quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Estou fula


Há toques ainda piores do que os relatados no post abaixo. A sentença do meu marido saiu hoje (aquele processo por causa de um toque com a viatura da PSP num caso de assalto a um banco com vítimas): 30 dias de multa! Ou seja, um mês a trabalhar de graça!! Estou tão revoltada com o nosso sistema!

Só me apetece chegar à esquadra e partir os carros todos. Tenho a certeza que não me aconteceria nada. Os vândalos saem sempre impunes. Agora um homem de trabalho que se dedica diariamente ao cidadão, que arrisca a sua vida pelos outros, não. Estás no exercício das tuas funções, cumpres ordem, mas se algo corre mal a culpa é tua.

O Estado português está falido, mas continua a comprar carros de alta cilindrada para os membros do Governo, enquanto que os carros da PSP não têm seguro. Pois, mas quem ganha 600€ é obrigado a pagar seguro automóvel, mesmo agora que deixa de receber parte do subsídio de Natal.

Só me apetece mandar toda a Instituição à merd*. E muito mais. E o dinheiro faz sempre tanta falta... Que raiva!

Post estúpido [e como não dá para mais...]


Na vida, tudo é uma questão de perspectivas:
  1. Acho que se os homens percebessem a quantidade de sexo que advém de uma tentaiva de gravidez, nenhum ficaria assustado com esta questão...
  2. Se uma mulher sonhasse com o que lhe espera, nomeadamente os belos dos exames, ficaria desde logo assustada. Ontem tive direito ao meu primeiro toque. Eu deitada naquela maca, a olhar profundamento para o tecto branco, só me veio uma lembrança em mente: os episódios do BBC Vida Selvagem em que os veterinários punham o braço todo dentro da vagina da vaca. Sim, ontem senti-me uma verdadeira vaca. E houve ali em toques muito suspeitos... (não, nada de felicidades porque não estou grávida. Um problemazinho levou-me à CUF só para descarte de consciência  (ou o meu marido não fosse tão chato e teimoso) e depois tive direito ao tratamento completo...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Devo ter um fusível a menos


O meu marido chegou ontem a casa depois de 12 horas de serviço todo animado e sorridente. Estava eu sossegada no sofá a folhear o novo catálogo IKEA, quando olho para aquela cara e na minha mente de mulher desfilam mil e umas razões, em velocidade super-sónica «tramou aquele colega de quem não gosta nada?! Será que é um caso com a colega?! Ganhou a lotaria? ...» Aquele sorriso era suspeito.

E então começou a desbobinar a história que o deixava tão feliz: «Amor, hoje andamos aos tiros!!» E tive direito aos pormenores todos das cenas de cowboys em que andou metido. A minha cara deve ter mudado mais de mil vezes e assumir um ar assustado e preocupado. Claro que ele estava bem, mas são tiros, porra... E para mim tiros mete logo armas de fogo, ferimentos, sangue, etc.

E pronto. Culpou-me de falta de entusiasmo. Era porque devia de gostar de partilhar com ele os momentos bons da vida (??). E saiu amuado porta fora. A minha mãe bem me dizia que os homens não foram bem acabados. As mulheres foram criadas da costela de Adão, mas com a costela também veio o bom senso. E pronto lá tive que ser eu a pedir desculpa e a explicar-lhe que uma mulher normal fica preocupada quando sabe que o seu marido esteve envolvido num tiroteio. Eu juro que merecia alguém mais sensato. Ou eu uma dose extra de loucura para aguentar este casamento (eu sou feliz com ele, muito, mas há dias em que precisava de fazer uma actualização de software para o entender).

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Leituras de verão...


 O Último Ano em Luanda de Tiago Rebelo retrata a história de Regina e Nuno nos últimos meses do império português em Angola: as perseguições, a guerra civil, a ponte aérea para Portugal. Francamente estava a espera de mais deste livro. Há partes mais chatas, mas no geral é uma leitura leve que se lê bem, com algum suspense... Terei que ler algo mais deste escritor para formar uma opinião concreta. 2/5

Sempre adorei a escrita de Sveva Casati Modignani: tem livros realmente muito bom: Baunilha e Chocolate, Desesperadamente Guilia, entre outros. Mas alguns livros mais recentes ficaram aquém da mestria habitual, como o Feminino Singular e o Jogo da Verdade. Mas dei-lhe uma nova oportunidade com Lição de Tango e francamente não me desiludiu. A história é fantástica e captivante. Conta a história de Matilde, uma pobre velha, e de Giovanna, que nada parece unir. Aconselho vivamente! 4.5/5 


Tenho por missão ler todos os livros de Ken Follett. Desta vez, escolhi A Ameaça. Foi dos livros dele que teve mais dificuldade de me envolver. Nas primeiras 100 páginas, perguntamo-nos quando é que a acção vai finalmente começar, mas quando começa, não conseguimos parar mais de ler. Acreditem. É um thriller policial (diferente do policial comum) que retrata um roubo a um Laboratório farmacêutico de alta segurança, onde estão armazenados vírus altamente mortíferos. 4/5

Senão, alguém me aconselha assim um livro muito bom sobre a Guerra Colonial?? Obrigada!

Por um bem maior...


Ao longo do tempo, tenho aprendido que as mulheres têm realmente uma característica que as destaca dos homens: o seu espírito de sacrifício. No geral, as mulheres sacrificam-se tanto pelos outros, de uma forma espontânea e natural. Sacrificam-se pela família, sacrificam a sua carreira pelos filhos, sacrificam momentos especiais pela sua relação, enfim. Os homens são mais egocêntricos e egoístas. Sem se darem conta por vezes, têm uma linha planeada e bem definida para a sua vida, e dificilmente fazem um desvio em nome de bens maiores ou da família... mesmo quando se trata de abdicarem de ninharias.

Estou a generalizar, como é óbvio. Porque existem homens que também se dedicam e se sacrificam pelos seus. Vão-me dizer que ninguém deveria ter que se sacrificar pelos outros, privilegiando uma área da sua vida e menosprezando outra. É verdade. Se vivêssemos num mundo perfeito. Mas há alturas da vida em que teremos sempre que nos sacrificar. E há homens que dificilmente vêem isso. Como o meu, que por vezes não tem as atitudes mais certas. Não é perfeito, mas ninguém é. Mas gostaria que visse a vida sob outro prisma, menos utópico e mais terra a terra. Enfim...

Uma boa semana para todas!!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Quase expulsa do leito marital...


Ontem pensei que ia a ser obrigada a dormir no sofá, tal a fúria do meu querido marido. As pessoas ainda não perceberam que há dias em particular em que sou ainda mais directa e em que estou com menos paciência para aturar certo tipo de gente. Ontem foi um dia complicado cheio de reuniões e fechos de trabalhos. A noite fomos jantar a casa de uns amigos em que a namorada do melhor amigo do meu marido também estava. E eu não posso com ela: é uma pessoa execrável, com falta de respeito pelos outros, com mania de ser superior, ... (Tsuri, é essa mesmo ;) Antes de qualquer encontro, o meu marido pede-me sempre controlo...

Cheguei portanto ao jantar no meu vestido à marinheiro de riscas brancas e pretas. Algo simples e discreto. Quando ela me vem cumprimentar, saúda-me com um irónico «hoje viestes de zebra? Onde está o resto da manada?» (com aquele riso que em minha casa chamamos riso de puta) ao que respondo no mesmo tom enjoado «gostas? Pensei vir de cabra mas como estavas cá tu, preferi ser original!»

Deviam ter visto a cara do meu homem: fuzilou-me do olhar (e ele é tão expressivo da cara quando está chateado). Se os olhos dele fossem armas, tinha tido morte imediata. O pior é que quanto mais fica com a expressão dura, mas vontade de rir me dá; o que o deixa ainda mais fulo. Ele ficou amuado a noite toda e de regresso a casa, nem uma palavra proferiu. O que vale é que antes de ir para a cama, olhamos um para o outro e desatamos a rir-nos, senão acho que ia dormir para o sofá...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Antes de mais, mulher...


Para além de uma «mãe» vejo sempre uma mulher. Sim, porque considero que os nossos estados nunca podem retirar a nossa essência que é ser mulher. Podemos ser mães, esposas, amantes, profissionais de sucesso, donas de casa, desempregadas, etc., que seremos sempre mulheres. Apesar de muitas se esquecerem disso. Assumir um papel não é impeditivo de se assumir outro, e de se desempenhar bem as suas funções. Podemos fazer carreira e ser boa mãe. Podemos ser excelentes esposas e ser donas de casa. Então porque é que não podemos ser mães e mulheres a tempo inteiro?

Vejo muito na minha vida, e por esta blogosfera fora, acusações (que para mim são completamente insensatas) de que quando se é mãe é uma blasfémia ser-se coquette por exemplo. Ouve-se muitas vezes «é uma vergonha. agora que és mãe devias ter vergonha de sonhar com esta ou aquela peça de roupa e maquilhagem. Devias ter juízo e dedicar-te ao teu filho». Como se se fosse pior mãe por se continuar a ser mulher, a vestir-se bem, a cuidar de si, da sua pele e corpo. Se tratar de si é ser fútil, então é claramente acertado ser-se fútil.

Eu acredito que uma coisa não impede a outra. Antes, acredito que uma mãe que se sinta bem com ela própria (continuando a tratar de si, a ter auto-estima, ...), será uma mãe mais tranquila, mais disponível, ... enfim uma melhor mãe... Porque só conseguimos nos dar aos outros (sejam ele maridos, filhos, ou amigos) quando nos sentimos bem connosco próprias.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Património público?


Não sou mãe, nem posso dizer que sou uma pessoa demasiado pudica. Mas tenho regras de decoro bem definidas. E há uma coisa que me mete alguma confusão: a proliferação de mamas à solta que se vê por aí, de mães recentes. 

Não faz parte da minha personalidade sacar uma das minhas mamas para fora perante o olhar de dezenas de desconhecidos. Há quem não sinta qualquer problema em fazê-lo, mas penso que estas pessoas deveriam pensar um pouco nos outros que podem não se sentir tanto a vontade com isso. É estar a descansar num banco de um centro comercial e ver a mama ali a poucos centímetros de nós. É estarmos a comer num restaurante (ou em casa de amigos) e ver a mama inchada logo a nossa frente (e quando é uma mama amiga ainda se pode tornar mais constrangedor). O bebé pode estar aos berros e ter que se agir rápido, mas tapar delicadamente a mama com uma fralda ou pano não demora mais do que um minutinho. Ou então uma pessoa levantar-se da mesa e ir até ao sofá, por exemplo?

A minha amiga explicou-me, serena, que quando se tem um filho as nossas partes íntimas se tornam património público. Não sei se me convence. Para mim já basta ter que mostrar algumas partes a dezenas de indivíduos desconhecidos de bata branca. O marido dela diz que ver uma criança mamar é o mais belo espectáculo do mundo. Claro: para os pais da criança.

Acho que amamentar é um gesto lindo entre mãe e filho, mas acho francamente que se pode fazer com um pouco de recato...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Medidor de cumplicidade


Pode dizer-se que a cumplicidade se mede pela intensidade das conversas a dois. Depois de mais de 11 anos de namoro e 4 de casamento, por vezes ainda me admiro com a quantidade de coisas que ainda temos a dizer um ao outro. Adoramos partilhar as coisas simples do nosso quotidiano (como correu o trabalho, peripécias diárias, etc.), gostamos de falar das nossas aspirações, do nosso passado, etc. Tudo flui naturalmente, como se o outro já nos conhecesse sem falarmos, mas havendo sempre algo de novo a descobrir. E o bom é que quando o silêncio se instala, ele não é constrangedor: é um momento de paz e harmonia silenciosa, em que cada um se partilha a si mesmo com o outro, sem ter a necessidade de proferir palavras...

Depois há aqueles casais que parece que esgotaram as suas conversas, como se fossem dois estranhos. Vejo em restaurantes muitos casais frente-a-frente mas que mais parecem estarem a jantar sozinhos, com a sua solidão: mal se olham nos olhos, concentrados nos seus pratos, e não proferem palavra. Nem uma mão toca no outro. Parecem constantemente chateados. E no seu dia-a-dia, entre as quatro paredes do seu lar, só falam um com o outro quando falam dos filhos.

Como é que um casal pode chegar a este ponto? A comunicação é a base de qualquer relacionamento. É uma forma de nos dar a conhecer ao outro, de partilha, de entrega. O que leva certas pessoas a se fechar num casulo com a pessoa para a qual deveriam ser a mais transparente? Para mim, quando chegamos a este ponto é que algo está mal. Quando deixar de me alegrar quando chegar a casa, feliz para começar a matar saudades com ele, falando e conversando, saberei que estarei próxima do fim... Por enquanto continuo a parecer um cachorro feliz quando ele regressa a casa... Por a saúde de uma relação também se mede nestas pequenas coisas...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

I´m back


Voltei após uma semana tranquila de férias em trás-os-montes. Descansei (com direito a duas sestas), revi pessoas das quais tinha imensas saudades, comi muito e bem e ainda houve tempo para arrelias familiares, mas à estas não quero dar mais importância.

Estou aqui a menos de 24 horas e já tenho saudades da minha terra. A vida é tão mais serena por lá. E até os meus problemas de saúde se dissipam: acho que sou mesmo alérgica a esta cidade. Agora preciso do meu tempo de readaptação à rotina citadina...

...Porque tudo o que é bom acaba depressa...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

17 de Agosto


A maior prova de amor que te posso dar? 
É que, apesar de todas as contrariedade, se fosse hoje, voltava a casar contigo! Ou ainda mais cedo!

Sim, apesar de ter casado pela Igreja a 21 de Junho de 2008, casei pelo civil a 17 de Agosto de 2007. Para mim, sempre dei importância ao acto religioso (se o civil não fosse obrigatório, não teria casado por lá). Podem chamar-me de velha beata, mas estar naquela igreja precisa, a fazer votos de amor eterno foi muito importante para mim. E junto de quem mais amava. Por isso, se até hoje nunca demos muito importância à data (um beijinho e um brinde em jeito de celebração), não vai mudar. 17 de Junho foi o dia em que me despedi pela última vez do outro homem da minha vida, e isso sim vai marcar esta data para o resto da vida...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Live forever


"Tudo o que é realmente nosso, nunca se vai para sempre..." Fernando Pessoa

Tu fostes meu, tal como eu fui tua, numa comunhão perfeita entre pai e filha. Não há nada que eu possa dizer hoje, para além que a dor das saudades é cada vez maior. Recordo o teu sorriso malandro com tanta falta. Tudo o que poderia dizer aqui não tem qualquer significado perante a imensidão da perda que sofri. Passou um ano e nada mudou. Amo-te num amor sincero e pleno. Tu sabias que irias partir neste dia, e chamastes por mim, mas eu não estava. Ainda hoje não me consigo perdoar. As saudades sufocam-me. Estou sozinha, mas não me sinto só.

Amo-te. Fomos sempre um, na alegria e na doença. E assim continua, a diferença é que hoje vives dentro de mim... E por mais anos que passem nunca nada mudará.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Norte----»


Este serão será passado pelas estradas do nosso país em direcção a Vila Flor. Esta terra faz-me cada vez mais falta, psicologica e fisicamente. É nas suas terras áridas que vou buscar as seivas que preciso para ganhar forças. Por lá vou ficar uma semana, que vai passar muito rápido. Tenciono descansar e aproveitar ao máximo as pessoas que me são caras. Não estava a ver a hora!

O fracasso certo não é motivo para não tentar


"Era necessário agir, equilibrando a possibilidade de coragem com a possibilidade do fracasso, com a mesma determinação de um artista de corda bamba quando se entrega à tarefa de a atravessar: nunca, em ocasião alguma, deve olhar para a distância entre si e o solo, para que a possibilidade da queda não precipite a própria queda".*

Há dias em que temos que dar passos em frente. Podem ser incertos, levarem-nos por caminhos tortuosos, sem sabermos qual será o destino final. Mas temos que tentar. Ter fé e esperança. Esquecer todas as previsões de fracasso, para não chamar a si o insucesso. Há dias de coragem e esperança. Hoje é o dia.

* João Tordo | As 3 Vidas

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma questão de respeito


Por mais que negamos, as mulheres são muito mais problemáticas do que os homens (estou a generalizar). Vivemos obcecadas com o passado, presente e planos de futuro, enquanto que eles vivem o presente sem grandes preocupações.

O que mais me incomoda nas mulheres é a sua obsessão em apagar o passado de um novo companheiro. Esquecem-se demasiado facilmente que aquele homem é fruto do seu passado: de falhanços profissionais, de relações amorosas passadas, de experiências, etc. Quando uma mulher se apaixona, quer a exclusividade daquele homem, e só estaria 100% feliz, se apagasse as suas memórias.

Odeio ver mulheres amuadas porque o homem de 30 anos com quem começaram a sair já teve relações sexuais com outras mulheres. Com essa idade, elas não iriam querer virgens, mas incomoda-as saber que esteve na cama com esta e aquela ex (tendo elas também ex-companheiros). E o pior é que por mais frustradas que elas já estejam, insistem em fazer perguntas estúpidas como: «experimentastes isto com ela?», «Quem era melhor na cama, eu ou ela?», etc. E depois fazem aquele beiço em que o homem sabe que algo está mal mas não percebe porquê...

Pior é quando uma mulher madura se junta com um homem com filhos de outra relação. Como é possível que tenham ciúmes daqueles seres inocentes? Como não podem respeitar que são a sua carne e que os vai amar para sempre, mesmo que já não esteja com a mãe deles? Odeio aquelas mulheres que fazem pressão para afastar os pais dos filhos, porque não gostam que o pai se cruza com a sua ex, nem que seja só por causa dos filhos. Não consigo ter paninhos quentes para esta gente, e já foi motivo para me afastar de algumas mulheres.

Os homens têm passado, têm traumas que temos que respeitar. Quando amamos, devemos amar e respeitar o pacote completo. Nestes casos, os homens são muito mais racionais do que nós. Alguns juntam-se com ex-prostitutas. Quantas mulheres o fariam sem grandes dramas? E nos casos de filhos de outras relações, tudo é mais sensato e calmo quando os filhos são dela. Eles respeitam mais o nosso passado...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

É isso mesmo...


"Dizem que, quando as pessoas morrem, as divinizamos. Ficam perfeitas. Todas as curvas apertadas de carácter se esbatem, todos os erros cometidos em vida se amenizam, todas as atrocidades levadas a cabo se relativizam e aquela pessoa, relativamente intragável em vida, é agora santa.
Dizem que, quando as pessoas morrem, se transformam numa espécie de livro, onde só os capítulos com as passagens bonitas permanecem e são lidos com solenidade.
Eu cá acho que não é nada disso.
Acho que, quando alguém importante parte dos nossos dias, as coisas más permanecem sim. Mas o mais incrível, é que começamos a sentir saudades dessas coisas que tanto nos aborreciam."

Afinal nunca amamos ninguém


Pensando bem e se formos sinceros connosco, não podemos deixar de nos perguntar se não será verdade....

O Amor é inexplicável. Se nos perguntarem o porquê de amarmos esta ou outra pessoa, podemos dificilmente responder que é porque tem esta ou outra característica. Mas em bilões de pessoas, de certeza que haverá muitas mais pessoas iguais ou semelhantes, mas só esta é alvo do nosso amor. O que acontecerá em nós para nos ligarmos tanto a um homem? Como escolhemos os nossos melhores amigos?

Pode haver muitas explicações, mas a verdade é que amamos os outros através de nós. São os nossos olhos que vêem a beleza do outro; são os nossos ouvidos que ficam captivados pela melodia de uma voz; são as nossas terminações nervosas que ficam perturbadas com um gesto alheio.

E claro que nos apaixonamos por um inconsciente: aquele que o nosso escolheu para nós. Amamos uma projecção de nós, nos outros. Amamos a ideia que fazemos de alguém (por vezes tão deturpada), amamos os sonhos que os outros representam, amamos algo que nunca conseguimos ser mas que está ali à mão de uma paixão... E isso acontece com o amor da nossa vida, os nossos pais, irmãos, amigos, filhos. 

E mais os amamos a eles, e a nós, e mais nos magoam porque afinal eles não nos pertecem. Só nos pertence naquela medida intangível do amor...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Viver por turnos


Estou cansada e desesperada por férias. Desde sexta-feira que me tenho deitado de madrugada: adoro ter uma vida social activa, mas o sono não me dá descanso.

É duro ser um casal onde um trabalha por turnos (nem quero imaginar quando são os dois). É difícil organizar o dia-a-dia e requer muita agilidade, esforços, compreensão e concessões. Sim, porque quando um está a meio de uma semana extenuante de trabalho, o outro passou o dia em casa e quer sair a noite. Quando um está de fim-de-semana, o outro está a fazer os turnos mais cansativos e só quer sofá e descanso. Quando um está cheio de vigor sexual, o outro só quer paz. Um janta, outro almoça. Um deita-se à mesma hora em que o outro se levanta. Às vezes, parece que somos dois estudantes em co-habitação, que simplesmente partilham apartamento.

É impossível planear fins-de-semana. Organizar menus semanais (ora é para dois ou quatro, ora é almoço/jantar ou pequeno-almoço/almoço). Fazer tarefas domésticas quando se quer porque o outro está a dormir, etc.

Era tudo tão mais fácil quando a mulher ficava em casa a espera do homem a noite... Não era vida para mim, mas que era mais fácil, era... Equilibrar as coisas para não cair no abismo, e parecermos dois estranhos que mal se cruzam, nem sempre é fácil.

O sono dá-me para estas coisas. Ainda por cima não posso tomar café. E logo a noite mais uma saída programada. O que vale é que estou a três dias das férias (apesar de estarmos sempre pouco tempo juntos, visto que cada um querer estar na sua respectiva aldeia). E que tenho o escritório só para mim....

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Oh lá lá


Uma das coisas que mais me marcou quando vim para Portugal, foi o meu pai dizer-me que se sentia mais emigrante no seu país do que em França. Chegamos a ser uns sem terra, porque somos emigrantes em todo o lado...

Fui emigrante durante 15 anos. A alegria de voltar todos os anos a Portugal é inexplicável. O meu pai foi emigrante durante mais de 35 anos. Chega esta altura do ano e é ver toda a gente desagradada com o regresso dos seus emigrantes.

Eu sei que alguns abusam. Pensam que são os reis da terriola só porque vêm lá de França, Suíça ou outro país mais evoluído. São arrogantes, não falam português porque pensam que lhes dá estatuto, etc. Eu sei que há peças dessas, e sou a primeira a criticá-los directamente. Mas não são todos assim.

Em minha casa sempre se falou francês, até porque há membros da família que não percebem uma palavra de português. Ainda hoje tenho conversas em francês com a minha mãe: simplesmente porque é espontâneo! Há palavras que só sei dizer em francês! Contar e o alfabeto só em francês: claro que sei fazê-lo em português mas o meu cérebro não assimila os dados. Irritam-me pessoas que criticam só por criticarem, sem tentarem perceber que estamos pereante uma sub-cultura. Ah há pessoas que dizem palavras meias francesas meio portuguesas? Eu vejo os meus pais: sairam daqui, uma aldeia remota, com pouco mais de 20 anos, com uma cultura limitada. Foram para um país, onde tiveram que aprender uma língua nova e conheceram novos objectos que nunca tinham vistos cá. Claro que as palavras certas não surgem em português, porque só conheceram a realidade de lá. 

Gostava que as pessoas olhassem os seus emigrantes e imigrantes com mais respeito e compreensão. Afinal eles tiveram que sair do seu país para não morrer a fome. E afinal, muito do dinheiro que ajudou este país a desenvolver-se veio das poupanças dos nossos emigrantes...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Felicidade eterna


O "presente" é um conceito demasiado efémero. O minuto que passou já é passado e o final do dia de hoje já é futuro. A verdade é que viver desligado do passado e do futuro pode ser uma benção, um alívio para a alma. Por vezes, precisamos mesmo de um corte com passado e futuro a bem da nossa sanidade mental. Poder viver sem recordar as mágoas do passado e poder gozar o presente sem ter medo do que o futuro nos reserva, seria tão bom. Para mim seria o presente ideal.

Mas por outro lado, sem passado não somos nada. Somos fruto das pessoas que conhecemos, das experiências que vivemos, das perdas que ultrapassamos, das doenças, dos momentos felizes. Construímo-nos em cima de tudo isso: são as nossas fundações, o nosso passado individual e colectivo. E sem perspectivas do futuro, o que seríamos? Viver sem rumos nem objectivos pode não ser assim tão saudável.

Mas admito que neste último ano, tenho recorrido a um estado de amnésia para não me afundar no poço fundo do passado e da escuridão do futuro. Sempre o disse: o meu passado é a minha maior riqueza: tenho grande orgulho das minhas origens humildes, da minha gente, da minha vida. Mas para aguentar de pé todos os dias tive que por vezes provocar um eclipse do passado. Nunca esquecerei (e nem quero), mas preciso de este alívio para não endoidecer.

Sim, se o homem vivesse o eterno presente, seria eternamente feliz. Mas como isso é impossível, tentamos ao menos ser feliz por fases...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Milagre


Eu acredito que por mais problemas e dias sombrios, a vida é bela. 
Só o facto de acordar todos os dias merece ser festejado.

Somos o centro do [nosso] mundo


«O problema com os casos complexos é que na ausência de verdadeiros traumas, o seu descontentamente advém da monotonia da vida» | João Tordo - As 3 Vidas

Conheço algumas pessoas assim. A vida delas é tão monótona, sem objectivos que criam problemas em coisas irrisórias. E depois para apimentar a sua existência, infernizam a vida dos outros. Uma delas não admite que a sua filha seguisse a sua vida, casasse e saísse de casa. Cria traumas tremendos por causa de uma ruga nova, como se esta marcasse o fim do mundo. E depois estas pessoas exigem a atenção dos outros porque os seus pseudo-problemas são realmente importantes e dramáticos. Não se preocupam em como estará o seu interlocutor. 

Com o tempo deixei de ter paciência para esta gente que só se queixa com a barriga cheia. Ainda há tempos uma amiga contava à beira das lágrimas o facto do namorado ter preferido ir jogar à bola em vez de lanchar com ela e coisas semelhantes, quando a outra se debatia com graves problemas de saúde da mãe, mas a qual nunca ouvi queixar-se. Eu não tenho paciência para aguentar certos queixumes. Eu sei que os nossos problemas parecem sempre piores, mas não consigo consolar pessoas dramáticas por causa de uma coisa que se resolve em minutos.

Há pessoas que precisam de investir nelas e ocupar mais o tempo. Perceberem que são umas privilegiadas. Que na porta ao lado se debatem contra a fome, credores, a doença e a morte. E que os seus problezinhos chegam a ser mesquinhos. Eu sei que a distância sentimental e temporal torna mais fácil julgarmos os outros. Mas nunca fui de levar ao colo pessoas que gostam de atenção, e então agora, ainda menos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Coisas de trabalho


O meu querido marido adora contar-me as peripécias do seu trabalho (apesar de, em certos casos, preferisse que não). Ontem estava todo contente a contar-me um acidente de trânsito:

Um senhor não cedeu a passagem ao carro de uma senhora de meia idade (avançada) que vinha da direita e deu-se um toque aparatoso. A polícia chegou quando os ânimos já estavam acesos entre os dois condutores. E era ver a mulher toda indignada: «mas não sabes o que é a direita? No teu país não te ensinaram o código da estrada...». E o brasileiro sempre a gozar, ao que a velhota responde «ah não sabes qual é a direita?! É com aquela que bates as punhetas cabrão!»

E isso frente aos polícias que estavam a tomar conta da ocorrência. Diz que não conseguiram conter o riso... Imagino: grande mulher!!

* Desculpem a linguagem imprópria mas tinha de ser factual ;)

Devaneios matinais


Andar de transportes também tem os seus inconvenientes (e não estou só a falar do aumento exorbitante dos preços). Conviver no lugar exíguo de uma carruagem tem muito que se lhe diga. E as pessoas não estão preparadas para viver em comunidade: uns falam ao telemóvel aos berros, outros mantêm conversas com o vizinho como se este fosse surdo. Enquanto a música salta dos fones de uns, outros põem a tocar música rasca alto e bom som para toda a carruagem. Outros mascam pastilha de boca aberta, em que consigo vê-lhe as amígdalas. Outras lêem em voz alta. Outros jogam no telemóvel com som irritante. Sim, um dia se virem na capa do Correio da Manhã: Jovem mata à estalada companheiro de viagem, já sabem de quem se trata...

E há mais um ódio de estimação. Eu sei que posso ser uma pessoa bastante esquesita. Mas, não gosto que estranhos me toquem. Estranhos ou pessoas com as quais não tenho confiança. Sinto que invadiram a minha privacidade. Odeio quando me sento descansada no meu lugar e vem um obeso sentar-se ao meu lado (não tenho nada contra os gordos juro, mas estas situações acontecem com eles). É que eles ocupam um lugar e meio o que faz com que sinto o braço deles colado ao meu, e aquela sensação de pele húmida (do verão) contra a minha dá-me tremeliques.Odeio mesmo. E depois têm que abrir o raio das pernas, e eu fico confinada a sentar-me só sobre uma nádega. Mas não tenho lata para me levantar e ir para outro lugar, porque tenho medo de ofender as pessoas e de as fazer sentir mal, porque afinal não é bem culpa delas. Mas se eu fosse assim preferiria ficar de pé...

Cheguei ao trabalho e já fui lavar o braço esquerdo, porque não descansava enquanto não tirasse aquele suado alheio de mim. Devo ter uma patologia obsessiva (explicaria muita coisa), mas sou assim. Também não gosto de pessoas que falam muito próxima da minha cara como se a qualquer momento nos fossêmos beijar. Já tive que explicar a regra protocolar da distância de conversação consoante a ocasião a um dos meus chefes. 

Pancas. Mas até eu tinha que ter algum defeito...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Leituras de Verão

Este mês foi rico em leituras. Além do livro sobre Auschwitz, fiquei conquistada por mais um livro de Ken Follett: Nome de Código Leoparda. Relata a história de um grupo da Resistência na França ocupada, apoiado por agentes secretos ingleses. A escrita de Ken Follett é captivante e viciante. Adorei o livro. Nota: 5/5. O autor já acabou o segundo volume da trilogia O Século, que vai ser editado em 2012 em Espanha. Espero que não demore a chegar ao nosso país...



As 3 vidas de João Tordo veio-me parar às mãos, mas eu estava reticente. Ainda estou a digerir o livro, pois deixou-me sem folgo. É um livro fantástico, daqueles que lemos poucos na vida, de tão envolvente que é. Prende-nos, captiva-nos e mexe connosco. Traz uma sensação única. Posso adorar muitos livros, mas até hoje só dois criaram em mim esta sensação de plenitude inexplicável: este e a Sombra do Vento de Carlos Ruiz Záfon. Recomendo. Nota: 5/5

Ainda li o livro O Grupo de Mary McCarthy que diz ser o percursor do "Sexo e a Cidade", e das "Donas de Casa Desesperadas". Relata a vida de oito licenciadas nos anos 30. Retrata a sua relação com o sexo, contracepção, trabalho e família. Tinha tudo para ser uma leitura leve mas agradável. Foi uma decepção! Não gosto de perder tempo com um mau livro, mas gosto de lhes dar uma oportunidade até ao final, não vá mudar de rumo. Não aconselho mesmo. Quando li as útlimas linhas pensei que me tinham arrancado as últimas folhas. Acaba assim, sem sentido, sem sabor. Como se a escritora chegasse à hora do chá, ela também já farta da história, e pensasse «não pego mais nisto». A ler num dia em que o tédio já não pode ser maior. Nota: 1/5


Actriz em privado


Há uma coisa que não consigo mesmo meter na cabeça: como é que há mulheres que fazem sessões de vídeos pornos caseiras ou fotos de nus, assim com qualquer namorado?!

Quando amo também me entrego a 100% ao outro, e considero-me uma pessoa livre de preconceito e aberta a novas sugestões. Mas por mais confiança que teria num namorado, nunca faria tal coisa. Não por falta de à vontade, mas porque nunca sabemos onde estas coisas vão parar. Afinal o amor pode ser efémero, e as promessas do «para sempre» podem ser mais curtas do que esperamos. E quando uma relação termina, há quem vire costas e segue o seu caminho de forma pacífica. Outros são corroídos por um sentimento de vingança e de ódio.

Por isso nunca me dei a essas exibições. Para depois irem parar a um site de internet? Ontem, o meu colega de equipa passou do roxo ou vermelho em poucos segundos. Justamente porque tinha acabado de receber um e-mail com fotos de nus de uma colega da editora onde ele também trabalha. E ver a intimidade de colegas de trabalho pode ser tão vergonhoso...

Por isso, meninas, pensem duas vezes quando um homem vos propuser certas brincadeiras, porque há fama muito prejudicial e incómoda...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Coup de blues


Após um sábado fantástico de sábado, não pensaria que uma simples ida ao Toysarus pudesse me perturbar tanto. Estar ali a comprar prendas para as crianças da família e pensar que poderei nunca percorrer aqueles corredores para os meus filhos. Gestos banais que deixam um gosto amargo. Às vezes gostava que ele percebesse a minha dor sem ter que lhe explicar por palavras...

Hoje estou como o tempo, negra, inconstante e chuvosa. Não pensei que estes dias doessem mais que os restantes do ano. Mas estava enganada. Penso que há um ano, esta foi a última semana que partilhei com a pessoa que mais amei. Destrói-me a alma. Lembro-me, enfim, sinto em cada poro da minha pele as sensações que estavam adormecidas há um ano. Revivo aqueles dias, em que morreu cada dia um pouco mais até o suspiro final. Aquele sentimento de impotância perante o desepero da dor. Aquele dia em que nos pedistes um último abraço porque amanhã já não irias poder, quando foi realmente o último abraço consciente. E aquela despedida: ainda hoje não consinto que ninguém me aperta a mão daquela forma. Gostava de dizer que sinto um vazio em mim, mas isso seria mentir. Vazio nunca sentimos. Na doença sentimos raiva e impotência. Na morte sentimos uma dor física que preenche a ausência de quem amamos.

Estou um verdadeiro farrapo. São dias complicados. E surgem hoje problemas no trabalho, em que não tenho paciência de aturar birras de patrões. Se um dia tiver que dizer tudo o que me vai na alma, sem ter medo do dia seguinte, esta semana vai ser o dia.