Costumo dizer que há crianças que funcionam como contracepção natural: fazem perder a vontade a qualquer um de ter um filho perante tamanha falta de respeito e saber-estar. Sim, eu sei que a culpa é dos pais. Dizem-me que é fácil falar enquanto não se é mãe, que vou aprender a que é melhor deixá-los fazer e não lhes dar atenção...
Quando entro no comboio, fujo dos lugares junto de crianças. Já vi um pouco de tudo: crianças que esfregam os seus sapatos nas pernas da pessoa sentada à frente, dando pontapés, crianças mal-criadas, crianças a limpar as mãos sujas de comida nos bancos (uma vez foi o próprio pai que lhe disse para o fazer!), etc. E claro os pais estão logo ali. Não percebi ainda se me dá mais vontade de bater nos progenitores ou à criança... E depois há aquelas noites em que se quer descontrair e se vai jantar fora para nos afastar da confusão e relaxar um pouco. E depois há aquelas pestes que correm à volta das mesas, ameaçando derrubar tudo à sua passagem. E não estou a falar de restaurantes de centros comerciais! E depois há aqueles pais que ficam chocados quando há solteiros que gostam de frequentar sítios livres de crianças! E na praia? Putos aos berros desnecessários, a correr por cima das toalhas alheias, salpicando tudo e todos?
Eu sei que uma criança tem energia, que tem que gozar a sua juventude e brincar. Concordo plenamente! Sou apologista que as crianças foram feitas para brincar. Mas será que não se podem divertir com regras? Eu tive-as em criança e não fui mais infeliz ou frustrada por isso. Temos que ensinar-lhes desde pequenos a respeitar o espaço dos outros. Pode ser que assim tivessemos adultos mais conscienciosos. E parem de pôr as culpas a quem não acha piada à falta de educação dos miúdos: se calhar deveriam somente repensar o tipo de educação que lhe estão a dar...