Há sempre duas maneiras de encarar o mesmo acontecimento. Nenhuma delas está errada. Mas ou nos deixamos subjugar pelos acontecimentos ou aprendemos com eles e seguirmos em frente, sempre mais fortes.
Até à morte do meu pai, nunca festejei o meu aniversário. Nunca foi uma data que me dissesse ou entusiasmasse muito. Nunca organizei festas de anos.
Mas chegou o ano em que o meu pai partiu. E recordo-me de um dos últimos aniversários dele. Magro, debilitado, depois de 3 meses internados no Hospital Universitário de Coimbra. A alegria infantil a festejar o aniversário num quarto hospitalar, com toda a equipa de enfermagem reunida no quarto, ele a bater palmas, partilhando bolo e champanhe. Vejo-o ainda hoje a percorrer o Serviço com balões coloridos agarrados ao suporte do soro. Aquela felicidade pura e brilhante de quem está vivo e está feliz por isso. Simplesmente por isso: estar vivo.
As circunstâncias podem não ser as perfeitas, mas há sempre maneira de ser feliz. E isso foi o grande ensinamento que o meu pai me deixou. Aprender a dar valor a qualquer instante, por mais fugaz que seja, não me queixar por não estar exactamente onde quero ou ter tudo o que quero, mas alegrar-me porque estou aqui e isso é o melhor que posso ter naquele momento.
Hoje o meu Grande Homem faria anos. E mais logo vou fazer um brinde ao pai que ele foi para mim. Porque tive tanta sorte por ele fazer parte da minha vida. Foi demasiado pouco tempo mas cada instante ficou gravado em mim para sempre.
4 comentários:
Aprendi o mesmo com a minha Avó. EssenciLmente em relação ao Natal. Um beijinho enorme.
Palavras bonitas, querida Dina.
Não consigo imaginar o vazio que deve causar tamanha falta na nossa vida. O que torna ainda mais bonito e de valor as tuas palavras.
Abracinho apertado.
Gelatina de morango: obrigada! É uma perda que nunca se supera. O tempo não cura, mas faz-nos sentir em plenitude, porque eles continuam connosco sempre.
Coquinhas: muito obrigada. beijinhos
Do mau conseguir tirar um bom ensinamento. beijo Dina
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