terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Desacatos familiares


Em pleno século XXI, continuamos a sofrer do flagelo da violência doméstica. Deixou de ser tabu, mas o drama continua a existir atrás da porta de milhares de famílias. Com o Luís nas patrulhas, coexisto mais com esta realidade. E sinto-me cada vez mais revoltada. Os anos passam, mas nada mudou: as mulheres continuam a aguentar as pressões e as pancadas pelos seus filhos. Porque têm medo. E revolta-me porque sei como as forças policiais lidam com estas situações. Está tudo errado, tudo leva a que a mulher pense duas vezes antes de apresentar queixa, antes de sair de casa. Ele conta-me que chegam a ir dezenas de vezes a mesma casa mas que tudo fica apontado como «desacatos familiares». 

Já era tempo de se fazer algo de concreto para se resolver este drama. Ajudar realmente a vítima, e não fazê-la sentir a ela como a culpada. Formar as forças policiais (na grande maioria homens) para lidar com a vítima, em sua casa. O pior é que todos estamos sensibilizados para este problema social mas quando somos confrontados cara-a-cara com ele: temos medo de seguir em frente, viramos costas, porque ainda impera o «entre marido e mulher não se mete a colher»... O mundo pode evoluir mas com ele também crescem os seus males...

13 comentários:

Sairaf disse...

É triste que continuem a morrer mulheres, só no ano que passou morreram cerca de 36, quantas mais terão de morrer para que isto seja travado.
Aqueles que vêem e lidam com essa realidade devem ter uns nervos de aço, a mim revolta-me e entristece-me, porque não há nada pior que uma mulher que não tenha coragem de dizer basta, não só por filhos, por a família, mas acima de tudo por si, por a sua dignidade e respeito.
Bom ano Dina
Com carinho e admiração
Abraço doce
Sairaf

a Gaja disse...

Juro que não entendo este tipo de situações. Por fora também não se pode fazer muito, conheço casos em que elas seguem todos os parametros legais e por aí mas no fim porque gostam deles perdoam tudo. É muito complicado, as mulheres têm que perceber que não há desculpa possivel e que quem faz uma vez faz outra e outra até atingir proporçoes medonhas. As forças policiais como em todos os casos também nunca se querem envolver demasiado porque à minima coisa também podem ser processados. Quando foram chamados à casa da minha irmã por uma situação dessas disseram que só podiam entrar em casa caso ele a estivesse a agredir porque assim, enquanto ele não fizesse nada ele podia apresentar queixa contra eles...é muito complicado. A mente das mulheres tem de evoluir e os homens têm de deixar de ser parvos e perceber que todos temos direito a viver na paz e sossego.

Unknown disse...

é o chamado pau de dois bicos...na mh humilde opinião se nos apercebemos de alguma situação devemos (TEMOS A OBRIGAÇÃO DE) denunciar.

Por vezes a vergonha, o medo, levam a que elas e eles sim pq tb existem homens vitimas de violência doméstica) se calem...e nós devemos falar por eles.

Nunca fui vitima de violencia domestica...mas não sei o dia de amanha, mas antes comecar de novo a ter de me rebaixar perante um homem.

Temos de dar formação as nossas policias para saberem como devem efectivamente lidar.

Não podemos tolerar que morram por ano 39 mulheres...

Bailarina disse...

É uma tristesa que as coisas ainda sejam assm e é uma tristesa, nós ainda nos calarmos. Sim, nós porque eu calei-me durante muito tempo e ainda hoje não percbo porquê. E como eu, muita mulher da nossa idade e ainda e fase de namoro passa por isto, é triste mas é uma realidade. Passei um mau bocado e ele ainda me dizia, que não valia a pena e fazer queixa dele, porque nunca lhe iriam fazer nada. Hoje em dia olho para trás e sei, que se tivesse continuado com ele, a este momento poderia muito bem estar morta como infelizmente acontece a muitas. Eu sei qe estou a ser fria demais, mas realmente é esta a realidade...

Mami ( Sónia ) disse...

Isso é triste até porque a violência doméstica passou a ser considerado crime publico, não é preciso que a mulher apresente queixa, pode ser um vizinho a fazê-lo.
É muito triste que ninguém se meta.
Eu confesso que já me meti, tinha uma vizinha de baixo que estava aso gritos a pedir ajuda e só ouvia portas a bater e coisas a partir chamei logo a policia, não sei como se resolveu a coisa porque eles pouco depois deixaram esta casa.
Mas temos de nos meter mais vezes. sempre que dermos conta que isso acontece. Não temos de ter medo.

Verinha disse...

É uma situação muito complicada, antes da violencia fisica há sempre a violência psicologica. E é por isso que as vitimas raramente têm coragem para denunciar os agressores. Ouvem coisas do género "se contares a alguém mato-te/faço/aconteço" as vitimas ficam com pavor mesmo. Eu compreendo perfeitamente as vitimas que não têm coragem para acabar com a situação.
Eu vivi num ambiente de violência doméstica desde muito pequena, sei as vezes que eu propria chamei a GNR e ninguém apareceu. E sei os anos que levei a convencer a minha mãe a apresentar queixa.
Fui inquirida pela GNR, contei tudo desde os meus 5 anos até àquela altura e no fim dizem que eu fantasiei, que ninguém tem memoria dos 5 anos de idade!!!
Ele anda aí livre que nem um passarinho, acho que foi condenado a pagar qualquer coisita (uns 5.000€)à minha mãe, que nem chegou a pagar.
A minha mãe teve 2 esgotamentos nervosos, passava o dia sentada na cama a olhar para a parede, não reagia a nada nem ninguém. Levava pancada só porque sim e porque não. Varias vezes desmaiou com a pancadaria. E depois dizem que tenho uma imaginação muito fértil, ah e com testemunhas das coisas que se passavam quando eu era pequena!
É este o pobre país que temos...

Sempre que sei de violência doméstica eu denuncio! E é isso que todos devemos fazer!

As nossas autoridades e a nossa justiça devia começar a colaborar mais!

Rita disse...

É uma coisa que me faz muita confusão =( *

Dia - a - Dia disse...

Conheço um casal assim, aliás dois e o último nem é casal, são apenas namorados, ela 22 e ele 34, divorciado. Elas dizem que têm de mudar, que vão sair de casa e tal e no fim deixam-se ir ficando, sempre com os mesmos homens, com a mesma vida...

É triste, elas tb têm de estar dispostas a deixar tudo para trás, senão nunca vão ter uma vida dita normal.

Kisses*

Dia - a - Dia disse...

Conheço um casal assim, aliás dois e o último nem é casal, são apenas namorados, ela 22 e ele 34, divorciado. Elas dizem que têm de mudar, que vão sair de casa e tal e no fim deixam-se ir ficando, sempre com os mesmos homens, com a mesma vida...

É triste, elas tb têm de estar dispostas a deixar tudo para trás, senão nunca vão ter uma vida dita normal.

Kisses*

Filipe disse...

Esta é uma realidade bem presente nos nossos tempos. Portugal continua a ser um país de mentalidades estagnadas no tempo... homens e mulheres!
Existem mil e um factores que conduzem a esta realidade... e nenhum deles poderá ser desculpa ou motivo pra justificar actos de violência para com aqueles que escolhemos ter do nosso lado.
O que é certo é que continuamos a ouvir, homens e mulheres, a tecer certos comentários e criticas relativamente à violência doméstica que fazem perceber muito bem a realidade portuguesa.
O machismo existe... e está bem presente... por mais modernos que tentemos fazer crer a tudo e todos, continuamos a ser retrógrados e culturalmente limitados.
Certamente havia muito o que escrever por aqui... este é um assunto sobre o qual é muito fácil de falar, provavelmente o problema é mesmo esse, todo o mundo está de acordo e parece comungas das mesmas preocupações, mas a realidade mostra-nos algo muito diferente.
Todos sabemos que isto se resolve com a educação… com a escola e com a família… mas todos nós também sabemos que, assim como há pais que fazem valer a “voz de pai” para colocar na linha os filhos… também há mães que educam os filhos – rapaz e rapariga - de acordo com as “regras” que implicitamente existem na sociedade. Um breve exemplo… um rapaz pode sair sozinho e até tarde… uma rapariga, sai com as amigas e por norma tem hora marcada pra regressar. Por isso… obviamente a mulher é a principal vítima da violência doméstica, mas também é ela a principal influenciadora da educação que um filho tem. (para nem sequer falar de que, por norma, um filho rapaz sente sempre mais apego pela mãe – não querendo dizer que goste mais da mãe do que do pai!)

Mariana disse...

isso de não se meter a colher entre marido e mulher não concordo totalmente, uma vez que quando existem problemas deste género, devemos tentar ajudar o mais possível. Acho que por mais que mulheres lutem e por mais associações que haja contra a violência doméstica, haverá sempre mulheres com medo de sair da sua sombra e denunciarem os agressores.

Fios de Vida disse...

Pois, é muito triste realmente. Mas sabes o que me espanta mais é a dificuldade que existe em fazer o que quer que seja para proteger as pessoas que sofrem agressões... Ainda se sentem "culpadas" por ter feito queixa... São situações muito, muito complicadas que podem acabar muito mal. As pessoas que as vivem precisam de ajuda e às vezes não fazem mais porque não podem ou não conseguem...
Bom Ano, querida! Beijinhos

Nokas* disse...

É um fenómeno crescente, infelizmente. Quando se pensa que eventualmente hoje em dia as mulheres estão mais consciencializadas para o problema, a verdade é que nem sempre isso corresponde à realidade. Ainda há muitas situações encobertas, ainda há mulheres que MORREM nas mãos dos agressores. Mas claro que também considero que se tem caminhado para um avanço no que diz respeito à forma de pensar e encarar este problema social. As mentalidades estão a evoluir, mesmo que a um ritmo lento. Compete-nos a nós, sociedade em geral, fazer com que este fenómeno tenha cada vez mais visibilidade e seja menos frequente.