quinta-feira, 30 de junho de 2011

Da dor


«A dor é contagiosa. Dizem que estão tristes, mas quantos estão verdadeiramente prontos para ouvir os meandros da dor? Mostram-se solidários, oferecendo palavras e ombros de conforto. Desaparecem todos. Para os amigos, até os mais chegados, é como um filme triste: comove-nos sinceramente e sofremos e depois chega-se a um ponto em que já não se quer sentir mais essa tristeza, por isso deixa-se que acabe, e volta-se para casa. Só a família é obrigada a suportar».*

Será? Que pensam disso? Eu acho que tem alguma verdade. Sei porque já passei por elas dos dois lados da barricada. Mas, deixem, hoje estou azeda, negra, desesperada, cansada, assustada. Odeio sentir-me assim. Amanhã, será melhor. Ou não.

*Harlan Coben | Invasão de Privacidade

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Ai, vida


Os homens foram criados para trabalhar, caçar para alimentar a família e acasalar. Isto no tempo dos australopitecos. Passados estes séculos todos, pouco mudou na mente deles. Nós mulheres bem queremos amestrá-los e ensinar-lhes a arte das tarefas domésticas, mas é um esforço sobre-humano. O meu homem das cavernas, após muita insistência e paciência minha, lá começou a ajudar a custo e agora, após cerca de 4 anos de cohabitação, já faz por ele próprio. Não faz tão bem, nem tão dedicadamente, mas não me queixo para o incentivar.

Mas nas últimas semanas o homem tem sido do piorio. Aquelas mãos partem tudo! Estou a ponderar fazer-lhe um daqueles seguros para as crianças que só fazem asneiras. Em poucos dias, fiquei sem nenhum conjunto completo de copos, fiquei sem o melhor pirex, com a parede e um azulejo da sala manchada, etc. E tudo em circunstâncias bizarras. Contado ninguém acredita. A última? Há duas semanas comprei uma capa impermeável no IKEA para a nossa cama. Não foi barata porque era do tamanho maior. Sim, era. Porque o meu marido ao mudar a cama, julgou que cheirava muito a plástico e pôs-a no estendal a apanhar ar. Passado alguns minutos, a capa volatilizou-se. Sim, desapareceu. Assim do nada. Ele diz que usou molas. Inexplicável. O que sei é que fiquei sem capa, sem nunca a ter usado, e que vou ter que comprar outra.

Acho que preciso de ir à bruxa. É o homem que anda louco e eu com um azar descomunal. Depois de finalmente sentir melhoras da infecção gástrica, passadas mais de 3 semanas, a alergia voltou... Um pouco de sossego, sim?

terça-feira, 28 de junho de 2011

Em Junho...


Depois d´O Último Papa de Luís Miguel Rocha (5 Estrelas), estava ansiosa para ler mais um livro dele. Demorei até encontrar a Bala Santa. As expectativas estavam muito altas e por isso a desilusão foi maior. É um autor que mistura ficção e dados históricos. Mas para esta trama parece que o autor não tinha dados suficientes para cerca de 500 páginas e fez-os render numa confusão de actores, locais e sub-histórias. Não é um mau livro mas não recomendo. 
O livro anda à volta dos acontecimentos que estiveram por detrás da tentativa de assassinato ao Papa João Paulo II na Praça do Vaticano em 1981. Quem foram os verdadeiros autores do crime? O Último Papa é um livro fantástico, mas agora penso se não será porque David Yallop (que investigou o tema) fez muito do trabalho do Luís Miguel Rocha... Nota: 2/5

A medo peguei n´A Mentira Sagrada do mesmo autor. E este livro é fantástico! Lê-se num ápice, o tema interessante e bem construído, com suspense. Recomendo vivamente. O livro dá-nos a conhecer o Jesus histórico, questionando a sua crucificação, e outras descrições bíblicas, levantando contradições que nos obrigam a pensar. Para quem gosta do tema, não pode perder este livro. Nota: 5/5

O meu marido quer uma morte lenta e dolorosa


10h da manhã de sábado e o meu marido estava a preparar-me o pequeno-almoço (tem sido incansável nestas semanas em que tenho estado doente). De um momento para o outro, vejo-o junto a mim aos pulinhos de alegria, tal chimpazé picado por uma mosca tzé-tzé. E erram berros de alegria, e gesticulava os braços. Eu, incrédula, fiquei a olhar para ele: mas qual seria o motivo de tanta alegria espontânea? O Benfica não ganhou, o euromilhões não nos saiu, então... porquê?

Percebi que eu era o motivo da chacota quando começou a apontar para mim todo feliz: acho que foi a primeira vez em tantos anos que lhe vi um sorriso tão franco e tão aberto e uma gargalhada tão sentida. E foi ouvi-lo berrar a plenos pulmões: «Tens um cabelo branco!! Que bom!! Olha o cabelo branco»...

O pobre ainda não deve saber que há sinais do tempo para os quais as mulheres nunca estão preparadas. Eu até já sabia da existência do meu pequeno cabelo branco. Mas tanta alegria? Vai pagá-las, vai. O pobre só gosta de partilhar tudo, como bom romântico que é, pois já tem brancas desde os 18 anos... Até ando a tentar convencê-lo que daqui a nada vai ter que pintar o cabelo. Infelizmente, os amigos já lhe disseram que isso seria demasiado gay, por isso recusa-se.

Nem quero imaginar a reacção quando me aparecer a primeira ruga ou a menopausa. Dá-lhe um colapso de tanto riso. Se não der cabo dele antes...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

[sem título porque não me apetece pensar...]


Gosto de praia. Mais no inverno do que no verão, porque gosto de usufruir da paz que a praia me traz. A serenidade, o som das ondas e aquele cheiro fantástico. E o silêncio. Coisa impossível de ter em pleno verão, nas praias da linha. Para além de não gostar de pessoas aos berros, de me atirarem areia para cima, de lixo pelo areal fora, há uma coisa que me deixa cheia de urticária. Qual a necessidade de as pessoas se exporem em demasia? 

São as crianças e bebés totalmente nus. Qual a necessidade? A criança estará igualmente confortável se tiver uma cuequinha de banho. Será que as pessoas não têm noção que hoje em dia qualquer um tem telemóvel com máquina fotográfica? E que as fotos vão muito facilmente parar a net? E que mexer no photoshop pode ser uma brincadeira de criança? Não, eu é que sou paranóica.

Depois são as beldades da praia (quando o são). Bato palmas pela auto-confiança que as mulheres têm para fazerem topless assim no meio da multidão. Eu não sou propriamente pudica, mas tenho decoro. Cada coisa no seu lugar. Também não gosto de marcas de biquinis, mas para topless e afins que o façam em praias próprias ou mais afastadas da muldidão. E as tangas na praia. Mais uma vez, não era capaz de usar. Para mim é demasiado exposição. Estou bem com o meu corpo, mas continua a haver coisas para a minha esfera privada e outras para a pública. O que não percebo é o porquê de ver mulheres de biquinis/ tanga nas vilas junto das praias. Há mais de 3 km do areal. Usar tanga na praia sim mas depois, ao sair, veste-se uma saia, calções, etc. Uma pessoa de biquini fora da praia perde toda a noção do saber estar. E não gosto de estar a escolher fruta num supermercado ou de lanchar junto de uma cueca reduzida ambulante.

Tudo fica bem dependendo da hora e do local...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O livro da minha vida



A vida é um livro. E as pessoas têm diversas atitudes para com os livros. Há quem gosta e viva de aparências: querem uma capa bonita, atraente, que atrai os olhares dos outros, mesmo que a essência dele seja pobre e desinteressante. Há quem prefira investir tudo na qualidade do tempo gasto em percorrer milhares de linhas. Há quem encoste o livro da sua vida numa estante, perdido, e sem aproveitamento. Passam os dias sem usufruir da beleza da vida. E outros que cuidam do seu Livro com um tesouro. Cuidam dele, protegem-no de agressões exteriores. O Livro acompanha-os por todo o lado. Leiam atentamente cada palavra. Bebem cada emoção, tirando o maior proveito dela. Porque sabem que o livro tem fim. Mas sabem que quando chegarem ao fim, terão sabido gozar o melhor da vida. Sem remorsos. Felizes. E em paz.

A nossa vida é um livro. Podemos voltar atrás e reviver as nossas mais belas memórias. Podemos voltar a página em momentos mais marcantes. E podemos simplesmente iniciar um novo capítulo. Estou ansiosa por um novo capítulo na minha vida, que poderá marcar, quem sabe, um novo volume, uma sequela ainda mais emotiva e feliz.

Confuso? Nem por isso. Torcem só esses dedinhos por mim!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Virada para a Lua



Às vezes pergunto-me porque é que há pessoas com uma vida tão facilitada: os seus projectos de vida desenvolvem-se sem grandes percalços, sem grandes preocupações. E há outras em que tudo é uma luta constante, uma sequência de reviravoltas e surpresas desagradáveis. Será destino? Será que está tudo traçado na nossa vida? Mas eu acredito que toda a gente é dona do seu próprio destino: cada decisão, cada acto conta para o futuro. Mesmo que por vezes haja uma entidade externa que ajude, a quem alguns lhe chamam sorte, coincidência, e outros Deus.

Mas sendo assim, pergunto-me: que terei eu feito para merecer esta história de vida? Não peço sucesso, não peço fama, não peço riqueza, ..., só peço saúde. Para mim e os meus. Só. Só pedia que o destino me afastasse uma temporada de tudo o que é médicos, exames, tratamentos e suspeitas de tumores. Francamente estou cansada. Tenho o peito cheio de fé e força para o que der e vier. Não tenho medo, porque sei que vai correr bem. Mas não é justo. Viver-se assim em sobressalto, sem paz. Mas nunca irei baixar os braços, porque o que mais ganhei nos últimos tempos foi força.

Alguém me disse que a infelicidade das pessoas se prende com o facto de não pensarem no importante: o presente. As pessoas vivem presas ao passado e angustiadas no futuro. E não vivem o presente, onde podemos ser felizes.

Acho que estou a criar um monstro dentro de mim, com muita raiva a classe médica. Nomeadamente aqueles senhores que se julgam superiores mas que erram à custa do bem mais precioso das pessoas. Era capaz de não sei o quê para destronar aqueles profissionais do Centro Hospitalar do Nordeste. Calada não fico, mas é pena que não adiante nada.

Sim, a minha mãe saiu hoje de uma consulta no privado onde lhe queimaram o lábio inferior por causa de uma ferida que tem há mais de 2 anos. Se não curar, segue para cirurgia. Pode ser sinal de algo ruim... Sim, a minha mãe está a ser seguida no público há mais de 2 anos, onde lhe disseram que era cieiro...

* A merd* do Blogger não me deixa postar imagens ou desconfigura-me tudo. Maldito!

terça-feira, 21 de junho de 2011

3 anos


Hoje poderia dizer muita coisa. Que celebramos as nossas Bodas de Trigo. Há 3 anos estava neste momento a preparar-me para subir ao altar. Foi um dia mágico, fantástico. Uma celebração do amor junto de quem mais amamos. Desde daí, nem sempre tudo tem sido fácil, mas o amor é assim mesmo. Uma conquista diária. Mas hoje estou um pouco triste, desiludida com ele. Depois de mais de cinco anos de serviço, ainda não consegue deixar a farda à porta de casa. Têm sido dias duros. O ambiente está eléctrico lá por casa. Mal se pode respirar que ele rebenta. Por isso as celebrações deste ano ainda são uma incógnita... Cheira-me que vou celebrar o meu casamento num serão de solteira: sofá, séries e snacks... O Amor é Lindo! [tem dias]

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Filho é ADN ou Amor?


Desde sempre a adopção fez parte dos meus planos. Ao longo dos anos amadureci este projecto de vida, e hoje espero poder adoptar uma criança, além de ter um filho biológico. Existem tantas crianças no mundo a necessitar de amor, porque não lhes dar uma oportunidade? Respondem-me que adoptar é difícil, que nunca sabemos o feitio que a criança vai ter, os seus traumas, os problemas de saúde genéticos que pode ter. Não sei se estarei errada, mas um filho biológico também é um bilhete de lotaria, a um nível diferente certo, mas não deixa de ser uma surpresa. Pode sair de nós, dos nossos genes, mas uma criança é mais do que um banco biológico. Nunca sabemos a pessoa em que se vai tornar um filho biológico, apesar do nosso amor e da educação que se lhe incute. Tenho noção que educar uma criança adoptada é difícil, mas educar uma biológica também o é. Tantos casos de vagabundos filhos biológicos de pais extraordinários...

E depois é um contrasenso. Se adoptar uma criança é uma dor de cabeça, porque é que a sociedade (as mães biológicas) tendem, mesmo que inconscientemente, a fazer as mães adoptivas sentirem-se «menos mães»? Segundo os próprios argumentos não deveriam ser mães de coragem?

E depois tenho aversão a que me digam «nunca se pode amar um filho adoptado como se ama um que sai de nós». Percebo que é carne da nossa carne, sangue do nosso sangue, fruto de um amor incondicional entre um homem e uma mulher. Por isso mesmo gostaria muito de ter um filho biológico. Mas o amor vai além disso. E não me digam que digo isto por nunca ter sido mãe. Porque a relação de amor que nos une não advém do sangue, mas do companheirismo, da amizade, da união. Se não, nunca ninguém iria amar de verdade o seu companheiro. Esta questão faz-me lembrar uma parábola de Jesus que dizia «é fácil amar os seus, difícil é amar os seus inimigos». Pois, é fácil amar o ser que nos sai das entranhas. Difícil é amar um ser perdido, fruto de outro amor, sangue de um desconhecido. O amor (entre pais e filhos, entre homem e mulher, ...) é algo superior. E acredito que o amor incondicional não esteja acessível a qualquer um de nós...

* Escrevi este post a pensar muito na minha vivênvia mas também num casal amigo que já luta há mais de 10 anos para engravidar: tratamentos dolorosos, tentativas falhadas, economias e créditos gastos, etc. Mas não seguem para adopção por causa da família e amigos que são apologistas deste tipo de conversas...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Desejos


Este fim-de-semana o marido tem daqueles horários complicados em que qualquer tentativa de vida social a dois ou planos são impossíveis. Mas ter pouco tempo, não significa que o tempo não seja de qualidade! Por isso quero dormir até tarde (= além das 7h30), namorar,  tomar pequenos-almoços de reis na nossa pseudo-varanda, descansar, ler, quem sabe umas horas de praia e momentos a sós. Vou tratar de mim e descansar. Só isso. E vou ser tão feliz, assim sem pressas, sem planos rígidos. Descansar ao sabor do tempo. Esperando que nada nem ninguém (principalmente entidades superiores) me estrague os planos...

Bom fim-de-semana!

Pelos cabelos


Estou farta. Todos os meus problemas se resumem à minha magreza. Se fico doente da cabeça, é porque estou magra. Se me doem as costas, é porque não me alimento bem. Se estou cansada do trabalho, é porque não como o suficiente. Qualquer dia tenho uma unha encravada, e a culpa é da alimentação. Estou cansada da ladainha: "Não estarás anorética? Pois mas os anoréticos dizem todos que não o são... Vi uma na televisão a semana passada..." É a maneira mais simples de me levar aos meus limites: e esses não são bonitos. Se nunca fui de fazer boa cara quando as pessoas estão a ser desagradáveis, agora ainda consigo ser menos diplomática perante certas situações. Principalmente porque agora a nova moda é «um dia queres ter filhos e não podes, porque estás esquelética», sendo que estas pessoas não me vêem comer, e não sabem do meu problema.

Com os gordos as pessoas são mais diplomáticas. Podem dizer delicadamente «estás mais cheiinha, não?», ou limitam-se a um olhar mais perscrutador. Aos magros é logo um «estás MAGRAAAAAAAAAAAAAAAA», alto e bom som, como se a pessoa estivesse cadavérica, em fim de vida, atinginda por uma doença letal. Sim, ser magro é frustrante. As pessoas são mais recatadas perante a gordura. Os magros sofrem. Mas se eu engordasse de certeza que me iriam chatear logo a dizer para ter cuidado. Ou então iriam supor que fui finalmente para a Ramada, como uma pessoa de família já me propôs. Para vossa informção tenho 51 quilos por 1.63, há três anos sem variações...

Não sei se as pessoas têm receio de criticar os mais gordos, como quem diz, isto é uma maleita que ainda me pode atingir, por isso deixa-me estar caladinho. E então não se abstêm de tecer comentários menos apropriados aos magros, porque sabem que estes representam os seus sonhos inatingíveis...
Já sabem, se desaparecer sem pré-aviso, é porque me internaram à força num centro de reabilitação.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ser feliz


E o que é a felicidade? Há muitos sentimentos difíceis de explicar por palavras: o amor, as saudades, ..., mas se há um conceito ambíguo é o da felicidade. Todos vivemos em sua busca. E cada um a encontra em lugares distintos: no dinheiro, na roupa, no amor, no sorriso dos filhos, etc. É um conceito moldável. Eu não critico as pessoas que encontram a sua felicidade nos bens materiais, só tenho pena delas, porque sou uma beneficiada por a Vida me ter mostrado o que realmente é importante. Mas não os critico. Todos nós, em momentos da nossa vida, sentimos tamanha felicidade na compra de um bem material. Quem disser o contrário, mente. A felicidade é um estado de espírito. Vai para além de estar a sorrir ou ter alegria. Felicidade é ter paz, é saber ver o lado bom da vida mesmo quando tudo é negro, porque tudo podia estar pior. Não sei se me consigo fazer entender...

Quando digo que sou feliz, há quem me responde «como podes ser feliz se dizes que amavas tanto o teu pai e ele partiu?». A morte do meu pai deixou um vazio e uma dor tremenda. Para sempre. Há dias em que choro até ao limite. Mas por ele, não posso ser infeliz. Tenho que lutar e construir a minha vida. Senão, a vida dele teria sido em vão. Ele fez tudo para eu ser feliz. Não posso agora destruir o que ele fez por mim.

E depois há quem me diga: «mas como és feliz se podes nunca ter filhos». Pois, se tal se concretizar vai ser uma mágoa para o resto da vida. Mas também não é motivo para deixar de ser feliz. Não me posso permitir chorar a minha sorte. A vida é demasiado curta para isso. É uma porta que se fecha, mas há outras tantas vias para ser feliz. Nem todos podemos alcançar o mesmo. É injusto, mas condicionar a minha felicidade por isso não vai mudar nada. Quero tirar o maior proveito da Vida. Por isso, mesmo nos piores momentos da minha vida, quando me perguntam como vou digo «bem». Não gosto de me queixar. Só aqui é que me revelo na totalidade, afinal este é um diário partilhado...

A felicidade está dentro de nós. É só uma maneira de olhar a vida. Está ao nosso alcance. E acreditem que não é utopia nenhuma...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vidas trocadas


Desconfio sempre das pessoas que estão demasiado bem para com a vida. Que teimam em dizer a toda a gente o quanto são felizes, o quanto estão bem. Têm a relação perfeita: o marido é o melhor das redondezas, ajuda em casa, estão loucamente apaixonados e fazem amor duas vezes por dia. E os filhos, claro, são os mais belos, inteligentes e mais bem educados do mundo. Desconfio sempre destas pessoas que têm uma vida demasiado perfeita...

Não é inveja, mas não acredito que a vida nos sorria sempre, todos os dias. Se calhar é atitude positiva. Esta gente encara a vida da melhor forma. E eu sou uma ressabiada que estou habituada a levar purrada da vida. Ou então estou consciente do que está mal: nem todos os dias são fáceis na nossa vida a dois, apesar de estarmos apaixonados como nunca; as crianças nunca são perfeitas; é difícil estar a 100% satisfeita com o trabalho, todos os dias, etc. A minha vida poderia ser diferente e claro que aspiro a sonhos maiores. Mas é perfeita na sua imperfeição. Desde que tenha saúde, o resto é acessório. Mas admito o que está menos bem.

Se por um lado, há pessoas que passam a vida a queixarem-se de tudo e nada, outras fazem questão de exacerbar a sua felicidade. O mais irónico é que no primeiro caso, generalizando, as pessoas até nem têm grandes razões de queixa: têm tudo para serem felizes. No segundo caso, os hiper-felizes e a bem com a vida, divorciam-se, têm maridos com amantes, filhos com problemas escolares, etc. 

Estas pessoas são como livros. Nos dias de hoje, só temos tempo para olhar para a capa que nos transmite muitas vezes sensações erradas. Se pegarmos no livro e perdermos tempo a ler algumas páginas, aí sim descobrimos a verdadeira essência das pessoas...

terça-feira, 14 de junho de 2011

O meu cantinho...

Este é o meu lugar. O lugar que viu nascer os meus pais. A terra que eles trabalharam juntamente com os seus, antes de partir em busca de novas oportunidades. É a terra que me acolheu com 16 anos. É a terra que me fartei de maldizer, mas que hoje amo com todas as minhas forças. É a terra onde vou buscar as minhas forças e seiva para enfrentar a vida. É uma terra esquecida por muitos e desconhecida por outros tantos. É uma terra com paisagens únicas, onde se come maravilhosamente bem (a bela da alheira, a feijoada à transmontana, ...), e onde o povo é tão acolhedor! Temos tudo num único distrito: tradição, spas, natureza, sol, paz, praias fluviais, etc. O que estão a espera para ir conhecer esta nossa terra?






Continuo um pouco adoentada, mas fez-me muito bem ir passar estes dias com a minha mãe. Há que aproveitar quem amamos enquanto podemos. E um dos melhores momentos do fim-de-semana? Um lanche que fiz em mulheres com a minha mãe, uma tia e uma tia avó de 96 anos! Com toda a sua capacidade física e psicológica. As conversas foram fantásticas! Eu sei, eu sei, eu fico feliz com pouco... 
Boa semana para todos!!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O melhor...


... da semana é a chegada de um fim-de-semana, ainda por cima prolongado! Ainda estou tonta da cabeça, o que me incomoda muito. Há anos, quando me queixava de dores abdominais constantes, os médicos diziam-me que era da cabeça, que era psicológico. Agora queixo-me da cabeça e dizem-me que é da barriga: acho que preciso mesmo de uma consulta no Júlio de Matos...

Ainda pensei em desistir, mas esta noite rumo a Vila Flor, passar uns dias em casa da mãe. Os mimos da mãe têm sempre um sabor especial. Só espero não ficar pior, porque se os médicos de Vila Franca são maus, os de Vila Flor são uns verdadeiros carniceiros...

As emoções por cá andam à flor da pele. Bastou a minha mãe dizer-me ao telefone que tinha feito uma tarte de moras, que as lágrimas saltaram descontroladas, borda fora. Não consegui controlar. Vieram-me à cabeça, sem piedade, todas aquelas memórias do meu pai junto à moreira dele, todo orgulhoso, a mostrar-me os frutos vermelhos. E de quanto ele amava tarte de mora. E no Domingo quando entrei nas Urgências de Vila Franca, as pessoas deviam ter pensado que eu era uma menina grande mimada. Mas entrei em pânico. Há quase um ano que não entrava em Urgências hospitalares: aquele cheiro, aquele movimento, aquele senhor de cabelo grisalho deitado na maca, trouxeram-me à memória imagens demasiado vívidas, demasiado cruéis. Chorei compulsivamente... Há dias assim, em que um cheiro, um desconhecido no metro, uma comida, ..., nos transporta para momentos felizes: até podemos esboçar um sorriso mas as saudades são tantas que as lágrimas teimam em escorrer cara abaixo, para nos lavar a alma...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Abril/ Maio

Nestes dois últimos meses, as leituras não foram tantas em quantidade, mas foram muito boas. Para quem ainda não leu os dois volumes do romance histórico Mundo Sem Fim de Ken Follett que não perca esta oportunidade: o 2º ainda é melhor do que o 1º. A trama passa-se na época medieval, em 1327, e dá a conhecer a história de quatro crianças e da sua aldeia. Estas quatro crianças presenciam a morte de dois homens por um cavaleiro. Três delas fogem com medo, ao passo que uma se mantém no local e ajuda o cavaleiro ferido a recompor-se e a esconder uma carta que contém informação secreta que não pode ser revelada enquanto ele for vivo.... Recomendo vivamente!


Sempre no registro de Ken Follett apostei de seguida no Homem de Sampetersburgo. A I Guerra Mundial está eminente e um homem vindo da Rússia poderá mudar o rumo da história. Não é um livro de espiões como estamos habituados: conta muito dos meandros da sociedade aristocrática, paixões e histórias familiares. Suspense até ao fim. Muito bom mesmo. Estou decidida a ler todos os livros deste autor: já li alguns e nenhum me desiludiu até agora.

Alguém que queira partilhar sugestões de livros a não perder??

Fútil ou não, eis a questão...


Quando se fala em mulheres, aquestão da futilidade vem muito à baila. Às vezes pergunto-me se essa questão não é levantada por pessoas ressabiadas, a mal com a vida, com baixa auto-estima, e com alguma inveja da beleza e classe de outras mulheres... Mas que há exagero há. As mulheres têm que cuidar de si, mas quando é que se cai na futilidade e no exagero? A partir de quantos pares de sapatos? Ou de que quantia de dinheiro gasto em roupa por mês? Ou quantas idas ao cabeleireiro/ esteticista por semana?

É tudo relativo. Depende de caso para caso. Se uma mulher tiver poder de compra, e por exemplo, não tiver ainda filhos/ marido nem encargos com a casa, e  trabalhar, o que a impede de gastar o seu dinheiro em coisas que a fazem feliz? Se pode, porque não? Não deve nada a ninguém. Eu diria que a futilidade está nas prioridades. Não sou muito adepta de blogues de moda, porque tudo me soa demasiado irreal e fora do meu contexto. Mas há algumas excepções, como é o caso do Labels, Love and Gossip Girl, com a Xana a fazer-me repensar muitas vezes os meus pontos de vista.

Ser fútil depende das prioridades que nos fixamos. Fútil é comprar e abusar de maquilhagem de grandes marcas, quando não aplicamos sequer um único creme hidratante. Fútil é ter mais de uma centena de sapatos no closet mas ter os dentes podres porque não nos podemos dar ao luxo de ir ao dentista. Fútil é ter a nova colecção da Zara, mas descurar a alimentação porque o dinheiro não dá para tudo. Fútil é vestir os filhos na Petit Patapon, Chico e companhia, mas não apostar na educação deles. Acho que já deu para perceber onde quero chegar.... E vocês, quando é que acham que caimos na futilidade?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

De molho

Estou ausente pelos piores motivos... Domingo de manhã, fiquei doente de repente. Dores abdominais e tonturas que me fizeram sentir como nunca me senti. Domingo passado nas urgências de Vila Franca de Xira, e a lição que tirei foi nunca mais lá ir. Saí de lá com um diagnóstico. Hoje, como não estava melhor, mesmo depois da dose de cavalos que me deixou totalmente drogada, fui ao médico de família, agora com diagnóstico totalmente oposto. Espero que melhore e que a medicação comece já a fazer efeito, porque senão nem quero imaginar como vou trabalhar amanhã...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O que é verdade hoje, não o é amanhã...


Neste mundo da moda tudo é efémero e cíclico. Quando por acaso uma amiga me diz «olha aquela moiça o que tem vestido», com uma cara de horror, costumo responder «cala-te que daqui há dois anos é moda e toda a gente vai gostar»!

A verdade é que o que era piroso, falta de bom gosto há alguns anos, tornou-se in. Antigamente podiam gozar conosco por adoptar certos estilos, ou até nós torcíamos o nariz perante algumas barbaridades, e agora toda a gente usa o mesmo!

  • Meias com sandálias. Era do mais foleiro. Quase nada podia ser pior do que isso. Lembra-me aquele homens que usam meias brancas com raquetes com chinelos e calções. Hoje é fashion...
  • Mistura de cores. Francamente, quem é que se lembraria de combinar rosa com vermelho? Pois, há uns anos, se saisse à rua com cores e mais cores, seria apelidada gentilmente de arco-iris ou algo ainda mais fofo (para não dizer louca)... Era ouvir toda a gente «mas esta não tem espelho em casa?». Mas hoje é totalmente normal....
  • Calças dobradas no fundo. Lembro-me de em criança/ adolescente usar assim as calças e perguntavam-me sempre se eu ia à pesca... Hoje continuo a usar, mas já ninguém ousa dizer nada...
  • Leggings, ou seja, meias, sem calças. Se fosse há uns anos era atentado ao pudor (principalmente as mulheres que estão muito acima do seu peso normal), o mulherio era considerado de desavergonhado. Hoje é totalmente normal usar uma tee-shirt curta, que mal chega às ancas, com leggins que deixam antever a racha do cu e à roupa interior do dono. Já deu para perceber que não gosto do efeito, não é?
  • Meias rotas. Antes era um problema grave para qualquer mulher que usasse collants. Era um fantasma que pairava constantemente no ar. As mulheres saíam precavida para disfarçar ao máximo um buraco que pudesse surgir. Ah hoje é moda: quantos mais buracos, melhor!
  • As socas. Antigamente era campónio usar-se socas. Tal Heidi, eram ideais para quem andasse no campo a tirar leite às vacas. Hoje há quem usa com outfits elaborados, no trabalho, na cidade, enfim, em todo o lado...
Às vezes imagino os modistas a reunirem-se numa sala em segredo a fazer complot sobre as tendências do ano, a ver até onde às pessoas são capazes de ir para seguir à moda... Se não, lembre-se: nunca critique alguém com vestimenta esquesita: não são pirosas, são avant-garde!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Inveja


Quem disse que a Inveja é uma coisa Feia?

Essa pessoa não conhece certamente este lindo verniz da Cliché - Inveja. Estou completamente in love pela cor (entre um rosa cereja e roxo). O verniz é bem brilhante e parece ter uma boa durabilidade: coloquei no domingo à tarde e hoje, quinta, ainda não dá sinal de lascar, e o brilho mantém-se inalterado. Custou-me 1€ por isso acho que vale muito! O ideal é pôr três camadas. 
Mais uma prova de que não é preciso grandes investimentos para andar arranjada e com as unhas lindas!

Complot moderno


Há dois dias fui ao Jumbo fazer compras de frescos. Estava muita gente à volta dos morangos: havia embalagens de morangos portugueses e outros espanhóis, todos juntos. E toda a gente estava a ver quais eram os portugueses porque se recusavam a comprar produtos espanhóis por causa dos malditos pepinos.

Sem ser uma especialista, mas do que li sobre o assunto, a doença em questão é causada por uma bactéria transmitida por fezes animais. Sempre existiu e normalmente a maioria das pessoas quando entra em contacto com a bactéria, não desenvolve problemas nenhuns. Os mais sensíveis, como idosos e pessoas com o sistema imunitário em baixo é que podem ter mais problemas. Basta lavar bem os legumes, esfregando com a mão, descascá-lo ou cozê-los.
Desde que sou criança oiço os agricultores nacionais (portugueses e franceses) a queixarem-se dos produtos espanhóis, que lhes fazem concorrência desleal. Pois a mim parece-me que esta farça dos pepinos não é mais do que uma maneira de fazer com que os consumidores deixem de consumir produtos espanhóis e passam a comprar frutas e legumes locais. E parece que está a funcionar!! Quem é que acredita que a bactéria alojou-se só no pepino? E só espanhol? e que um doente que come normalmente e passado três dias se acha doente, se vá lembrar que foi do pepino, e que era precisamente espanhol? Pois, não me parece!

Acho que é uma maneira de boicotar produtos de Espanha. Ou então estamos a assistir à revolta dos alimentos, num filme de terror barato: depois das vacas, dos porcos, das aves, dos coelhos, dos peixes e agora dos pepinos!!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Há que aproveitar!





Com 40% de desconto, acho que vou acolhê-los de bom grado lá em casa!
 

Certo ou errado?


A revisão da Lei do Aborto sugerida por Passos Coelho deu muita polémica. Antes de falar, tenho a dizer a minha opinião sobre esta Lei, para deixar bem claro o que penso. Sou totalmente a favor da legalização do aborto, mas votei contra no referendo. Contradição? Eu não acho. Acho que Portugal não estava preparado para uma Lei destas. Não se contrói uma casa pelo telhado, por isso antes da legalização do Aborto (que considero uma última opção, quando tudo falhou), haveria que consciencializar a população, havia que apostar em educação sexual pura e dura nas escolas (eu fui criada lá fora por isso sei do que falo). Deixar bem claro que o aborto é um último recurso depois de uma contracepção regular, e porventura de emergência. 

A Lei do Aborto previa uma análise ponderada ao fim de 2/3 anos, o que não aconteceu. Fico contente de ver que diminuiram 80% das urgências inerentes a abortos clandestinos. Mas choca-me e revolta-me saber que houve uma percentagem jeitosa de mulheres que fizeram cerca de 8 abortos num ano. E sem falar nas questões morais e éticas, falo dos meus impostos. Sempre cumpri as minhas obrigações para com o Estado. Hoje vejo os meus impostos dirreccionados para alguns abusos na saúde, como abortos que não são regulamentados. E quando foram retirados apoios aos tratamentos de infertilidade, por exemplo.

Sou contra outro referendo ao Aborto. Sou contra a anulação da Lei. Sou sim a favor de FISCALIZAÇÃO. Promover a contracepção (aborto não é contracepção). Implicar um limite de abortos comparticipados por mulher (não aos abusos)! Acho que o verdadeiro problema de fundo do nosso país se resume a uma palavra: falta de fiscalização: na saúde, nos dinheiros dos fundos europeus à agricultura, às obras públicas, aos horários de trabalho dos médicos, etc.

A Lei do Aborto sim, mas com consciência... Só pode haver liberdade, com responsabilidade.