiano. É o cheiro da lenha a queimar nos fornos para os folares e o cabrito assado. É o amassar dos folares, o cheiro dos enchidos a serem cortados, as conversas mais demoradas à porta das casas depois de meses de inverno em que todos se recolhem. É um renascer depois de meses rudes. É aquele sol numa abrigada que revigora o corpo e a alma. É a natureza a dar sinais de um tempo melhor que há-de chegar em breve.
E depois são as tradições religiosas, que são vividas com mais intensidade: a visita pascal, o domingo de ramos, o convívio entre familiares e vizinhos.
Enfim, tenho sentido um aperto no peito de saudades. Preciso do toque daquela terra, de respirar aquele ar, para me reencontrar, para me revigorar, para me sentir mais em paz comigo mesmo.
1 comentário:
Às vezes custa, não é?
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