Não acredito em almas gémeas, da forma como a maioria as define. Penso que se inventou este conceito para desculpar certos fracassos amorosos constantes, dizendo: «um dia, ainda hás-de encontrar a tua alma gémea». Como se encontrar uma alma gémea é inato, não requerendo trabalho, com promessas de uma vida a dois perfeita.
Sim, há almas que combinam perfeitamente: não precisam de falar para se entenderem. Partilham intensamente momentos. São felizes juntos, como se fossem apenas um. É uma relação de amor incondicional, de amizade, cumplicidade, etc. Mas encontrar e viver com a sua «alma gémea» requer sacrifícios e devoção, o que actualmente muito pouca gente está disposta a fazer. E uma alma gémea pode não ser um companheiro: pode ser uma amiga, um filho, uma mãe.
Eu tenho 4 almas gémas na minha vida. O meu marido: mas quando digo alma géma, não pressuponho que a nossa relação seja perfeita. A procura da perfeição condiciona demasiado a felicidade a dois. Tenho a minha sobrinha mais velha: somos inseparáveis e desde crianças que nunca nos chateamos. Vivemos na plenitude. Tenho uma amiga cuja relação é por vezes difícil, mas basta um olhar para nos percebemos, basta um silêncio para contar as nossas mágoas. E depois o meu pai: a união era tanta que ainda hoje a sinto na perfeição dentro de mim.
As almas gémeas são as nossas outras metades. Mas como tudo, pode haver sempre defeitos e deficiências. Mas aprende-se a viver em sintonia com estas metades. Encontrar a nossa alma gémea não é uma questão de sorte: é uma questão de estar disposto a acolhê-la.