Agora que a polémica das manisfestações da última greve geral já assentou, acho que posso falar. Tenho a dizer que não sou uma grande defensora da força policial: sei ver os seus defeitos e sou a primeira a apontá-los, sendo este um dos principais motivos de discórdia lá em casa.
Muitos criticam o papel da polícia: ora são uns chulos e caçam multas, ora estacionam mal os seus carros, etc. Mas há uma verdade que muita gente se esquece: que só multando e reprimindo os que fogem à lei, é que os outros cidadãos conseguem viver em segurança. E é pela segurança que estes homens trabalham. É para que nenhum bêbado cause um acidente ao volante e lhe mate o seu filho, se estacionam mal o carro é porque saem em urgência porque uma mulher está naquele momento a sofrer violência doméstica, etc. Os exemplos poderiam ser muitos.
E depois eu sou formada em Comunicação e decidi não seguir jornalismo por uma questão ética. Porque as notícias são feitas para vender. Porque são descontextualizadas para vender. E sem contextualização o povo só vê o que aquele editor quis. Há que tentar perceber o que vai além de algumas imagens e textos. Por exemplo, e é só um exemplo, aquela foto da jornalista da France Press. Alguém vos disse que o polícia exigiu a um manifestante que se afastasse. Este pegou numa cadeira e acertou no polícia com ela. O polícia pegou no cassetete e o manifestante pegou na jornalista e serviu-se dela como escudo... E aí está uma bela foto que correu mundo.
Não gosto de ouvir falar da repressão policial como se tivêssemos voltado ao tempo da PIDE. Eles estão ali para nos proteger e para vivermos em segurança. Para para isso há que por vezes lutar contra criminosos. Claro que por vezes também erram, não é isso que está em causa.
E não nos podemos esquecer que são homens. Homens destacados longe de casa, com um salário base de 700 euros, com ordens rígidas às quais têm que obedecer mesmo que não concordem, homens que têm que pagar a farda e o carro e material caso aconteça alguma coisa. Homens que não têm subsídios de risco. Homens que não ganham mais nos feriados e fins-de-semana, nem quando fazem horas extras para ir a tribunal durante as suas férias para o juiz soltar o bandido. Homens que dão a cara e a da família pelo ideal que é o da segurança.