sexta-feira, 29 de julho de 2011

Contracepção natural


Costumo dizer que há crianças que funcionam como contracepção natural: fazem perder a vontade a qualquer um de ter um filho perante tamanha falta de respeito e saber-estar. Sim, eu sei que a culpa é dos pais. Dizem-me que é fácil falar enquanto não se é mãe, que vou aprender a que é melhor deixá-los fazer e não lhes dar atenção...

Quando entro no comboio, fujo dos lugares junto de crianças. Já vi um pouco de tudo: crianças que esfregam os seus sapatos nas pernas da pessoa sentada à frente, dando pontapés, crianças mal-criadas, crianças a limpar as mãos sujas de comida nos bancos (uma vez foi o próprio pai que lhe disse para o fazer!), etc. E claro os pais estão logo ali. Não percebi ainda se me dá mais vontade de bater nos progenitores ou à criança... E depois há aquelas noites em que se quer descontrair e se vai jantar fora para nos afastar da confusão e relaxar um pouco. E depois há aquelas pestes que correm à volta das mesas, ameaçando derrubar tudo à sua passagem. E não estou a falar de restaurantes de centros comerciais! E depois há aqueles pais que ficam chocados quando há solteiros que gostam de frequentar sítios livres de crianças! E na praia? Putos aos berros desnecessários, a correr por cima das toalhas alheias, salpicando tudo e todos?

Eu sei que uma criança tem energia, que tem que gozar a sua juventude e brincar. Concordo plenamente! Sou apologista que as crianças foram feitas para brincar. Mas será que não se podem divertir com regras? Eu tive-as em criança e não fui mais infeliz ou frustrada por isso. Temos que ensinar-lhes desde pequenos a respeitar o espaço dos outros. Pode ser que assim tivessemos adultos mais conscienciosos. E parem de pôr as culpas a quem não acha piada à falta de educação dos miúdos: se calhar deveriam somente repensar o tipo de educação que lhe estão a dar...

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Regresso inesperado


As minhas insónias voltaram. Ou os meus ataques de pânico nocturnos, como preferirem. E sim, tenho a mania que sou forte, que cada noite vai ser diferente da anterior, mas tudo se repete vezes sem conta. Quero acreditar que não preciso de medicamentos para conseguir dormir ou baixar o nível de stress: vivo numa mentira. Preciso mesmo daquele comprimido redondo, que encerra todos os meus receios infundados. 

Tenho andado tão cansada. E o homem lá de casa não ajuda nada. Anda stressado (ainda não descobri com o quê), e a qualquer palavra irrita-se e fica parvo. Depois de noite dorme mal e é pior que um garroto. Quando não consigo dormir, fico quietinha, para o deixar dormir a ele. Ele não: mexe, remexe, bufa, reclama, até me acordar. E depois é ele que fica chateado por eu lhe dizer que me acordou. E o que me irrita ainda mais é a dificuldade de pronunciar a palavra «desculpa». Será que custa muito? Ele diz que quando não faz de propósito não tem que pedir desculpa: isso é válido quando me acorda de noite, quando me magoa, quando diz palavras que não devia, etc. Se fosse meu filho, aprendi à chapada. Como não é, só posso tentar explicar-lhe em vão, o que me faz irritar cada vez mais!

Estou ansiosa pelas férias, para me afastar do trabalho, desta cidade, ... Ando a fazer a contagem decrescente, como se a cada risquinho no calendário, o tempo fosse acelerar para me libertar dos meus fantasmas.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Uma questão de perspectiva


Gosto de observar as reacções das gentes femininas e masculinas perante a mesma circunstância da vida. Não sei se é mesmo uma questão de genética, de vivência, personalidade ou hormonal, mas chega a ser delirante ver como homens e mulheres reagem e pensam de forma diferente.

Poderia estar aqui horas a fio a exemplificar. Mas recentemente fui confrontada com uma conversa que me deixou estupefacta. O Bruno sempre foi um homem que nunca foi fiel a nenhuma saia. Já teve namoradas encantadoras, mas teve sempre que pular a cerca. Mas agora decidiu assentar finalmente (se calhar com a miúda mais esquesita e sem-saborona de todas as suas namoradas... mas enfim). 

Quando nos explicou o porquê daquela ser a mulher da sua vida, ainda nos conseguiu surpreender mais. Sim, uma mulher casa porque aquele homem a trata como uma princesa. Porque se dá lindamente com os seus sobrinhos, e imagina-o logo a ser o pai dos seus filhos. Quer viver com ele porque é delicado, educado e culto. O nosso amigo Bruno resume o seu casamento a: «sei que chegamos a um grau de intimidade tal, que me leva a saber que esta é mesmo a mulher da minha vida. Quando ela se peida e arrota sem a mínima vergonha à minha frente e dos meus amigos, sei que é a tal». Juro, foi literal! Saiu mesmo isto da boca daquele homem!

Mulheres que ainda não conseguiram fazer que os namorados de longa data dêem um passo em frente, tentem esta estratégia: é barata e fácil de aplicar. O máximo que pode acontecer é ele fugir ainda mais rápido. E como podem imaginar nunca convidei o casal para comer à nossa casa... Só espero que o padre não lhe pergunte o porquê de quererem casar...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Uma parte de mim

 Infelizmente só conheci uma avó. Teria adorado conhecer os meus avós paternos: ele, apelidado d´O Brasileiro, era um homem alto, influente e duro para com os filhos. A mulher teve mais de 12 filhos mas morreu cedo. O meu avó paterno era uma pessoa amigável e muito chegado aos seus filhos...

Mas tive a sorte de conhecer a minha avó Maria do Amor Divino. Sim, era o nome dela. Uma mulher baixa, com uma pele linda, vestida de negro, e sorridente. Sempre com o cabelo apanhado com um gancho velho. A minha avó Maria cuidava do nosso jardim na nossa ausência. Ainda hoje estão por lá os malmequeres que ela plantou com tanta devoção. Em cada pétala recordo um pouco da minha vida ao seu lado. 
Fui feliz com ela. Lembro-me de brincar junto dela, e de outra senhora, que era minha avó de coração. Sentavam-se numas escadas de pedra à sombra, nos dias de maior calor. E nós brincávamos ali junto delas. A minha maior lembrança é ela a entrar na sua cozinha de pedra, e mergulhar no cântaro de plástico azul o seu púcaro (caneca) de esmalte azul, para nos dar de beber. E ela ir à mosqueteira partir um bocado de pão duro com doce, mas que me sabia tão bem.Adorava fazer-lhe cócegas, e o mais engraçado é que a minha filha (filha dela) tem cócegas exactamente no mesmo sítio.

Hoje recordo-os com saudades. E penso que um dia, o meu filho já não terá a sorte de conhecer o seu avô tão fantástico. Dói muito, mas através de mim e das minhas histórias, que espero poder contar-lhe ao adormecer ou ao colo no sofá como o meu pai fazia comigo, ele viverá para sempre...

Problema de Peso


Este é porventura o pior fantasma das mulheres: o peso. Desde criança somos confrontadas com a imagem que se reflecte no espelho. E hoje, parece que as pessoas são aquilo que pesam. Já no recreio das escolas, as meninas sofrem por serem mais cheiinhas do que as suas colegas de carteira. Existe o estigma do peso, e depois as mulheres vivem diariamente com este medo. Algumas têm vergonha de comer junto de outras mulheres, para que ninguém percebe de onde vêm aqueles quilos a mais. E há algumas que se deixam engolir por graves problemas psicológicos e de saúde por causa disso.

O pior é que a maioria nem tem noção do seu próprio corpo. Vêem-se disformes quando só têm umas curvas mais acentuadas. Não vivem na plenitude a sua sexualidade, vivem frustradas, por uma imagem reflectida no espelho que não é real. Ontem em conversa, uma amiga confessou-me que os seus problemas de peso vinham da pressão que a mãe dela sempre exerceu sobre ela, desde criança. Hoje com 28 anos, casada e com filho, ainda sofre esta pressão, o que acho inacreditável!

Eu também vivi com este estigma do peso. Felizmente consegui encontrar o meu rumo. Hoje sou feliz com o meu corpo, apesar de também ter os meus dias de neura. E os dias em que a minha relação com comida é mais complicada (período de TPM) em que tenho um impulso incontrolável de comer e depois como. Mas surge o remorso por ter comido aquelas coisas tão calóricas, mas o remorso faz-me comer ainda mais, e é um ciclo vicioso. E sei que há mulheres que têm este problema 30 dias por mês...

Devíamos todas sentir-nos bem connosco, e trabalhar para isso, porque ter auto-estima também é algo que se aprende. Fazer o esforço para mudar o que não gostamos, mas perceber que o problema está dentro de nós, não nos dígitos da balança. E entre nós mulheres, não sermos tão críticas, tão mesquinhas. Há olhares, há palavras que magoam mesmo. Que vão ao mais fundo da auto-estima de certas mulheres, que já estão fragilizadas. Devemos respeitar as outras, e fazê-las sentir lindas. Porque somos todas maravilhosas, tenhamos um, cinco ou dez quilos a mais. Porque a beleza transcende a quantidade de células lipidosas: está antes na força que emana de um sorriso, de uma atitude, de um bem-estar...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Igualdade


Com a igualdade de géneros perdemos o melhor de nós: poder criar e cuidar dos nossos. Admiro as mulheres que conseguiram lutar pelos nossos direitos, é graças a elas que hoje posso ser o que sou.Mas...

Mas há dias em que me parece que esta vitória foi ilusória. A nossa igualdade com os homens é real na teoria, mas nem sempre se verifica na prática. Quando antes, socialmente só nos era pedido que cuidássemos do lar e da família; com a igualdade, também podemos trabalhar e realizar-nos fora do lar. Mas continuamos com as mesmas tarefas em casa, o que nos sobrecarga ainda mais. Claro que sou pela igualdade, gosto de ser livre de decidir como me quero realizar, e não depender de ninguém economicamente.

Mas não gosto de supostas igualdades. No trabalho, está provado que os homens continuam a ganhar mais para as mesmas tarefas. Muitas mulheres sofrem discriminações no trabalho por engravidarem (conheço casos de mulheres que na entrevista lhe perguntaram directamente se fazia parte dos seus planos ter filhos. Quem respondeu que sim, não conseguiu o emprego). Eu sou o caso em que o mais provável é ficar sem trabalho ou sofrer grandes pressões se engravidar. As mulheres acumulam cargos, e algumas são ajudadas nas tarefas domésticas. Mas temos que ser sinceras, a grande carga de trabalho recai sempre na mulher: quem sacrifica o trabalho para ficar em casa quando os filhos estão doentes? Quem cozinha todas as noites? Quem trata da roupa? Quem se levanta de noite para dar de mamar?

Os homens continuam a ser muito mais favorecidos. Continuamos a viver num mundo governado por homens, que privilegia homens. E tenho pena de ver que, hoje em dia, luxo, é uma mulher poder permitir-se ficar em casa a criar e a cuidar dos seus. Acredito que grandes males da nossa sociedade foram causados pela entrada da mulher no mercado de trabalho. Gosto de ser mulher e quero ser livre. Mas a partir do momento que nos abriram a porta do «trabalho», fecharam-nos a porta da «maternidade e do lar». E estas não deviam ser escolhas. Devia haver estruturas que nos permitessem, a nós mulheres, assumir todos os papéis que gostaríamos.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Por mim, por ti ou pelos outros


«Será que nos vestimos bem por nós, pelas outras mulheres ou pelo(s) homen(s)». Esta é uma pergunta recorrente, e francamente acho que a maioria das mulheres não é sincera ao responder. Porque acho que se gostamos de nos vestir bem, de estar bem maquilhada e penteada, é para nos sentir bem connosco, mas também porque gostamos que as outras mulheres olhem para nós com olhinhos que dizem "esta mulher está linda", com aquela invejinha saudável. E claro que gostamos de estar lindas para a classe masculina no geral, e para o nosso homem em particular. Não sei qual é o mal de se admitir isto.

Mas há algo que me deixa espantada. Em tempos, estávamos três mulheres reunidas à volta de um café, quando uma amiga refere que ao fim-de-semana é dia de descanso por isso não gosta de se compor, já lhe chega durante a semana. Eu e a M., em uníssono, perguntamos-lhe «mas se durante a semana o teu marido não te vê, e quando te vê já estás em casa de fato de treino, não te apetece compor-te para ele ao fim-de-semana?». Ao qual nos responde que não, porque já se conhecem há muitos anos e por isso o marido já não precisa disso e sabe que ela tem que estar confortável. Se pode ser normal para certas pessoas para mim não.

É como se o marido fosse um dado adquirido, e não é preciso mais nada para o conquistar e manter a chama acessa. Lembrem-se que até os cahorros com trela olham para outro lado! E confortável não é sinónimo de desleixado. Nem sempre me apetece ao fim-de-semana vestir camisa e saltos altos. Mas sei que consigo ser hiper feminina de sabrinas e vestido. Ou de ganga e top. Ou de calções. 

Também eu herdei um mau hábito de solteira. Sempre que chegava a casa, gostava de tomar banho e vestir algo mais confortável para cozinhar e não sujar a minha roupa. Por isso vestia roupa velha e larga. Até que um dia, às compras, mostro uma roupinha para andar só em casa ao marido e ele responde-me «compra, é agradável ao olhar», com aquele sorriso de satisfação que um homem põe ao imaginar a sua mulher vestida com certas peças. E pensei «alto lá, isto significa algo.» Por isso, não cometo o mesmo erro: mesmo para as limpezas ou cozinhar, tenho roupa bonita e feminina, para casa. Claro que não ando por lá de mini-saia e corpete. Mas sinto-me bem, estou confortável, e agrado à pessoa mais importante: aquela que amamos. Porque se afinal nunca vamos comprar pão ou deitar o lixo fora, sem nos vestir condignamente e pôr um pouco de rímel; porque é que o nosso homem não merece um pouco mais de cuidado?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Chéri je t´aime... Ou non

Nos últimos tempos deu para testar uns produtos novos. Eu gosto de ler opiniões sobre produtos em blogues, principalmente quando vejo que a pessoa gastou o seu próprio dinheiro para os comprar. Não sei, tenho sempre a sensação que as críticas são mais honestas (sem querer ofender ninguém)...

Este é o melhor rímel de sempre! Uso rímel há muitos anos, pelo que já testei muitos. Pensava que tinha encontrado o "tal" quando passei a usar o Colossal da Maybelline. O rimel é muito bom, não tenho nenhum defeito a apontar. Entretanto arrisquei e experimentei o Pestanas Falsas da Maybelline: e consegue ser ainda melhor. Adoro o efeito que cria nas pestanas. E o preço é muito convidativo (cerca de 12€). Aconselho mesmo a experimentar!

Se o rímel foi uma achado maravilhoso, há compras mais amargas. O creme de dia da Avène para peles sensíveis foi uma desilusão. A técnica da farmácia aconselhou-me a comprar este creme porque tinha a pele desidratada e sorriu maliciosamente quando lhe disse que usava um creme da Garnier. A minha pele podia estar desidratada mas não se via. Com o creme da Avène, fiquei com zonas da cara a pelar mesmo, com a pele seca. A pele repuxava e tinha que colocar 3 vezes creme de manhã para ter uma sensação de hidratado. Voltei ao meu creme peles secas e sensíveis (boião rosa) da Garnier: a minha pele fica extremamente mimosa com ele, por cerca de 6€. Avène querida, nunca mais.


No fim-de-semana passado comprei ainda dois blush na Douglas da ArtDeco: um mais alaranjado e outro rosado (não os da foto. Tirei-a da net, para efeitos meramente ilustrativos). Ainda só experimentei o primeiro mas estou a gostar imenso: os blushs não são demasiado brilhantes como outros de outras marcas e duram todo o dia. A ArtDeco tem cores que não se encontram noutras marcas, pois com o meu tom de pele tenho que fugir às cores mais comuns que me ficam pessimamente.

Aqui estão os testados e aprovados dos últimos tempos. Se tiverem sugestões de produtos assim excelentes, partilhem!

Já nem sei o que dizer


Dizem que a vida é uma grande roda e «que la roue tourne». Eu francamente anseio para que ela rode um pouco mais para o lado da estabilidade. Parece que a vida empancou num estado de lástima. 

Eu sei que o peixe morre pela boca. Sei que eu e a minha irmã ficamos afastadas durante este ano, que muita coisa está trancada perigosamente dentro de nós. Sei que porventura nunca a nossa relação voltará a ser a mesma. Mas não consigo pagar as coisas com a mesma moeda. É mais forte do que eu, tenho que dar a outra face. Porque a dor junta-nos, independentemente do que se tenha passado. E hoje sinto a angústia dela como se fosse minha, apesar dos 1500 km nos separam. O meu cunhado está a aguardar o prognóstico: tem uma veia entupida na cabeça, e aguarda parecer do médico para se saber se se parte para uma cirurgia. Merda de vida. Imagino a preocupação dela, afinal, perdemos um irmão assim e o nosso pai. 

Podia virar costas nesta altura, mas não consigo. Sei que as pessoas me desiludem e podem continuá-lo a fazer. Mas sinto que não posso neste momento pensar nestas questões. Tenho que estar lá a apoiá-la, a dar-lhe força e alento. Não importa se saírei magoada mais uma vez. Há coisas que têm que ser feitas. Temos que seguir o que o nosso coração nos dita, independentemente do que as pessoas merecem. Sinto que tudo vai correr bem, mas o medo está sempre presente. E os meus sobrinhos que só têm 10 e 7 anos... Mas será que vamos ter paz um dia? Nem que seja só uns meses?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tabu


Cresci numa família tradicional, com valores que alguns poderão considerar de antiquados. Hoje, não me incomoda nada pensar que a minha educação foi ligeiramente diferente da de outras crianças com pais mais liberais.

O problema quando crescemos é que as pessoas deixam de nos considerar crianças e passam a tratar-nos por iguais. E algumas devem perguntar-se qual o problema nisso... Nenhum, com uma pequena ressalva: questões sexuais. Agora que me vêem com 27 anos, casada e com idade para procriar, as mulheres mais velhas da família não têm problema nenhum em abordar questões íntimas junto de mim. Falam completamente à vontade. E cuidado que estou a falar de mulheres recatadas, da aldeia, com mais de 50/ 60 anos. E então quando é a minha mãe que me explica os métodos contraceptivos que usava com o meu pai, e outras questões do género, por vezes a minha mente entra automaticamente em lay off, mas o raio dos ouvidos apreendem na mesma a informação debitada. 

Não é que seja pudica, mas há informação que dispenso. Sempre tive uma mente fértil, que compete com as melhores produtoras de novelas nacionais. Não sei, mas para mim a sexualidade dos pais é algo estranho, quase mitológico. Sabemos que existe mas não conseguimos imaginar que seja mesmo possível. Mas acredito que não seja só comigo, pois não? Ou então é a menopausa que deixa assim as mulheres mais abertas de espírito e mais libertinas... e eu, jovem inocente, fico assim para o engasgada com certas conversas. Ai filha, se um dia chegares, prometo poupar-te a certas e determinadas histórias!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Somos o que somos


Uma coisa que aprendi com o tempo é que não se mudam os homens. A fase de adaptação é sempre difícil. Lá em casa, houve grandes crises até que conseguimos finalmente fazer cohabitar os nossos dois feitios e estilos de vida. A solução é mais simples do que parece: paciência, cedência e adaptação. Os dois tiveram que mudar um pouco para tornar a cohabitação pacífica. O meu marido teve que aprender que o lugar de macho latino que a mãe reservava para o filho não tinha lugar entre aquelas 4 paredes, e eu tive que aprender que tinha de partilhar o meu espaço, que não podia ser tão exigente com ele. É um trabalho muito difícil. É por isso que acredito que toda a gente devia viver juntos antes de casar. Uma pessoa só conhece a outra depois de partilhar 60m2.

Podemos alterar pormenores, mas não podemos mudar a essência de um homem. E é aqui que muitas mulheres falham. Querem fazer daquele homem alguém perfeito, o que é impossível. E por isso vivem frustradas, o que dá asas a discussões entre o casal. Se ele nunca foi romântico, porque insistir em que nos faça surpresas hollywoodescas? Isso é abdicar na sua genuinidade, espontaneidade, fazendo com que tudo seja forçado. Porquê insistir em que ele deixe de gostar de ir ver a bola com os amigos? Porque obrigá-lo a gostar de coisas diferentes? Porque fazer dele um homem que ele não gosta? E quando, por exemplo, nos chateiamos quando ele nos deixa escolher sempre o filme ou o restaurante. Já pensaram que pode não ser falta de personalidade, mas somente uma vontade tremenda de nos agradar e ver-nos felizes?

Eu acho que isso torna a vida de um homem um inferno. Francamente. Às vezes é bom parar e pensar na perspectiva deles. A minha máxima é garantir que ele queira voltar (e sentir-se feliz por isso) todos os dias para casa. Porque aí encontra paz e pode ser ele próprio. Claro que só é possível fazendo cedências mútuas. Quando um homem se sentir melhor no café com os amigos ou com uma amante porque esta não o chateia, a coisa é preocupante. 

Temos que aceitar as pessoas como elas são. Aceitar as imperfeições, e minimizá-las. Aprender a viver com outra pessoa que não é moldável. Não podemos dispor dela como bem entendemos. Que não tem sempre as mesmas opiniões, maneiras de ser, etc. É que, se nem a um animal podemos exigir tal coisa, então porque pedir isto à pessoa que supostamente amamos?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Realidade aumentada


"Estava a chorar, concluiu, por um Harald que nunca existira, não pelo verdadeiro Harald. Mas se perdesse o Harald real, que não tinha grandes afinidades com o outro, perdia o único laço que a ligava ao Harald que nunca existira. Então o seu sonho teria realmente terminado."*

Um dos maiores problemas das mulheres é a sua imaginação fértil. Facilmente se apaixonam e se deixam envolver no sonho de uma vida feliz junto de um homem. Penso que, neste caso, os homens conseguem ser muito mais racionais. Não glorificam tanto o alvo do seu desejo. O amor/ paixão torna as mulheres mais cegas. Começam muito cedo a venerar o seu namorado, extrapolando as suas qualidades (às vezes até inventando-as), e eliminando cirurgicamente todos os defeitos. Fazem daquele homem o meio de alcançar a relação com que sempre sonharam, sem saber se ele é o par ideal para tal aventura... É nessa altura que algumas mulheres, para viverem a sua paixão, viram costas às suas amigas, porque estas advertem-na que aquele homem pode não ser o príncipe que ela está a imaginar. 

Fazemos daquele homem, o homem com o qual sempre sonhamos: vemos nele um excelente pai, quando ele nem gosta de crianças;  acreditamos na fidelidade dele, quando ele é um Dom Juan, ... Há certas mulheres que vivem uma relação de sonho... na sua mente. São as únicas que não percebem que nada é o que parece. E depois, quando chega o momento da separação inevitável, recusam-se a admitir que tudo falhou, que cada um tem que seguir o seu caminho. E adiam o momento da verdade, não porque têm pena de deixar ir aquele homem, mas de deixar ir todos os seus sonhos e expectativas que criou à volta dele. O divórcio é tão mais difícil. Porque não se separa só de um corpo, separa-se de uma vida sonhada perfeita...

* O Grupo | Mary McCarthy

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dia [de trabalho] perfeito


A esta hora (se tudo correr bem) já estarei estendida nesta praia, com a melhor companhia. Os planos são árduos para hoje: descansar, namorar, ler, petiscar, tomar banhos salgados, sentir os raios de sol a pigmentar-me a pele...

Agora quero toda a gente a trabalhar porque o país precisa de pessoas produtivas. Eu, hoje, tal agência de rating, comprometo a produtividade do país, em nome do meu próprio deleite...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O fantasma da menstruação


A menstruação sempre foi um fantasma que paira em cima de qualquer relação. Os homens, por falta de cohabitação directa, vêem nele um bicho estranho e perigoso. Claro que cada homem reage à sua maneira perante o inimigo. Uns vivem bem com ele, sabendo respeitar os limites um do outro. Sem problemas vão ao supermercado comprar pensos higiénicos, e vêem este período do mês com naturalidade. Este é o caso do meu marido. Acho que ele se dá melhor com o período em si do que com a TPM. Esse si é o verdadeiro trauma. E depois claro há os outros homens que se recusam até de acompanhar as suas senhoras a comprar este objecto da vergonha. Há uns que sabem que neste período do mês a sexualidade da mulher está ao rubro e aproveitam, outros ficam enjoados só com a ideia...

Em tempos, numa aldeia transmontana, encontramos um daqueles senhores que, segundo a sabedoria popular, adevinha às coisas. Enfim, um bruxo. Virou-se para o meu marido e perguntou-lhe «você sofre de psoríase, certo?», ao que ele respondeu espontaneamente «sim». «Então eu tenho a cura para si. Totalmente natural, sem dores e gratuita».

O meu marido é sempre céptico nestas coisas. Não acredita em milagres, ou coisas que fogem um pouco ao normal. É das pessoas mais racionais (demais até) que já conheci. O velhote continuou «O tratamento consiste em esfregar as feridas de psoríase com sangue da menstruação da sua mulher. Vai  desaparecer tudo».

Pela cara do meu marido passaram em minutos mais de 50 expressões faciais: surpresa, incredulidade,..., nojo! O que me tenho vindo a rir com isso. Por isso agora, sempre que surge a minha querida mentruação, provoco-o. «Não queres aproveitar para fazer uma exfoliação com isto?», «queres que te espalhe um pouco deste creme natural nas tuas feridas?». E tenho direito sempre a mesma cara de enjoado. Tão fofo que ele é. Ele até teme que cheguem estes dias. Porque até já lhe disse que fazia o sacrificio, em nome da sua bendita saúde, de lhe fazer um tratamento completo enquanto dorme...

Isto meninas é serviço público! Menstruação é a cura da psoríase. Cá em casa, prefere-se estar doente. Mal-agradecido!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Amar dá trabalho


Ontem ao ler o blog Pensar cor-de-rosa, fez-me pensar em quanto as mulheres (no geral) se deixam vencer pela rotina. Queixamo-nos constantemente que os homens se desleixam facilmente, que deixam de nos surpreender, etc. Mas, e nós? Quando se namora, tudo é mais fácil: o tempo a dois é dedicado única e exclusivamente ao namoro e a actividades de lazer. Mas quando se casa, não herdamos só a convivência e mais tempo a dois, mas uma casa, tarefas domésticas, a conciliar com o trabalho, mais cuidados corporais, etc. E por vezes deixamo-nos vencer pelo cansaço.

Casamos e desleixamo-nos. Quantas se esqueçam de ter a depilação em dia (com a desculpa que com a amizade/ convivência, agora já não importa), quantas só vestem trapos porque já não têm que o seduzir, quantas engordam que nem baleias... Com o casamento/ anos, a paixão transforma-se em amor. Quer queiramos quer não, as coisas alteram-se. Mas não pode ser tão drástico como em alguns casos. Os homens são animais visuais, que necessitam de se manterem captivados por uma mulher. E sim, precisam de se sentirem amados e úteis. Há que evitar o caminho mais fácil e lutar por manter a chama acessa. Por vezes bastam só alguns minutos especiais, uns beijos e abraços mais sentidos, umas palavras doces antes de adormecer. Não podemos deixar-nos vencer pelo cansaço. Uma relação dá trabalho para manter em pé.

E depois há casos de mulheres que são mães, e se esquecem completamente que são esposas/ amantes e até mulheres! Imagino que não deve ser fácil habituar-se às novas rotinas que traz um filho. Por isso, digo que só uma relação madura pode pensar em conceber filhos. Mas não podemos cair no exagero. Auto-anulam-se, vivendo apenas para o filho, esquecendo que têm um homem que também precisa delas. E os filhos crescem e partem, e o marido é aquela pessoa que escolhemos para viver junto de nós para o resto da vida. Há que em conjunto encontrar momentos a dois, de carinho e mimo. Como dizia a Mademoisselle, é bom perder tempo em certas coisas!

Como em tudo na vida, nem sempre o caminho mais fácil é aquele que nos traz mais felicidade. Há que cuidar do amor, para que ele nos possa dar tudo o que esperamos dele.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Ecrã meu, ecrã meu, haverá alguém mais fashion do que eu?


É engraçado como criamos uma imagem mental da pessoa que está por detrás de um blogue. Ao ler as suas palavras diariamente conseguimos visualizá-la como fazemos com as personagens de um livro: morena, alta, sensível, etc.

Eu gosto de acompanhar algumas bloggeres que fazem questão de mostrar tudo o que é novas colecções de roupa e acessórios. Elas fazem-nos sonhar com as suas whislists e as suas futuras compras. E imaginamo-las mulheres hiper femininas, super bem vestidas, com roupas deslumbrantes, maquilhagens perfeitas. Quase se tornam um «modelo» a seguir. E depois mostram os seus outfits. E é um sonho que cai por terra. É uma desilusão. Por vezes, ainda me dá vontade de fechar a página do blogue e voltar a abri-la, caso se tenha dado um erro ou engano qualquer no sistema. Que desilusão. Afinal, aquelas musas (aparentes) não se vestem melhor do que eu. Também têm combinações mais infelizes. Não usam peças extraordinárias. São simplórias. Como 90% da população feminina do nosso país. E sorrio, porque faz bem ao ego. Afinal não estou tão mal quanto isso. Ai as ilusões que se criam através da internet...

* Não estou a falar de ninguém em particular. Estou a falar em alguns casos pontuais com que me deparei. Há blogues de moda que sigo e que adoro, porque sei que o que transmitem é verdadeiro e que as pessoas que escrevem vão para além das etiquetas das peças que usam.... Há casos e casos...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Viver os sonhos


Sempre admirei aquelas pessoas que arriscaram e mudaram completamente o rumo da sua vida. Não falo de pequenas mudanças, mas sim de voltas de mais de 180º. Pessoas que deixam os seus empregos para se dedicarem a uma actividade totalmente diferente ou criar o seu negócio. Pessoas que decidem sair do seu país para apostar em voluntariado em África. Sempre olhei para eles com fascínio, e com uma chama de alento. Para mim, pressupõe um pouco de loucura, porque gosto da minha estabilidade, apesar de não ter medo da mudança. Mas estas pessoas sempre me deixaram uma sensação de que tudo pode correr bem, com um pouco de astúcia e coragem.

E estou cada vez mais ciente de que preciso desta mudança. E o meu marido também. Nestes últimos dias temos falado muito do nosso futuro. Daquilo que nos faria realmente felizes. Cada um deve dar o rumo que quer à sua vida, mas estamos sempre, inconscientemente, condicionados pelo o que os outros esperam de nós. Quem foge um pouco à banalidade é considerado de louco. E sei que muita gente nos considera um pouco loucos. Mas decidimos que iríamos lutar pelo nosso sonho. Vamos arriscar. Podemos não conseguir, mas pelo menos nunca nos poderemos culpar de nunca ter tentado. Estamos sozinhos nesta luta, mas não faz mal, porque podemos ser só dois mas fazemos uma dupla de ferro. E este sonho dá-me um novo sentido à minha vida, porque sei que tenho andado um pouco perdida de mim...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Anatomia de uma traição


Quando acontece uma traição, as amantes são sempre as cabras da história. Depois, o grau de culpabilidade atribuído ao homem varia de caso para caso. Mas elas são sempre as cabras e as culpadas. Se o caso não for connosco e se nos afastarmos um pouco, poderemos ver que afinal as mulheres só seguem o seu coração. Procuram o amor. A diferença é que o encontraram nos braços de um homem comprometido. Afinal elas não têm culpa de ter chegado tarde de mais, e de ele já ser casado. O amor não se controla, pois ninguém manda no seu coração. O malvado apaixona-se por quem quiser, mesmo sendo muito inoportuno. Como poderão elas esquecer e virar costas ao que pode ser o amor das suas vidas. Afinal, elas, as outras, não serão simplesmente vítimas do amor?

Estas questões são sempre complicadas por mexerem com o nosso lado mais negro, que é activado pelo ciúme e o sentimento de traição e injustiça. Cada caso é um caso, porque há mulheres movidas somente pelo impulso do momento. A P. sofreu uma traição do marido, com o qual se manteve casada pelo filho. Hoje «apaixonou-se», reciprocamente, por outro homem casado. Mas ela não foi capaz de seguir em frente porque não queria infligir à outra mulher, o que ela já sentiu na pele. É uma atitude tão nobre e adulta, não querer sacrificar nenhum casamento. Mas será que este já não está destinado ao fracasso, visto ele estar pronto a ser infiel? Deve ser um sentimento estranho este de estar dividida entre o correcto e o amor...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A não perder


Acabei de ler o livro Auschwitz: Os Nazis e a Solução Final de Laurence Rees. E digo-vos: toda a gente devia ler este livro! É exceptional! Sou uma apaixonada pela época da Segunda Guerra Mundial, e adoro ler livros sobre a época. Recuso-me a formar uma opinião sobre o que os livros de História nos contam. Gosto de ter o máximo de informação (de fontes diversas) para perceber realmente todos os meandros da História. Há quem não perceba isto (ao ponto de me chamarem nazi), ao que respondo que todos deveríamos saber mais sobre esta época negra da humanidade para garantir que nunca mais volte a acontecer.

Laurence Rees é jornalista e deve a possibilidade de ter acesso aos registros da União Soviética e de entrevistar um grande número de nazis ligados à Solução Final. Este livro não é ficção, mas a escrita é tão envolvente e bem definida, que se lê melhor do que muitos romances. Conta-nos a verdadeira história da Solução Final, com os pormenores que o tempo apagou. O porquê? Como? Com relatos revoltantes de antigos nazis.
Com testemunhos na primeira pessoa de judeus que sofreram em Auschwitz e em outros campos da morte. Explica-nos como nem tudo o que nos conta é bem verdade. Como os aliados poderiam ter feito algo mais para ajudar os judeus. Com a França contribuiu decisivamente para a deportação de judeus. Com os ingleses não queriam uma vaga de judeus na Palestina. Como empresas como a Bayer compava judeus para fazer experiências médicas.

Recomendo vivamente este livro. Em memória dos milhões de Homens que morreram. Há quem diga que o Holocausto foi uma invenção. Contra isso, não podemos deixar morrer este acontecimento negro. Temos que garantir que as gerações futuras nunca esquecerão o lado negro do ser humano, que teve o seu exponente máximo com a Solução Final.

Nota Máxima!!

Laços quebrados


Ao longo da nossa vida, cruzamo-nos com milhares de pessoas. Algumas entram na nossa vida de forma supreendente, e aí permanecem para sempre. Com algumas construímos projectos de futuro, com outras partilhamos bons e maus momentos. As condicionantes da vida podem até nos afastar de algumas, mas depois, os nossos destinos voltam-se a cruzar e parece que as nossas vidas nunca se dispersaram.

E depois há outras que deveriam fazer parte daquele círculo especial. Aquela irmandade com quem somos felizes, e em quem nos apoiamos quando tudo corre mal. Quando o selo se quebra, temos o hábito de lutar constantemente para reparar os laços que nos uniam, porque sabemos que precisamos destas pessoas para viver. Acontece, por exemplo, com mulheres que lutam, mesmo sabendo na profundeza do seu ser que o casamento acabou, para permanecer com o seu esposo.

Precisamos de perceber que afinal há pessoas que nos fazem mais mal do que bem, para deixar que os laços que quebram definitivamente. Para que cada um siga o seu caminho, em separado. Dói muito. Mas é o melhor. 

E nas últimas semanas senti que chegou a altura para me afastar fisicamente de certas pessoas (porque mentalmente, já estamos separadas). Magoou-me muito ser afastada de algumas pessoas da minha família. A minha irmã soube que estava doente e, trabalhando no ramo médico, disse para fazer um TAC urgentemente porque eu tinha sintomas graves. Será que ela ligou a ver se estava melhor? Se calhar só queria que lhe ligasse quando moresse, como aconteceu com o meu pai. E ela que ficou tão chateada com a minha outra irmã, porque esta se esqueceu do seu aniversário... E a minha sobrinha, que me pediu para vir passar férias a Lisboa, sendo que estava tudo combinado... recebi uma mensagem de facebook a dizer «já não vou». Assim sem um «obrigada na mesma, vemo-nos em Vila Flor,...». E tantas outras...

Estou cansada de estar para esta gente quando é preciso que eu trate de burocracias ou quando dou jeito. Se não fosse pela minha mãe, nem iria passar as férias lá cima. Esta gente faz-me mal. Não sei o que lhes fiz. Mas com o tempo, deixei de querer ser diplomática ou fazer fretes. A vida afastou-nos e não vou ser eu a segurar as amaras. Já não.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O poder das palavras


Admito que nos últimos dias ando com neura. Sim, nem toda a gente consegue estar sempre positiva e com forças. Felizmente hoje sinto-me mais confiante e animada. Foi só mais uma fase má. Sempre tive um temperamento instável...

Ontem foi dia de fazer compras no supermercado, de modo  a abastecer a casa em produtos que não fossem para «doentes» (papas, arroz, bolachas de água e sal, compotas de bebés, etc.). E estava com tão pouca vontade. E se há coisa que odeio é sentir-me obrigada a fazer algo. Gosto de fazer as coisas à minha maneira e quando me apetece. Em tudo da minha vida. Não é defeito, é mesmo feitio. E tinha que ir sozinha, à noite, porque o homem estava a trabalhar.

Ao fim de alguns anos, ele começa a conhecer-me e deve ter adivinhado o apetite e humor de cão com que iria às compras. Lá peguei eu no bloco onde vamos apontando o que faz falta e lá rumei ao Pingo Doce (que está perder qualidade, diga-se). Lá ia eu olhando para a lista, e pondo no carrinho, com uma cara de quem estava nos trabalhos forçados. Mas no final da lista ali estava uma frase que iluminou o meu sorriso. Fiquei nas nuvens. O meu monstrengo tinha acrescentado à ultima hora um «Amo-te» no final da lista. Surpreendeu-me assim, do nada. Um gesto simples, gratuito, mas que me limpou a alma de todas as núvens negras que por ali pairavam. 

São gestos destes que me fazem acreditar no amor. Todos os dias. Nos bons e maus momentos. Na saúde e na doença. Ele pode não ser homem de demonstrações de afectos perante terceiros, mas não me importo, porque o que sente, diz-o a mim. Assim, deixando-me sem jeito. Pode não me oferecer presentes caros e lindos, com que qualquer mulher sonha. Mas dá-me o seu amor, carinho e respeito. E para mim chega.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O «Tal»


Adoro verniz vermelho. Sim, sou da velha guarda. Há certas cores que ainda me metem um pouco confusão nas unhas, para a felicidade do meu marido (que torce o nariz a tudo o que não seja verniz pastel... tão antiquado). Posso até gostar de ver nas unhas das outras mulheres, mas acho inadequado para mim. E depois não sei até que ponto seriam bem vistas umas unhas fluorescentes no trabalho. Gosto de vermelhos, rosas, alguns roxos, alguns laranjas/ coral e pouco mais (cores neutras). Há cores que me fazem lembrar  adolescentes ou outros como o amarelo que me fazem lembrar doenças estranhas.

E depois não gosto de ter mil e uns vernizes. Acabam todos por se estagar com uma ou duas utilizações, porque acabo sempre por usar os mesmos. Por isso prefiro apostar nos tons que gosto mesmo e usá-los ao máximo.

Já há muito que procurava O Vermelho. Acho que é uma cor muito feminina, que se adequa a todo o tipo de roupa e ideal para o trabalho. Depois de várias recomendações, experimentei o Gabriela da Risqué, e tenho a dizer que a cor é maravilhosa. Não é bordeaux, nem aquele vermelho vivo sangue. É a tonalidade certa, com muito brilho. Adorei.

Não posso dizer que tenha um verniz de eleição. Mas acho que os mais usados ultimamente vão ser este, o Inveja da Cliché e o Duna da Risqué. E vocês, têm algum verniz favorito? Que se possa dizer que é O verniz?

* Foto retirada do blog Confessions of a fashion girl

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Desabafo matinal


Sinto que estou a perder tempo precioso. Que estou a encalhar a minha vida num trabalho que deixou de me fazer feliz e de me motivar. Estou a menosprezar energia e capacidades preciosas. Não quero ser mal-agradecida, porque com o estado do desemprego sou uma privilegiada. Mas este trabalho tornou-se um fardo físico e psicológico. Já nada me motiva. Passo os dias ansiosa para que cheguem as 17h30, que tudo termine para chegar o fim-de-semana. Vivo por aqueles dois dias que passam a correr. Domingo, a pensar que vou voltar para aqui, fico triste e ansiosa.

Eu sei que tudo depende de mim, mas não consigo encarar uma mudança. Estou num estado tão letárgico que tenho poucas forças para procurar outro trabalho. E desempregar-me está fora de questão, seria um suicídio. Passo as semanas assim apática no trabalho. Preciso de ar fresco, de revigorar-me nas horas de expediente. A culpa também não é minha, os poucos projectos têm sido tão desinteressantes. Mas o resto da minha vida também não está a correr assim tão bem. O destino continua a bater-me na face, e eu continuo a dar a outra. Mas não sei até que ponto um ser humano tem forças e esperança para se levantar e cair, e levantar-se outra vez.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

(In)Justiça Materna


A Inveja é um sentimento mal visto pela sociedade. Isso porque associamos logo este sentimento a uma pessoa malvada que só deseja mal a outrem. Mas não, inveja pode ser simplesmente olhar para alguém e pensar «quem me der ter igual.» Simplesmente, sem maldade ou rancor. Acho que não é algo mau. Por vezes chegamos a definir mal Inveja, porque o que sentimos verdadeiramente é um sentimento de injustiça.

Esta semana a mulher de um amigo do meu marido, anunciou-nos a sua gravidez. Não me chamem má, egoísta ou invejosa, mas nem todas nascemos para ser mães. Não quero dizer que sou melhor que os outros, mas há mulheres que não nasceram para isso. E o que tenho vindo a ver é que elas costumam engravidar tão facilmente enquanto há mulheres com grande poder maternal que não o conseguem.

Quando nos anunciaram a boa-nova, ela foi categórica: «ai comigo não dá. Ele vai dar que se adaptar. Eu preciso das minhas oito horas de sono. Nem pensar em acordar de 3 em 3 horas para lhe dar de comer. Se for preciso vai passar os primeiros meses à casa da minha mãe». Férias, «nem pensar. não abdico das minhas férias sossegada em Tróia e das minhas viagens anuais a resorts mundiais. A avó que trate dele». «Amamentação nunca, e espero não engordar porque se ficar flácida eu vou culpá-lo para sempre». E outras pérolas do género, todas ditas com muito sentimento, e como se fosse o mais óbvio do mundo. E nós, mulheres que estávamos naquela sala, ficamos de boca aberta a pensar que justiça divina é aquela.